O médico californiano Salvador Plasencia, acusado de fornecer ilegalmente cetamina ao ator Matthew Perry nas semanas que antecederam sua morte, firmou um acordo com a Justiça dos Estados Unidos e se declarou culpado. O profissional enfrenta quatro acusações de distribuição da substância, com pena máxima de até 40 anos de prisão (via THR).
Plasencia, que comandava uma clínica de atendimento emergencial em Malibu, foi apontado pelas autoridades como um dos responsáveis por alimentar o vício de Perry, ex-astro da série Friends, que morreu aos 54 anos em outubro de 2023. A droga teria sido entregue diretamente ao ator em sua residência, em frascos e injeções, em um esquema que envolvia também outros profissionais da área de saúde.
Conhecido mundialmente por ter vivido Chandler Bing, Matthew Perry travava uma longa batalha contra o vício em drogas e álcool. Em seu livro autobiográfico, publicado em 2022, o ator relatou com detalhes suas recaídas e tentativas de reabilitação, chegando a afirmar: “Deveria estar morto.”
Nos meses anteriores à sua morte, Perry realizava sessões supervisionadas de infusão de cetamina como tratamento experimental para depressão e ansiedade. No entanto, após ter negado um aumento da dosagem por médicos regulares, passou a adquirir a substância por vias ilegais. Segundo os promotores, ele chegou a pagar até 55 mil dólares por mês por seis a oito doses diárias da droga.
A autópsia revelou que a causa da morte foram os “efeitos agudos da cetamina”, em quantidade semelhante à usada em anestesias gerais. A autópsia também apontou que ele se afogou em uma banheira de hidromassagem, além de ter sido encontrado com buprenorfina no organismo, medicamento usado no tratamento de dependência de opioides.
Além de Plasencia, outras quatro pessoas foram indiciadas pela Justiça americana sob acusação de envolvimento na morte do ator. Entre eles, o médico Mark Chavez, que já confessou ter participado da distribuição ilegal de cetamina, o assistente pessoal de Perry, Kenneth Iwamasa, e o ex-diretor de um centro de tratamento, Erik Fleming (via Deadline).
Plasencia teria fornecido, entre setembro e outubro de 2023, pelo menos 20 frascos de cetamina, além de lozenges e seringas ao assistente pessoal do ator, que os repassava para o consumo diário do paciente. Mesmo após observar sinais preocupantes, como picos de pressão arterial em Perry, o médico insistiu em continuar os envios, inclusive por meio de uma enfermeira durante sua ausência. Mensagens trocadas entre os envolvidos revelam motivações financeiras, com frases como “Quero ser o único fornecedor dele” e “Vamos ver quanto esse idiota está disposto a pagar.”
Com o acordo de delação, o médico Salvador Plasencia deve ter as demais acusações retiradas, incluindo falsificação de documentos federais, e poderá receber uma recomendação de pena reduzida, entre 15 e 21 meses de prisão. No entanto, a decisão final caberá ao juiz federal responsável pelo caso.
A única ré que ainda não admitiu culpa é Jasveen Sangha, apelidada de “Rainha da Cetamina” pelas autoridades. Acusada de fornecer a dose fatal ao ator, ela enfrentará julgamento ainda neste ano, com acusações que incluem conspiração e posse de substâncias controladas com intenção de distribuição.
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