Na segunda temporada de Os Anéis de Poder, episódio 7, Sauron afirma em conversa com Celebrimbor que seu mestre, Morgoth, o torturou para forçá-lo à servidão, o que teria sido o início de seu caminho em direção ao mal. Essa alegação levanta uma questão importante: Morgoth realmente torturou Sauron? Embora a história pareça convincente, a complexidade da relação entre os dois personagens e o contexto da obra de J.R.R. Tolkien indicam que a verdade pode ser diferente.
A natureza de Sauron e sua relação com Morgoth
Sauron foi criado como um Maia por Eru Ilúvatar, o criador supremo no universo de Tolkien. Seu propósito inicial era auxiliar os Valar na administração do mundo. Morgoth, um dos Valar mais poderosos, se rebelou contra Ilúvatar, e Sauron acabou se unindo a ele, servindo como seu mais fiel subordinado durante a Primeira Era. Após a queda de Morgoth na Guerra da Ira, Sauron começou a tramar seus próprios planos de conquista. A conexão entre os dois personagens, portanto, remonta a um longo período, e Sauron foi por muito tempo o principal executor das vontades de Morgoth.
No entanto, a alegação de que Morgoth teria forçado Sauron à servidão por meio de tortura parece inconsistente com o que se conhece sobre a relação entre eles. Não há indícios nos escritos de Tolkien que apoiem essa versão dos fatos. Embora Sauron seja um mestre da manipulação, seu mal não foi resultado de coação, mas de sua própria natureza e desejo de controle sobre a Terra-média.
A verdade por trás da afirmação de Sauron
Sauron, ao longo das obras de Tolkien, é descrito como um ser que caiu em desgraça devido à sua própria ambição. Ele não foi forçado a seguir Morgoth, mas sim se aproximou dele por compartilhar sua visão de poder. Em O Silmarillion, por exemplo, Sauron é descrito como o mais confiável e eficaz dos servos de Morgoth, recebendo o título de capitão-chefe e o controle sobre a fortaleza de Angband. Essa posição de confiança sugere que sua lealdade a Morgoth era voluntária, e não fruto de uma suposta tortura.
Além disso, em uma passagem de O Silmarillion, Sauron fala a Ar-Pharazôn, último rei de Númenor, referindo-se a Morgoth como “Senhor de Tudo” e “Doador de Liberdade”. Essas palavras dificilmente seriam ditas por alguém que foi torturado para servir. Sauron, em sua essência, buscava poder e ordem, e via na aliança com Morgoth uma oportunidade de concretizar seus próprios objetivos.
Sauron e a tentativa de humanização em Os Anéis de Poder
A série Os Anéis de Poder parece estar explorando uma abordagem diferente ao apresentar Sauron. Ao sugerir que ele foi torturado por Morgoth, a série tenta tornar Sauron um personagem mais complexo e, de certa forma, mais humano, algo que é frequentemente apreciado por audiências modernas. No entanto, essa abordagem diverge da visão original de Tolkien, onde Sauron é um ser de pura maldade, guiado por sua própria ambição.
Embora seja legítimo explorar novos ângulos narrativos, a tentativa de humanizar Sauron por meio dessa alegação de tortura parece ignorar a complexidade que já existe em suas motivações. Sauron não precisava ser forçado a seguir o caminho do mal. Sua queda foi consequência de seus próprios desejos distorcidos e de sua visão de uma Terra-média controlada por sua ordem, e não de uma suposta coerção violenta.
Se passando milhares de anos antes dos eventos de O Hobbit e O Senhor dos Anéis, a série ocorre durante o período conhecido como a Segunda Era da Terra Média, mostrando a ascensão de Sauron ao poder e a criação dos Anéis do Poder. A produção foi criada por J. D. Payne e Patrick McKay com base na obra de J. R. R. Tolkien.
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