Noites Brutais (Barbarian, no original), dirigido e roteirizado por Zach Cregger, foi uma das surpresas do terror em 2022. O longa, que arrecadou mais de 45 milhões de dólares mundialmente, chamou atenção pela forma como subverte expectativas e mistura críticas sociais com elementos clássicos do gênero. A trama acompanha Tess Marshall (Georgina Campbell), uma jovem que viaja para Detroit a trabalho e descobre que a casa alugada por aplicativo já está ocupada por outro hóspede, Keith (Bill Skarsgård). O que parece ser apenas um contratempo logo se transforma em um pesadelo, revelando segredos escondidos no porão da residência.
O choque inicial e a primeira virada
Tess é apresentada como uma personagem atenta e precavida, sempre desconfiada da presença de Keith. Essa postura contrasta com a atitude dele, mais relaxada e confiante em sua própria segurança. A escolha de Bill Skarsgård para o papel não é aleatória, já que sua fama como vilão em It – A Coisa automaticamente desperta suspeitas tanto nela quanto no público. Quando o casal descobre passagens secretas sob a casa, a tensão aumenta. A curiosidade de Keith acaba custando sua vida, já que ele é morto brutalmente pela criatura conhecida apenas como “A Mãe”, enquanto Tess é feita prisioneira.
O surgimento de AJ e a crítica social
AJ (Justin Long), um ator em decadência acusado de estupro, entra na narrativa em um ponto inesperado, revelando-se o verdadeiro dono da casa. Em busca de dinheiro para pagar seus processos, ele visita o imóvel e descobre os mesmos túneis onde Tess estava presa. Sua personalidade egocêntrica e gananciosa o leva a ignorar todos os sinais de perigo, reforçando o contraste entre ele e a protagonista. O personagem também serve para inserir uma crítica mais ampla sobre abuso, impunidade e a forma como homens tendem a subestimar riscos.
Quem é a Mãe e o que ela representa
A Mãe, interpretada por Matthew Patrick Davis com forte uso de próteses e maquiagem, é o monstro que assombra os personagens, mas sua existência não pode ser reduzida apenas ao grotesco. Filha de gerações de abusos cometidos por Frank, o antigo dono da casa, ela foi criada em condições desumanas, isolada do mundo e transformada em prisioneira do próprio passado da família. Sua relação com Tess é marcada por um estranho instinto de proteção, quase maternal, o que revela uma camada simbólica no roteiro. Assim como Tess, a Mãe também foi moldada pelo medo e pela violência masculina.
O clímax no alto da torre
O desfecho acontece quando Tess e AJ tentam escapar e encontram abrigo próximo a uma torre de água. A diferença de caráter entre os dois fica ainda mais evidente: enquanto Tess demonstra empatia, AJ revela seu egoísmo ao empurrá-la para a morte a fim de salvar a si mesmo. A Mãe, em um gesto inesperado, salta atrás dela e sacrifica a própria vida para protegê-la. Esse momento redefine a criatura, que até então era vista apenas como vilã, e a aproxima do espectador como uma vítima trágica de abusos.
O final e seu significado
Tess, ferida, consegue sobreviver ao confronto final ao atirar na Mãe, encerrando o ciclo de terror que envolvia a casa. Sua trajetória reafirma a figura da “final girl”, a sobrevivente dos filmes de horror, mas com nuances que vão além do clichê. Ela vence não apenas pela resistência física, mas também pela capacidade de observar, desconfiar e agir estrategicamente, ao contrário dos homens que cruzaram seu caminho. O filme sugere que sua sobrevivência não é mero acaso ou convenção de gênero, mas resultado da resiliência diante de um mundo marcado por ameaças constantes às mulheres.
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