O filme Yesterday, dirigido por Danny Boyle e roteirizado por Richard Curtis, encerra sua trama de forma inusitada, desafiando convenções típicas de narrativas com realidades alternativas. A produção britânica imagina um mundo onde os Beatles jamais existiram, e acompanha o músico fracassado Jack Malik em sua ascensão ao estrelato ao se apropriar das canções da maior banda de todos os tempos. Porém, o desfecho da história traz questões morais e filosóficas que vão além da fama repentina.
Jack confronta a verdade e faz sua confissão
Jack Malik é o ponto central da narrativa e também de seu desfecho. Após acordar de um acidente durante um misterioso apagão global, ele descobre que o mundo não apenas esqueceu os Beatles, como age como se eles nunca tivessem existido. Aproveitando-se da situação, ele começa a apresentar as músicas da banda como se fossem suas, conquistando reconhecimento internacional, um contrato com uma gravadora e a atenção da mídia.
No entanto, no ápice de sua carreira, Jack se vê consumido pela culpa. O peso de viver uma mentira, somado à perda do relacionamento com Ellie, sua amiga de infância e amor não declarado, o leva a tomar uma decisão drástica. Em pleno estádio de Wembley, ele confessa publicamente que todas as músicas foram compostas pelos Beatles, recusa o dinheiro que receberia pelo álbum e libera gratuitamente as faixas na internet. Mais do que isso, declara seu amor por Ellie, encerrando sua trajetória de ascensão com uma escolha pela verdade e pelo afeto.
Um mundo sem Beatles permanece inalterado
Curiosamente, mesmo após a confissão de Jack, o mundo não volta ao “normal”. A nova realidade, onde os Beatles, Coca-Cola, cigarros e até Harry Potter nunca existiram, continua como se sempre tivesse sido assim. Ao contrário de outras histórias que envolvem alterações temporais ou realidades alternativas, como Feitiço do Tempo (Groundhog Day), Yesterday não impõe nenhuma condição de redenção para que o universo se corrija. O filme reforça que, apesar da decisão ética de Jack, o apagão global não teve relação com sua conduta.
Essa escolha narrativa reforça o foco do filme em seu aspecto romântico e pessoal, e não em tentar explicar o fenômeno. O evento permanece como um mistério: todos sabem que o apagão ocorreu, mas ninguém consegue compreender suas consequências.
Outras pessoas também se lembram dos Beatles
No momento em que Jack acredita estar sozinho em sua memória das músicas dos Beatles, ele descobre que não é o único. Liz, uma mulher britânica, e Leo, um russo, também lembram da banda e, ao contrário de quererem expor Jack, o agradecem por manter viva a música dos Beatles. Essa revelação alivia Jack, já que demonstra que ele não está completamente isolado nessa estranha nova realidade.
John Lennon está vivo e vivendo em paz
Uma das maiores surpresas do final de Yesterday é a aparição de John Lennon. Interpretado por Robert Carlyle, o ex-Beatle nunca se tornou músico nesse novo mundo. Aos 78 anos, leva uma vida simples e pacífica à beira-mar. Sem fama, sem tragédias, e, especialmente, sem o assassinato de 1980. Sua conversa com Jack é simbólica e serve como inspiração para o protagonista, que, a partir dali, entende o verdadeiro valor da honestidade e do amor.
Os outros membros da banda não têm seus destinos completamente revelados. Paul McCartney e Ringo Starr aparecem apenas em uma sequência onírica, sem que seus rostos sejam mostrados. Já George Harrison sequer é mencionado diretamente, o que sugere que ele pode ter tido um destino similar ao da vida real.
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