O Reformatório Nickel, um dos filmes mais aclamados de 2024, encerra sua narrativa com um final impactante que mistura dor, resistência e memória. A trama acompanha Elwood Curtis e Turner, dois jovens negros que sofrem abusos no internato Nickel Academy, instituição inspirada em acontecimentos reais. A amizade entre eles se torna o centro da história, mas também o ponto de maior ruptura.
Turner sobrevive, mas Elwood não escapa
Após meses de violência e castigos, Elwood decide registrar em um diário as crueldades praticadas na escola, na esperança de expor os abusos e encerrar as atividades da instituição. O material chega a um inspetor do governo, mas em vez de gerar consequências, serve para que os dirigentes descubram o plano e condenem o garoto à “sweatbox”, uma cela de punição onde muitos perderam a vida.
Turner consegue libertar o amigo e juntos tentam fugir. No entanto, durante a perseguição, funcionários armados alcançam os meninos e Elwood é baleado em um campo aberto. Turner consegue escapar, mas carrega para sempre o peso da perda.
A identidade de Elwood e a promessa de memória
O salto temporal mostrado no filme revela um homem adulto investigando os túmulos anônimos próximos à academia. Inicialmente, acredita-se que se trata de Elwood, mas a reviravolta mostra que, na verdade, é Turner usando o nome do amigo morto. O gesto simboliza a tentativa de preservar a memória de Elwood, garantindo que sua vida e sua luta não fossem apagadas pela brutalidade da instituição.
A escolha estética da câmera em primeira pessoa
Um dos aspectos mais discutidos do longa é sua filmagem em primeira pessoa. Essa decisão estética coloca o espectador no olhar das vítimas, reforçando o impacto das violências narradas. A abordagem também confere um caráter quase onírico às cenas, equilibrando o realismo da denúncia com a força poética da linguagem cinematográfica.
O fechamento do reformatório e o peso da realidade
Embora Elwood tenha tentado denunciar os abusos, a história deixa claro que sua iniciativa não resultou diretamente no fechamento da Nickel Academy. Assim como na vida real, a instituição foi encerrada anos depois, provavelmente por razões administrativas e financeiras. O filme, inspirado no livro de Colson Whitehead, recria a experiência de escolas como a Dozier School for Boys, na Flórida, onde centenas de jovens sofreram maus-tratos e onde foram encontradas dezenas de covas não identificadas.
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