Lançada pela HBO Max, It: Bem-Vindos a Derry chegou cercada de expectativa e já no primeiro episódio deixou os fãs intrigados. Ambientada em 1962, exatamente 27 anos antes dos acontecimentos do filme “It: A Coisa” (2017), a produção mergulha nas origens do mal que assombra a pequena cidade de Derry.
Mas, entre sustos e mortes, um detalhe curioso chamou a atenção dos espectadores mais atentos: as tartarugas. Elas aparecem diversas vezes ao longo do episódio de estreia e, longe de serem coincidência, têm um profundo significado dentro do universo literário de Stephen King.
Os easter eggs de “Bert the Turtle” e o amuleto da sorte
Logo nos primeiros minutos, a série apresenta o estudante Matty (Miles Eckhardt), um garoto que tenta fugir de casa e acaba protagonizando a primeira tragédia da trama. Depois de seu desaparecimento, o enredo salta alguns meses e acompanha a rotina da jovem Lilly (Clara Stack), aluna do colégio de Derry.
É nesse ambiente escolar que surgem os primeiros indícios da simbologia. Na fachada da escola, um letreiro exibe o aviso: “Bert the Turtle says: Duck and Cover”. A frase remete a um antigo comercial educativo da década de 1950 sobre segurança nuclear, estrelado por uma tartaruga animada. Dentro do colégio, o mesmo mascote aparece novamente em um estande com o tema “Segurança Nuclear”, e um estudante vestido com uma fantasia de tartaruga completa a cena.
Mais adiante, um novo detalhe reforça a importância do animal: em um flashback, Matty e Lilly compartilham uma caixa de Cracker Jack, e cada um encontra um prêmio diferente. Ele tira um pequeno amuleto em forma de tartaruga, que decide dar à amiga. Lilly, por sua vez, acredita que o objeto traz sorte e passa a usá-lo preso à sua pulseira. É significativo notar que, após o massacre ocorrido no cinema, ela é a única sobrevivente entre os colegas, algo que muitos fãs já relacionam à “proteção” da misteriosa tartaruga.
Maturin, o deus-tartaruga do multiverso de Stephen King
A repetição dessas referências não é gratuita. Elas apontam para Maturin, uma entidade cósmica criada por Stephen King e mencionada em diversos de seus livros, como It e A Torre Negra.
De acordo com o autor, Maturin é uma criatura ancestral que ajudou a dar forma ao universo: ele teria “vomitado” a realidade em um acesso de enjoo, e desse ato surgiram tanto o mundo conhecido quanto It, o ser maléfico que mais tarde assumiria a forma do palhaço Pennywise.
Enquanto Pennywise representa o caos, o medo e a destruição, Maturin simboliza a sabedoria, a harmonia e a criação. Ele é descrito como um dos guardiões das forças que sustentam o universo e, em It: A Coisa, chega a oferecer orientação espiritual às crianças do Clube dos Perdedores.
Nos livros, Pennywise chega a se referir a Maturin como seu “irmão”, reconhecendo-o como uma das poucas entidades capazes de enfrentá-lo.
O que a série pode estar preparando
Apesar da relevância de Maturin na mitologia de Stephen King, o personagem nunca apareceu nas adaptações anteriores. Tanto o filme de 1990 quanto os longas dirigidos por Andy Muschietti em 2017 e 2019 apenas incluíram pequenas alusões à tartaruga, em brinquedos, desenhos ou comentários sutis.
No entanto, It: Bem-Vindos a Derry parece seguir um caminho diferente. A frequência e a centralidade dos símbolos no primeiro episódio indicam que o deus-tartaruga pode finalmente ser apresentado na tela, consolidando a conexão entre o universo de “It” e o de “A Torre Negra”.
O próprio Muschietti já havia comentado em entrevistas que a série buscaria expandir o “macroverso” de King, termo usado para descrever o conjunto de mundos interligados em suas obras. Se Maturin realmente aparecer, será a primeira vez que o público verá representada uma das forças cósmicas que regem essa mitologia.
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