Meus 84 m² é um thriller sul-coreano repleto de reviravoltas. Lançado recentemente pela Netflix, o filme conduz o espectador por uma narrativa marcada pela tensão crescente, violência e uma crítica contundente à desigualdade social e à obsessão por status por meio da moradia. Ao final da trama, o destino do protagonista, Woo-sung, deixa muito mais do que uma simples conclusão — ele escancara uma reflexão sobre até onde somos levados pela pressão econômica e pela busca por pertencimento.
Woo-sung é o retrato da juventude endividada
Noh Woo-sung, vivido por Kang Ha-neul, é o coração da narrativa. Ele representa o típico jovem coreano da classe média baixa que acredita ter conquistado o sucesso ao comprar seu próprio apartamento em Seul. No entanto, o que seria um símbolo de estabilidade logo se transforma em pesadelo. Três anos após adquirir o imóvel, Woo-sung se encontra exausto, endividado, trabalhando em turnos duplos e economizando até no uso da eletricidade para sobreviver.
Além da pressão financeira, Woo-sung começa a ouvir batidas constantes vindas das paredes de seu apartamento. O ruído se transforma em um estopim para o colapso emocional do personagem, especialmente quando os vizinhos começam a acusá-lo de ser o causador do barulho.
Jin-ho, o manipulador por trás do caos
Yeong Jin-ho, morador do 1501, é revelado como o autor das batidas perturbadoras. Ex-jornalista e obcecado por vingança contra Jeon Eun-hwa, uma ex-promotora e atual especuladora imobiliária, ele se infiltra no prédio com o objetivo de expor sua corrupção. Eun-hwa havia censurado um de seus artigos anos antes, comprometendo sua carreira.
Para atingir seu objetivo, Jin-ho transforma o condomínio em um laboratório social, espalhando dispositivos de som, gravando os vizinhos e manipulando suas emoções. Ele enxerga Woo-sung como a figura perfeita para representar a “vítima do sistema”, mas, em vez de ajudá-lo, o explora. Woo-sung é chantageado, humilhado e até acusado injustamente de crimes, perdendo a chance de lucrar com um esquema de criptomoeda que poderia tirá-lo das dívidas.
Eun-hwa, símbolo do elitismo implacável
Eun-hwa representa o topo da cadeia alimentar social. Ex-procuradora, vive em uma luxuosa cobertura e controla secretamente boa parte dos apartamentos do prédio, esperando a valorização que virá com a chegada do trem GTX ao bairro. Sua relação com os moradores é puramente estratégica, como se estivesse jogando xadrez com vidas reais. Ao perceber que Woo-sung se torna um obstáculo, tenta suborná-lo e, mais tarde, descartá-lo.
Ela encarna a frieza da especulação imobiliária. Seu desprezo pelos vizinhos menos favorecidos se torna evidente em frases como “esse lugar está infestado de escória”, proferida nos momentos finais da trama.
A violência que escancara o colapso
O clímax do filme acontece no apartamento de Eun-hwa. Jin-ho e Woo-sung, após uma série de revelações, confrontam a ex-promotora. Jin-ho assassina o marido dela e é mortalmente ferido. Eun-hwa, em um último gesto de controle, tenta manipular Woo-sung para terminar o serviço e eliminar Jin-ho. Porém, é ela quem acaba estrangulada por Jin-ho em uma cena chocante.
Antes de morrer, Jin-ho implora para que Woo-sung use o dossiê escondido no apartamento para expor os crimes de Eun-hwa. Mas Woo-sung, cansado de ser usado por todos os lados, decide destruir tudo. Ele incinera o dossiê, os documentos da venda de seu apartamento e explode o imóvel, apagando qualquer prova das ações de ambos.
O ciclo da opressão não se rompe
Após a explosão, Woo-sung sobrevive e passa um tempo na casa da mãe, em um ambiente rural e silencioso. No entanto, ele opta por retornar à cidade. A sequência final mostra Woo-sung de volta à sua vida anterior, ouvindo os mesmos ruídos de construção, como se nada tivesse mudado.
Essa escolha final simboliza a armadilha da vida urbana e a impossibilidade de romper com um sistema que aprisiona seus indivíduos pelas necessidades básicas. Woo-sung não encontra redenção, mas sim resignação.
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