O general Leslie Groves, interpretado por Matt Damon no filme Oppenheimer, foi uma peça central no desenvolvimento da bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial. Como diretor do Projeto Manhattan, Groves coordenou cientistas, engenheiros e militares com precisão militar e rigor administrativo. Embora seu protagonismo tenha ganhado destaque no longa de Christopher Nolan, que estreia na Netflix nesta segunda-feira (7), sua trajetória não terminou ali. Após o fim da guerra, Groves ainda teve um papel importante na política de armamentos dos Estados Unidos antes de se afastar da vida militar.
Uma continuidade estratégica no pós-guerra
Após o encerramento do Projeto Manhattan, Leslie Groves seguiu atuando diretamente na gestão do arsenal nuclear norte-americano. Uma de suas maiores preocupações era a possibilidade de que os conhecimentos adquiridos durante a guerra se perdessem com o retorno dos cientistas e soldados à vida civil. Para evitar esse risco, Groves solicitou a contratação de 50 profissionais altamente qualificados, selecionados entre os 10% mais bem avaliados de suas turmas.
Essa busca por continuidade deu origem ao Armed Forces Special Weapons Project (AFSWP), organização criada em 1947 para administrar as questões militares ligadas ao armamento nuclear. Groves foi nomeado chefe do novo órgão e, mesmo enfrentando desconfiança de parte dos superiores quanto à sua capacidade de diálogo e flexibilidade, teve papel fundamental na estruturação inicial da entidade.
Uma aposentadoria marcada por frustrações
Apesar da experiência acumulada, a permanência de Groves no comando do AFSWP foi curta. Em janeiro de 1948, recebeu uma avaliação crítica do então General do Exército Dwight D. Eisenhower, que viria a se tornar presidente dos Estados Unidos. Na análise, Eisenhower apontou falhas de conduta e uma postura pouco colaborativa por parte de Groves. Essa avaliação acabou com qualquer possibilidade de promoção a chefe do Corpo de Engenheiros, uma ambição antiga do general.
Ciente de que dificilmente teria outra missão tão relevante quanto o Projeto Manhattan, Groves decidiu se aposentar. Anunciou sua saída do Exército três dias após a reunião com Eisenhower, encerrando uma carreira militar de 30 anos em fevereiro de 1948. Como reconhecimento final, recebeu uma promoção honorária ao posto de tenente-general, retroativa à data do primeiro teste nuclear, em 16 de julho de 1945.
Um novo capítulo fora do campo de batalha
Após deixar as Forças Armadas, Leslie Groves iniciou uma carreira no setor privado. Tornou-se vice-presidente da empresa de manufatura Sperry Rand, além de publicar o livro Now It Can Be Told: The Story of the Manhattan Project. Na obra, revelou bastidores do programa que liderou, detalhando sua relação com J. Robert Oppenheimer e os desafios logísticos e políticos enfrentados durante a corrida nuclear.
Mesmo fora do serviço público, Groves permaneceu como uma figura relevante no debate sobre segurança e armamento. Sua atuação no livro e em conferências contribuiu para moldar a percepção histórica sobre o papel dos militares no desenvolvimento da energia nuclear.
Leslie Groves faleceu em 13 de julho de 1970, aos 73 anos, após sofrer um ataque cardíaco. Foi internado no Walter Reed Army Medical Center, mas não resistiu. Seu funeral foi realizado em Fort Myer, na Virgínia, e ele foi sepultado no Cemitério Nacional de Arlington, em Washington D.C., ao lado de seu irmão Allen.
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