InícioCinema e TVNosferatu - Como as sombras revelam o verdadeiro poder do Conde Orlok

Nosferatu – Como as sombras revelam o verdadeiro poder do Conde Orlok

O filme Nosferatu, dirigido por Robert Eggers e lançado nos cinemas brasileiros em janeiro de 2025, chegou na última sexta-feira (11) ao catálogo do Prime Video. Aclamado por seu visual sombrio e sua atmosfera angustiante, o longa traz uma reinterpretação poderosa do clássico personagem Conde Orlok, agora dotado de habilidades sobrenaturais que vão além do vampirismo tradicional. Um dos elementos mais impactantes nesta nova versão é o uso das sombras, não apenas como recurso visual, mas como extensão literal dos poderes do vilão.

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Orlok manipula sombras para aterrorizar e dominar

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Conde Orlok, na visão de Eggers, não é apenas um vampiro que se alimenta de sangue. Sua origem está ligada a antigas práticas de magia negra. O personagem teria sido, em vida, um estudioso da escola dos Solomonar, grupo ocultista da Transilvânia, onde aprendeu a controlar forças como o clima, animais e, especialmente, a escuridão. Por meio desse domínio, chamado de umbracinese, Orlok utiliza as sombras como ferramenta para tocar, mover objetos e viajar sem ser visto.

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Esses poderes o tornam uma ameaça invisível e constante. As sombras se tornam braços invisíveis que podem alcançar qualquer canto, mesmo onde sua presença física não chega. Essa habilidade amplia o terror, pois o monstro pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo.

O medo nas sombras é a arma mais letal

Nosferatu - Como as sombras revelam o verdadeiro poder do Conde Orlok

Ao manipular a escuridão, Orlok desperta nos personagens sensações primitivas como medo, paranoia e impotência. A presença da sombra representa o desconhecido e o incontrolável. A cada cena em que a silhueta do conde se aproxima, mesmo sem que ele apareça, há uma sensação crescente de que nenhum lugar é seguro.

Segundo Eggers, o objetivo era retornar às raízes do folclore vampírico dos Bálcãs e da Europa Oriental. Em entrevista, o diretor explicou que se inspirou em relatos antigos, nos quais vampiros eram descritos como cadáveres pútridos, semelhantes a zumbis, que causavam pânico real nas populações da época. Assim, o uso das sombras conecta o personagem a um medo ancestral, muito anterior ao romantismo dos vampiros modernos.

Orlok é mais que um vampiro: é um reflexo do mal interior

O novo Nosferatu não se limita ao horror físico. A sombra do conde ganha contornos metafóricos. Ela representa a corrupção, a decadência e a morte que se espalham não apenas pelas ruas, mas também pelas almas dos personagens. Ellen, interpretada por Lily-Rose Depp, é uma das mais impactadas por essa presença constante. A sombra de Orlok parece persegui-la desde a infância, simbolizando um destino inevitável.

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A cidade em que a história se passa apodrece lentamente sob a influência de Orlok. Suas sombras caminham pelas paredes, pelos quartos, pelas mentes. O contágio não é apenas sanguíneo, é psicológico e espiritual. O toque da sombra, mesmo sem contato físico, é suficiente para desequilibrar, corromper e destruir.

Um tributo moderno ao expressionismo de 1922

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A escolha por enfatizar as sombras também serve como uma homenagem direta ao Nosferatu original, de 1922, dirigido por F.W. Murnau. A versão alemã ficou famosa por suas cenas icônicas em que a sombra do vampiro atravessa paredes e sobe escadas. Eggers resgata esse simbolismo, mas o atualiza, utilizando a linguagem contemporânea do horror para dar novas camadas de sentido ao uso da escuridão.

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Diferente do expressionismo alemão, que buscava distorcer a realidade visual para criar desconforto, Eggers opta por inserir o estranhamento dentro da lógica do mundo diegético. O desequilíbrio vem das ações de Orlok, que distorcem a ordem natural das coisas, e não apenas da estética visual.

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João Victor Albuquerque
João Victor Albuquerque
Apaixonado por joguinhos, filmes, animes e séries, mas sempre atrasado com todos eles. Escrevo principalmente sobre animes e tenho a tendência de tentar encaixar Hunter x Hunter ou One Piece em qualquer conversa.