O filme O Último Respiro, dirigido por Alex Parkinson, recria um episódio real impressionante que ocorreu nas profundezas do Mar do Norte, na costa da Escócia. A trama acompanha o mergulhador de saturação Chris Lemons, que foi dado como morto após ficar submerso sem oxigênio por um tempo considerado impossível de resistir. Contra todas as probabilidades, ele foi resgatado com vida e reviveu depois de mais de meia hora em completa privação de ar, um feito que continua a intrigar cientistas até hoje.
Como Chris Lemons sobreviveu sem oxigênio
A sequência mais impactante do longa mostra Lemons perdendo a consciência gradualmente, após o rompimento do cabo que fornecia oxigênio e aquecimento a partir do navio de apoio. O mergulhador ficou cerca de 40 minutos à deriva no fundo do mar, com apenas cinco minutos de reserva no cilindro emergencial. De acordo com parâmetros médicos, o corpo humano resiste em média até cinco minutos sem oxigênio, podendo chegar a nove em condições muito específicas. No entanto, Lemons superou todas as expectativas, sobrevivendo quase meia hora além do limite considerado viável.
Estudos posteriores sugerem que a combinação da pressão extrema da água a 100 metros de profundidade, aliada à baixa temperatura corporal, pode ter reduzido seu metabolismo a níveis mínimos, ampliando de forma extraordinária a sua capacidade de resistir.
O que levou à tragédia no fundo do mar
O acidente que quase custou a vida de Lemons começou com a falha do sistema de posicionamento dinâmico do navio Bibby Topaz, embarcação que deveria manter-se estável para sustentar os mergulhadores. Esse recurso, que funciona por meio de GPS e computadores de bordo, simplesmente deixou de operar, mesmo com múltiplos sistemas de backup. Como resultado, a embarcação foi arrastada pelas correntes, tensionando os cabos dos mergulhadores até o rompimento do de Lemons, que acabou preso em uma estrutura metálica antes de perder totalmente a conexão com a superfície.
O resgate dramático sob condições extremas
Sem contato visual e sem oxigênio, Lemons foi localizado apenas quando a tripulação conseguiu restabelecer o controle do navio. O colega de mergulho, Dave Yuasa, retornou ao fundo do mar e encontrou o corpo inerte do amigo. Com esforço sobre-humano, Yuasa arrastou Lemons de volta ao sino de mergulho, onde o outro companheiro, Duncan Allcock, iniciou manobras de ressuscitação. Após dois ciclos de reanimação, Lemons retomou a respiração, em um dos momentos mais marcantes da produção.
Diferenças entre o filme e a vida real
Embora o longa dramatize os acontecimentos, a realidade foi ainda mais surpreendente. No documentário de 2019 sobre o mesmo caso, Allcock relata que Lemons recobrou a consciência quase imediatamente após o retorno da respiração e chegou a subir sozinho pela escada do sino de mergulho. O mergulhador não apresentou sequelas graves e, pouco depois, já conversava normalmente com os colegas. A única mudança permanente em sua vida foi carregar para sempre o título de protagonista de um dos maiores milagres de resistência humana registrados.
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