InícioCinema e TVEntenda o final do episódio 2 da 7ª temporada de Black Mirror

Entenda o final do episódio 2 da 7ª temporada de Black Mirror

A sétima temporada de Black Mirror trouxe mais um episódio perturbador e instigante: Bête Noire. Dirigido por Toby Haynes e escrito por Charlie Brooker, o capítulo mergulha em um suspense psicológico com toques de ficção científica e crítica social. O enredo, centrado em Maria (Siena Kelly) e Verity (Rosy McEwen), desconstrói a realidade da protagonista e deixa o público se perguntando: o que realmente está acontecendo?

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Maria, a vítima de uma conspiração ou algo mais?

Entenda o final do episódio 2 da 7ª temporada de Black Mirror

Maria é uma pesquisadora de alimentos respeitada, com uma carreira sólida em uma empresa de confeitaria. Sua rotina começa a desmoronar quando uma ex-colega de escola, Verity, reaparece misteriosamente em sua vida. O que parece um reencontro casual se transforma em um pesadelo quando Verity, de forma inexplicável, consegue um emprego na mesma empresa — sem que Maria sequer soubesse que havia uma vaga disponível.

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À medida que Verity se aproxima de seus colegas e chefes, Maria começa a questionar sua própria sanidade. Pequenos deslizes, como nomes de estabelecimentos que “mudam” de uma hora para outra, reuniões das quais ela não foi informada e até e-mails com conteúdo alterado, começam a corroer sua percepção da realidade. Um dos eventos mais perturbadores ocorre quando Maria é acusada de consumir leite de amêndoas — algo impossível, dado que ela tem alergia grave a nozes. E, para seu desespero, até sua condição alérgica parece ter desaparecido da memória coletiva de seus colegas.

O colapso e o confronto final

A crescente desconfiança em relação a Verity leva Maria a um colapso emocional. Após ser afastada do trabalho, ela decide confrontar a ex-colega em sua casa, que, para surpresa de Maria (e dos espectadores), é uma mansão cheia de equipamentos tecnológicos avançados. É nesse ponto que a trama assume contornos mais explícitos de ficção científica.

Verity revela que o colar que usa é um “controle remoto” que manipula a realidade ao conectar-se a um compilador quântico instalado em sua casa. Segundo ela, o dispositivo não altera exatamente o mundo em si, mas ajusta a “frequência corporal” de quem o usa para uma realidade paralela onde tudo o que for dito por quem está com o controle se torna verdade.

No embate final, Maria é acusada de invadir a casa de Verity e ameaçá-la com uma faca. A polícia aparece instantaneamente, invocada pelo comando verbal de Verity via colar. No entanto, em um ato desesperado, Maria consegue desarmar um dos policiais, mata Verity, assume o controle do colar e, num clímax absurdo e satírico, reescreve a realidade: agora, ela é proclamada imperatriz do universo.

Uma sátira sobre manipulação, memórias e poder

Entenda o final do episódio 2 da 7ª temporada de Black Mirror

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Bête Noire é uma parábola moderna sobre gaslighting — a manipulação psicológica que leva alguém a duvidar da própria sanidade. Charlie Brooker brinca com a fragilidade da percepção humana e o quanto a tecnologia pode ser usada para distorcer verdades.

A motivação de Verity é revelada de forma trágica: no passado, Maria espalhou um rumor de que Verity teria se envolvido com um professor, o que arruinou sua vida escolar. A vingança de Verity, alimentada por anos de mágoa, resulta em um plano meticuloso de destruição psicológica e social.

Há também uma menção importante à personagem Natalie, uma amiga em comum que, antes de Maria, foi vítima da manipulação de Verity. Sofrendo de paranoia e transtornos causados por gaslighting, Natalie acabou tirando a própria vida, reforçando o impacto devastador que a manipulação da realidade pode causar.

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Um final surreal e irônico

A escolha de terminar o episódio com Maria se autoproclamando imperatriz do universo é intencionalmente exagerada e cômica. Charlie Brooker, criador da série, explicou que essa “piada final” simboliza um renascimento — Maria, que parecia ter perdido tudo, ressuscita das cinzas de sua realidade distorcida para assumir o controle, ainda que de forma absurda.

Curiosamente, o roteiro original previa um final mais sombrio, com Maria vestida em trajes de inspiração fascista. No corte final, no entanto, a escolha estética foi suavizada para algo mais “pop”, descrito como um híbrido entre Beyoncé e Khaleesi.

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Confira também:

Black Mirror é uma série de televisão britânica antológica de ficção científica criada por Charlie Brooker e centrada em temas obscuros e satíricos que examinam a sociedade moderna, particularmente a respeito das consequências imprevistas das novas tecnologias.

A série está disponível na Netflix.

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João Victor Albuquerque
João Victor Albuquerque
Apaixonado por joguinhos, filmes, animes e séries, mas sempre atrasado com todos eles. Escrevo principalmente sobre animes e tenho a tendência de tentar encaixar Hunter x Hunter ou One Piece em qualquer conversa.