Entenda o final de Os Roses – Até que a Morte os Separe

O Clube do Crime das Quintas-Feiras, produção que mistura humor ácido e drama conjugal, acompanha a derrocada do casamento de Ivy (Olivia Colman) e Theo Rose (Benedict Cumberbatch). Inspirado no filme A Guerra dos Roses (1989) e no livro que lhe deu origem, o longa reinterpreta a clássica história de amor transformada em ódio. Ainda que apresente nuances próprias, a obra mantém um desfecho que remete ao material original: intenso, trágico e ambíguo.

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A escalada de ressentimento

Entenda o final de Os Roses - Até que a Morte os Separe

O filme começa mostrando um casal apaixonado e aparentemente estável. Com o tempo, porém, as trajetórias profissionais opostas mudam a dinâmica entre eles. Enquanto Ivy desponta na carreira, Theo amarga o fracasso, o que desencadeia uma espiral de ressentimento. O conflito atinge proporções descomunais quando a disputa pela casa projetada por Theo torna-se o estopim de um divórcio cada vez mais agressivo. Pequenas provocações evoluem para confrontos físicos, transformando o lar em verdadeiro campo de batalha.

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O clímax explosivo

A sequência final concentra os momentos mais intensos. Theo chega a colocar em risco a vida da esposa ao usar framboesas, alimento ao qual Ivy tem alergia severa. Pouco depois, ambos trocam agressões e destroem símbolos de suas vidas em comum, como o fogão assinado por Julia Child, peça central da casa. No entanto, no ápice do embate, o casal se fecha em um quarto e, pela primeira vez em muito tempo, conversa de forma honesta. Entre insultos e lembranças, admitem que ainda se amam e se reconciliam.

A reconexão, entretanto, acontece tarde demais. O fogão destruído libera gás por toda a casa e, no momento em que Theo tenta reacender a chama da paixão, literalmente, a tela se apaga em branco. O silêncio sugere a explosão que põe fim à vida dos dois.

A diferença em relação ao original

Entenda o final de Os Roses - Até que a Morte os Separe

No filme de 1989, o desfecho é ainda mais sombrio. Barbara (Kathleen Turner) e Oliver (Michael Douglas) morrem ao despencar de um lustre sabotado, e Barbara chega a afastar o marido quando ele tenta um gesto de afeto final. Já em Os Roses – Até que a Morte os Separe, embora o destino dos protagonistas também seja a morte, a reconciliação final dá um tom mais melancólico que cruel. Ivy e Theo não perecem por sabotagem deliberada, mas vítimas de uma tragédia acidental, justamente quando redescobrem o que sentiam um pelo outro.

O que fica em aberto

Apesar de a narrativa deixar poucas dúvidas sobre o desfecho fatal, o diretor Jay Roach prefere manter uma brecha para discussão. O fade-out em branco, segundo ele, abre espaço para a imaginação do público: teriam Ivy e Theo sobrevivido por um triz? A resposta oficial não importa tanto quanto o impacto do simbolismo. O casal, que passou o filme inteiro se destruindo, reencontra o amor apenas quando não há mais tempo.

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Essa contradição é apontada também pelo roteirista Tony McNamara (via EW), que enxerga no final um alerta sobre escolhas equivocadas e as consequências em cadeia que podem resultar delas. O público, por sua vez, sai da sessão com a sensação de que Ivy e Theo “quase conseguiram”.

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João Victor Albuquerque
João Victor Albuquerque
Apaixonado por joguinhos, filmes, animes e séries, mas sempre atrasado com todos eles. Escrevo principalmente sobre animes e tenho a tendência de tentar encaixar Hunter x Hunter ou One Piece em qualquer conversa.