A música 9 to 5, de Dolly Parton, utilizada no final do primeiro episódio da série Pinguim, da HBO, carrega um significado profundo em relação ao arco de transformação de Oz Cobb. A canção, lançada em 1980 como tema do filme homônimo, retrata a rotina desgastante de trabalhadores explorados, que se dedicam a enriquecer seus chefes enquanto recebem pouco reconhecimento. Essa temática ressoa diretamente com o estado atual de Oz, que, apesar de fazer parte do submundo criminoso de Gotham, não se encontra no topo da hierarquia.
A introdução de Oz Cobb em Pinguim
Ao longo do primeiro episódio, fica claro que Oz, interpretado por Colin Farrell, é uma versão mais complexa do vilão em comparação com adaptações anteriores. Diferente da figura caricatural com chapéu e monocle vista nos quadrinhos ou da versão grotesca de Batman Returns, Oz é retratado como um criminoso pragmático, com laços fortes com a família Falcone, mas sem o poder que deseja. Ele ainda carrega características de empatia e repulsa por figuras como o Charada, o que humaniza sua persona ao mesmo tempo que o posiciona como alguém com ambições que vão além da simples vilania.
A música 9 to 5 aparece em dois momentos importantes do episódio: primeiro, quando Oz tenta rapidamente desligá-la enquanto está em um carro, e depois, durante os créditos finais, logo após ele entregar o corpo de Alberto Falcone à sua irmã, Sofia Falcone. A escolha dessa música não é acidental, pois ela traça um paralelo direto com a vida e as frustrações de Oz no episódio.
O simbolismo de 9 to 5 no contexto de Oz Cobb
A letra de 9 to 5 aborda o esforço incansável dos trabalhadores que nunca recebem crédito ou recompensas por suas contribuições. Trechos como “Barely gettin’ by, it’s all takin’ and no givin’” (“Mal conseguindo se manter, é só tomar e nunca dar”) ilustram a frustração de pessoas que são exploradas por sistemas que apenas os utilizam para lucro, sem consideração pelo seu bem-estar ou sucesso. Para Oz, essa descrição reflete sua relação com a família Falcone, para quem ele trabalhou arduamente, mas que não o valoriza ou o reconhece de maneira significativa.
Ao longo da série, fica claro que, embora Oz tenha acumulado alguma riqueza e influência, ele ainda não atingiu o ápice do poder que deseja. A família Falcone “usa sua mente” e ele “nunca recebe o crédito”, e essa situação o corrói internamente. Quando ele entrega o corpo de Alberto para Sofia Falcone, ele começa a dar os primeiros passos para tomar o controle, ao invés de continuar sendo uma peça no jogo de outra pessoa.
O contraste entre a crítica de 9 to 5 e os desejos de Oz
Embora 9 to 5 seja uma crítica direta aos sistemas de exploração de trabalho, o arco de Oz subverte essa mensagem. Enquanto a música sugere uma insatisfação com esses sistemas e o desejo de superá-los, Oz não busca uma mudança ou uma luta contra a exploração. Ele quer, em vez disso, assumir o controle do sistema que o oprime. Ele não deseja derrubar o sistema falho, mas sim se tornar o “chefe”, perpetuando o mesmo ciclo de opressão que a música critica.
Essa reinterpretação de 9 to 5 faz sentido no contexto do personagem de Oz, que, ao longo de sua jornada, percebe que para conseguir a vida que acredita merecer, ele precisa tomar o que lhe foi negado por aqueles que estão no topo da hierarquia criminosa de Gotham. A música, portanto, faz um comentário irônico sobre as aspirações do personagem. Em vez de buscar uma forma mais justa de subir na vida, ele quer apenas substituir seus opressores.
O papel das mulheres em Pinguim e a mensagem de Dolly Parton
Além de seu significado pessoal para Oz, 9 to 5 também faz referência ao papel das mulheres na série, refletindo sobre personagens femininas que, embora diferentes, exercem grande influência sobre a vida de Oz. A mãe de Oz, Francis, aparece como uma mulher que viveu uma vida de trabalho duro, sem conseguir ascender na hierarquia social e econômica. Embora sua presença seja menos proeminente, ela simboliza o impacto do sistema criticado na canção. A relação entre Oz e sua mãe é uma força motriz para suas ambições.
Por outro lado, Sofia Falcone, uma personagem poderosa e influente, é outra mulher que tem uma participação significativa na trama. Ao mesmo tempo em que é uma figura de autoridade, Sofia é manipulada por Oz, demonstrando que, apesar de sua posição, até mesmo os mais poderosos podem ser alvos de intriga e manipulação em Gotham. Isso reforça o papel das mulheres como figuras centrais, mesmo em uma narrativa predominantemente masculina.
Criada por Lauren LeFranc para a HBO, a série é um derivado de The Batman que explora a ascensão do Pinguim ao poder no submundo do crime de Gotham City. Colin Farrell reprisa o seu papel como Oswald Cobblepot / Pinguim, ao lado de nomes como Cristin Milioti, Rhenzy Feliz e Myles Humphus.
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