Kerri Rawson vivia uma vida tranquila, casada e prestes a se tornar mãe, quando o mundo desabou sobre ela em 2005. Naquele ano, a então jovem de 26 anos descobriu que seu pai, Dennis Rader, era o infame “BTK Killer”, um dos assassinos em série mais temidos dos Estados Unidos. Conhecido pela crueldade com que “amarrava, torturava e matava” suas vítimas, Rader confessou ter tirado a vida de dez pessoas entre 1974 e 1991.

A notícia chegou por meio de um agente do FBI, e Kerri lembra que, em poucos minutos, sua identidade foi transformada em manchete. “Senti como se estivesse do outro lado da história, sendo julgada por algo que não fiz”, relembrou (via Biography). A revelação abalou não apenas a sua fé e as lembranças de infância, mas também a forma como ela enxergava o próprio pai, até então um homem dedicado à família, líder de escoteiros e ativo na igreja local.
O pai amoroso que escondia um assassino

Nascida em 1978, Kerri cresceu em um ambiente que parecia comum. A casa da família em Wichita, Kansas, tinha um quintal amplo, um cachorro chamado Lucky e uma casa na árvore construída por Rader para os filhos. A mãe, Paula Dietz, era professora e participava das atividades da igreja. Tudo indicava uma vida de classe média norte-americana comum, até que detalhes começaram a parecer estranhos.
Kerri se recorda de mudanças bruscas de humor do pai, que podia ser gentil e protetor em um momento e, de repente, agressivo e autoritário. Aos seis anos, ela começou a ter pesadelos recorrentes, coincidentemente no mesmo período em que a polícia encontrou o corpo de uma vizinha assassinada. Hoje, Kerri acredita que já sentia, inconscientemente, que havia algo sombrio dentro de casa.
Durante décadas, Rader conseguiu esconder seus crimes. Entre cultos religiosos e piqueniques em família, ele mantinha um diário detalhando seus planos e fantasias. Quando foi finalmente preso, em 2005, após enviar cartas à imprensa que ajudaram a rastreá-lo, o choque para Kerri e para toda a comunidade foi devastador.
A vida após o trauma

O impacto emocional levou Kerri a buscar ajuda psicológica. Diagnosticada com transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade e depressão, ela iniciou um longo processo de terapia e reconciliação interna. Parte dessa jornada foi narrada no livro A Serial Killer’s Daughter: My Story of Faith, Love, and Overcoming, publicado em 2019, no qual descreve o desafio de reconstruir a própria identidade enquanto carrega o sobrenome de um assassino.
Com o tempo, Kerri se tornou uma defensora das vítimas e familiares de crimes violentos, participando de eventos e palestras sobre trauma e superação. Ainda assim, ela nunca deixou de lidar com as marcas deixadas pela revelação. Recentemente, participou do documentário da Netflix Meu Pai, o Assassino BTK, dirigido por Skye Borgman, no qual revisita o passado e enfrenta o pai frente a frente em um dos momentos mais intensos de sua vida.
O reencontro com o pai na prisão

O reencontro entre pai e filha, registrado pelas câmeras, foi tenso e emocionalmente exaustivo. Kerri buscava respostas sobre possíveis novos crimes atribuídos a Rader, mas acabou confrontando o homem que a criou com lembranças dolorosas e questionamentos sem solução. Segundo a diretora do documentário, Kerri saiu da prisão “tremendo e esgotada, mas consciente de que aquele seria o encerramento definitivo da relação”.
Hoje, aos 47 anos, Kerri mantém distância total do pai, que cumpre dez penas de prisão perpétua no presídio de segurança máxima de El Dorado, no Kansas. “Ela reconhece que sua cura não pode depender do que o pai revele ou esconda”, explicou Borgman. A decisão de cortar o contato foi, segundo Kerri, uma forma de preservar a própria saúde mental e impedir que a sombra do BTK continue a ditar sua vida.
Um novo capítulo longe da escuridão

Atualmente, Kerri vive em Michigan, onde leva uma vida discreta e se dedica à escrita e à advocacia em defesa das vítimas de crimes. Sua participação em Meu Pai, o Assassino BTK não foi uma tentativa de reabrir feridas, mas de encerrar um ciclo. Ela afirmou que pretende se afastar definitivamente dos holofotes e não deve mais comentar publicamente sobre o pai.
Para ela, contar sua história foi uma maneira de recuperar o controle sobre uma narrativa que, por muito tempo, pertenceu aos jornais e à curiosidade pública. “Não é um filme sobre crimes, mas sobre uma mulher que tenta conciliar amor, traição e família”, resumiu Borgman (via Cosmopolitan).
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