A estreia da 27ª temporada de South Park causou grande repercussão ao retratar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma sequência surreal e provocadora: nu, em cena íntima com Satanás, e confrontado sobre seu suposto envolvimento com Jeffrey Epstein. O episódio, exibido no final de julho nos Estados Unidos, marca o retorno da série após dois anos e reacende debates sobre liberdade de expressão, influência política na mídia e o papel das grandes corporações de entretenimento.
Trump vira alvo central de sátira violenta
Donald Trump é o personagem mais escancarado do episódio intitulado Sermão da Montanha, exibido originalmente pelo canal Comedy Central. Na trama, ele aparece se exaltando em discussões com líderes internacionais, confunde Irã com Iraque e ameaça bombardear o Canadá. Em outro momento, decide processar a cidade de South Park por US$ 5 bilhões após críticas à sua presidência. A situação faz uma referência direta ao processo que ele moveu contra a Paramount, alegando manipulação de uma entrevista com Kamala Harris no programa 60 Minutes.
Além das ameaças e processos, o episódio retrata o presidente nu, com genitália minúscula e em situações constrangedoras ao lado do diabo. Satanás o confronta diretamente por seu nome estar associado à polêmica lista de Epstein, dizendo que é “estranho que sempre que isso surge, você apenas manda todo mundo relaxar”.
Críticas à Paramount e fusão com Skydance
A sátira não poupou nem a própria emissora. A Paramount, dona da franquia South Park e da CBS, aparece como cúmplice dos abusos presidenciais. O episódio ironiza a decisão do conglomerado de pagar US$ 16 milhões a Trump em um acordo extrajudicial relacionado ao processo do 60 Minutes. A crítica fica ainda mais pesada ao fazer alusão à demissão de Stephen Colbert e ao fim de The Late Show, considerados movimentos para agradar o governo em meio à tentativa da Paramount de obter aprovação federal para uma fusão com a Skydance Media.
Em uma das cenas mais simbólicas, Jesus Cristo aparece em South Park e convence os moradores a aceitarem a presença de orações nas escolas, dizendo que a decisão faz parte de um acordo com a Paramount. “Vocês viram o que aconteceu com a CBS? Sabem quem é o dono? A Paramount. Querem acabar como o Colbert?”, pergunta ele, alertando sobre as consequências de desafiar Trump.
Lista de Epstein volta ao centro do debate
A menção direta à lista de Jeffrey Epstein no episódio reabriu uma ferida que a Casa Branca tenta manter sob controle. Trump, cujo nome apareceu diversas vezes nas investigações relacionadas ao escândalo de tráfico sexual envolvendo o financista, sempre negou qualquer envolvimento. No episódio, o diabo aponta o constrangimento constante em torno do assunto, o que ecoa na vida real, onde o presidente costuma reagir de forma agressiva a qualquer menção à polêmica.
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