O pai de Ney Matogrosso, Antônio Matogrosso Pereira, foi uma figura central e, por muito tempo, conflituosa na vida do artista. Militar de formação e conservador por convicção, ele representava tudo o que o jovem Ney precisava desafiar para construir sua identidade pessoal e artística. Desde cedo, o ambiente familiar foi marcado por embates, distanciamentos e uma sensação constante de rejeição mútua.
Segundo Ney, a convivência com o pai foi dura durante a infância e adolescência. “Eu odiava meu pai, meu pai me odiava”, afirmou em sua biografia. A dificuldade em aceitar a sensibilidade do filho, aliada ao perfil autoritário de Antônio, gerou uma tensão permanente dentro de casa. Ney chegou a sair no braço com o pai e decidiu deixar a casa aos 17 anos para não carregar a culpa de uma possível separação dos pais.
Rejeição e resistência: o impacto do preconceito
O distanciamento entre pai e filho se intensificou à medida que Ney mergulhava no universo artístico. A primeira vez que Antônio viu o filho em um show pela televisão ficou profundamente abalado. Ney usava uma calça larga que se assemelhava a uma saia, estava maquiado e dançava de forma provocativa. O pai, que não havia assistido a nenhuma apresentação da fase do grupo Secos & Molhados, teve contato com a performance apenas quando Ney já fazia carreira solo.
A saia foi o que mais o incomodou, segundo relatos do próprio cantor. “Ele disse que eu estava pintado, cantando fino, se requebrando e de saia”, relembrou Ney em entrevista. Mesmo depois disso, houve tentativas do pai em persuadir o filho a abandonar “essa vida”. Em um desses encontros, Ney vestia calça laranja, o que também gerou desconforto. Para Antônio, a cor das roupas parecia mais ofensiva do que a ausência do filho.
A transformação do afeto: da rejeição ao reconhecimento
Apesar de anos de conflito, a relação entre Ney e o pai passou por uma virada afetiva significativa. Um episódio simbólico marcou essa mudança: um encontro em frente ao prédio do jornal O Estado de S. Paulo, no centro da capital paulista. Ney, já adulto e artista reconhecido, beijou o rosto do pai, algo inédito entre os filhos homens da família. A partir daquele dia, os dois passaram a se cumprimentar com beijos até o fim da vida de Antônio.
Essa reconciliação revelou que por trás do ódio declarado havia um afeto reprimido. “Aquele ódio que existia entre nós, no fundo, era um amor incubado”, refletiu Ney em sua biografia. O reencontro emocional não apagou o passado conturbado, mas permitiu que pai e filho reconstruíssem sua conexão com mais humanidade.
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