Estreiou nessa terça-feira (17) o novo filme documental da Netflix: O diabo no Tribunal. A história é sobre um dos mais famosos casos de possessão de que se tem registro e envolveu em sua investigação os demonologistas Ed e Lorraine Warren. Inclusive o filme “Invocação do Mal 3” também é inspirado nesse caso.
O caso todo começa em 1980, quando a família Glatzel se muda para uma nova cidade. Na época, David Glatzel tinha 11 anos, prontamente já começou a sentir-se mal na nova casa, tinha constantes pesadelos, sensação de ser empurrado e estar sendo vigiado. A irmã e os pais de David no inicio não deram muita atenção para os relatos do garoto, mas conforme eventos estranhos iam acontecendo na rotina da casa e com os pesadelos de David se tornando cada vez mais sinistros, a familia resolveu pedir ajuda do casal Warren. Afinal, se havia mesmo alguma força maligna ali, eles seriam pessoas capacitadas para orientar os próximos passos da família.
Durante a investigação dos Warren, a familia passa a presenciar e documentar diversos momentos das possessões de David com áudios assustadores onde o menino é extremamente agressivo e diz a todo instante que as pessoas ali naquela sala irão morrer. Esses áudios estão no filme da Netflix e são bem perturbadores.
Meses depois, após ser realizado um exorcismo em David em uma capela em Connecticut a familia achou que o pior tinha passaria. Durante esse exorcismo Arne, cunhado de David, supostamente recebeu a entidade que fora exorcizada de David e a ordenou a deixar o cunhado em paz.
Em uma entrevista da época Lorraine disse sobre esse caso: “ao desafiar o demônio, ele não age naquele momento específico. Ele espera até você ficar mais vulnerável”. Essa entrevista completa está no documentário da Netflix também.
5 meses depois, quando a familia já estava mais tranquila e as coisas mais próximas da normalidade, Arne e Debbie já estavam morando juntos (Debbie era a irmã mais velha dos Glatzel), quando em meio a uma discussão Arne assassina o ex patrão de Debbie, Alan Bono, com quatro facadas.
Entretanto, ele afirma que não lembra de nada daquele momento. Os investigadores e o advogado de defesa de Arne afirmam que o homem estava desnorteado quando foi encontrado, a caminho da casa da família da namorada — o que David acredita que era uma tentativa da entidade de terminar o serviço e matá-lo.
Ele, então, disse não se lembrava do que aconteceu e relatou em juízo que o Diabo o teria feito cometer tal crime. O juiz responsável pelo caso definiu que com esse argumento, nunca poderia ser provado a tese da defesa, o que seria inviável em um tribunal. Arne então foi condenado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), mas acabou cumprindo somente 5 anos da pena. O caso ainda é um dos mais controversos na interseção entre o paranormal e o mundo legal.
O casal Warren esteve presente durante quase todas as etapas desse processo e inclusive antes do assassinato, com a possessão de David. Eles afirmaram que haviam coletado evidências substanciais de atividade paranormal relacionada ao caso. Lorraine, em particular, afirmou ter entrado em contato com a entidade demoníaca envolvida, que teria sido a responsável por possuir Arne.
Eles foram a mídia falar sobre o caso e, inclusive, após a condenação de Arne, levaram a matriarca da família Glatzel, Judy, para falar nos programas de TV, tentando defender o ponto de que o então jovem era inocente. Tempo depois, escreveram um livro sobre o caso de David (Esse livro você encontra AQUI) e prometeram à família uma boa quantia em dinheiro para usar a história deles.
Porém, a história real não foi bem assim: “Meu pai e minha mãe receberam US$ 4.500, mas Ed e Lorraine Warren receberam US$ 81.000 e pouco. Ainda ganham dinheiro com os filmes ‘Invocação do Mal’”, disse um dos irmãos de David, Alan Glatzel. Ed e Lorraine já são falecidos.
Claro que existe ainda uma discussão grande sobre a veracidade dessas teses paranosmais e das gravações bizarras que mostravam David supostamente possuído.
O irmão mais velho de David, Carl, é contrário ao trabalho de Ed e Lorraine, e afirma que aquilo foi um método usado pelo casal para se aproveitar de seus pais e do irmão.
O próprio David contou no documentário que se sentiu enganado pelo casal. Se dispos a contar sua história com a promessa de um retorno financeiro que não existiu, e se ve obrigado a reviver esse trauma até hoje.
David declarou: “Os Warrens ganharam muito dinheiro conosco. Se eles puderem lucrar com você, o farão. Não vão recusar o acordo”.
Outra coisa que chamou a atenção de Carl, que acreditava que tudo foi armação, se dá a uma descoberta feita por ele após a morte da mãe. A mãe de Carl e de David tinha TOC e anotava tudo. Eram centenas de agendas, diários, pedaços de papel. E nessas anotações Carl encontrou confissões sobre ela colocar o medicamento Sominex na comida que a familia consumia diariamente.
Sominex é um sedativo leve, mas que em superdosagens pode causar ganho de peso, mudanças de humor e até alucinações – O que para Carl, explicaria as estranhas visões e sensações de David.
Esse continua sendo um dos casos mais complexos da Justiça americana, principalmente por misturar o paranormal com um crime bárbaro e muito real, com um processo que até hoje pode ser considerado não resolvido.