J. Robert Oppenheimer, conhecido mundialmente como o “pai da bomba atômica”, teve uma vida marcada por altos e baixos após o fim da Segunda Guerra Mundial. Embora o filme Oppenheimer, de Christopher Nolan, foque principalmente no desenvolvimento do Projeto Manhattan, muitos espectadores ainda se perguntam o que aconteceu com o físico depois que a bomba caiu sobre Hiroshima e Nagasaki. A resposta revela uma trajetória complexa, que envolveu influência científica, enfrentamentos políticos e, por fim, um amargo afastamento dos centros de poder.
Diretor em Princeton: um novo capítulo acadêmico
Em 1947, dois anos após o fim da guerra, Oppenheimer foi convidado por Lewis Strauss para assumir a direção do Instituto de Estudos Avançados em Princeton, Nova Jersey. Lá, trabalhou lado a lado com nomes como Albert Einstein e buscou refúgio em um ambiente acadêmico mais introspectivo, longe das pressões políticas e militares. Ele descreveu a experiência como uma espécie de “câmara de descompressão”, um espaço que lhe permitiu voltar a focar na ciência pura.
Durante seus quase 21 anos à frente do Instituto, até sua aposentadoria em 1966, Oppenheimer manteve um convívio próximo com Einstein e outros gigantes da física. Foi nesse período que consolidou sua imagem de pensador crítico e mentor intelectual para novas gerações de cientistas.
Conselheiro do governo: influência e contradições
Mesmo com sua nova função em Princeton, Oppenheimer não se afastou completamente das decisões estratégicas dos Estados Unidos. No mesmo ano em que assumiu o cargo no Instituto, passou a presidir o Comitê Consultivo Geral da recém-criada Comissão de Energia Atômica (AEC, na sigla em inglês). Atuando como conselheiro nuclear do governo, ele teve papel central na formulação da política nuclear americana do pós-guerra.
Defensor do uso pacífico da energia nuclear, Oppenheimer propôs o programa “Átomos pela Paz”, que previa a cooperação internacional no uso de tecnologias nucleares civis. Para ele, a energia atômica deveria ser controlada por autoridades civis, e não exclusivamente pelo aparato militar.
Contra a bomba de hidrogênio: o início da queda
Apesar de sua importância como conselheiro, Oppenheimer passou a ser visto com desconfiança quando se opôs publicamente ao desenvolvimento da bomba de hidrogênio, mais poderosa que a bomba lançada no Japão. Ele argumentava que a nova arma só agravaria a corrida armamentista entre os EUA e a União Soviética, sem trazer reais benefícios estratégicos.
Sua oposição, no entanto, teve pouco efeito. Em 1952, os Estados Unidos realizaram com sucesso o primeiro teste com a bomba H. Oppenheimer, por sua vez, passou a ser alvo de setores do governo que viam sua postura como um obstáculo ao avanço bélico.
Acusação de comunismo
A tensão culminou em 1954, quando Oppenheimer foi acusado de manter ligações com o comunismo — uma suspeita alimentada por investigações do FBI e apoiada por seu antigo aliado, Lewis Strauss. Submetido a um controverso processo de segurança, o físico teve seu acesso a documentos confidenciais revogado. A decisão encerrou sua participação como conselheiro nuclear do governo.
Embora não tenha sido formalmente condenado, Oppenheimer saiu do episódio profundamente abalado. A partir de então, voltou-se exclusivamente à vida acadêmica, evitando o centro das decisões políticas e científicas do país.
Doença e morte
Em 1965, Oppenheimer foi diagnosticado com câncer na garganta, possivelmente causado pelo hábito de fumar compulsivamente. Mesmo após tratamentos com quimioterapia e radioterapia, seu estado de saúde piorou. Em fevereiro de 1967, entrou em coma e morreu poucos dias depois, em sua casa em Princeton, aos 62 anos.
Mais de 600 pessoas, entre militares, cientistas e membros do governo, compareceram ao seu funeral, realizado na Universidade de Princeton. Sua trajetória, marcada por genialidade, dilemas morais e conflitos com o poder, continua a inspirar debates sobre o papel da ciência na guerra e na paz.
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