O filme Herege, dirigido por Scott Beck e Bryan Woods, mergulha em uma narrativa cerebral sobre fé, manipulação e controle. A história acompanha duas jovens missionárias mórmons, Irmã Barnes e Irmã Paxton, que acabam presas na casa do enigmático Sr. Reed. A princípio acolhedor, ele se revela um dos vilões mais perturbadores do terror recente, vivido por Hugh Grant em uma de suas atuações mais marcantes.
O plano sombrio do Sr. Reed
Ao longo do filme, o público descobre que Reed passou décadas estudando religiões em busca de uma “verdadeira fé”. No entanto, sua crença real se baseia no poder de dominar. Ele tenta subjugar as missionárias por meio de conversas manipuladoras e, quando isso falha, apela a encenações grotescas. Uma delas envolve uma falsa “ressurreição” de suas vítimas, usada para convencer as jovens de que após a morte só existe escuridão. O objetivo final de Reed é quebrar a mente das missionárias, transformando-as em discípulas submissas, assim como as outras mulheres que mantém aprisionadas em seu porão.
A simbologia da borboleta
Um dos elementos centrais do desfecho é a aparição de uma borboleta. Logo no início, Paxton comenta que, após a morte, gostaria de voltar brevemente à Terra como uma borboleta para confortar seus entes queridos. Essa ideia retorna no final, quando, depois da morte de Barnes e do próprio Reed, Paxton consegue escapar ferida da casa. Uma borboleta pousa em sua mão, num momento aberto a interpretações. Para alguns, trata-se de um sinal de que Barnes ainda a acompanha espiritualmente. Para outros, a cena pode ser apenas uma alucinação da jovem, à beira da morte, sugerindo que ela já teria sido vencida por Reed no porão.
Barnes realmente morreu?
A morte de Barnes é um dos pontos mais ambíguos. Reed corta sua garganta em um ataque brutal, deixando a entender que ela não sobreviveria. No entanto, nos instantes finais, Barnes reaparece para matar Reed e salvar Paxton. Essa cena pode ser interpretada de duas formas: como um último ato de resistência da jovem que fingiu estar morta, ou como uma espécie de ressurreição que espelha as falsas manipulações de Reed. Outra possibilidade é que toda a sequência tenha acontecido apenas na mente de Paxton, como uma visão final antes de morrer.
As mulheres capturadas e o culto do controle
Um dos momentos mais sombrios é quando Paxton descobre as mulheres mantidas em cativeiro no porão. Elas foram capturadas por Reed ao longo dos anos e transformadas em seguidoras forçadas, vivendo à base de medo e submissão. Ele as chama de “apóstolas”, mas na prática são prisioneiras de sua crença distorcida de que a única religião verdadeira é o domínio sobre os outros. O paralelo com práticas religiosas históricas e com a crítica ao poder masculino dentro de certos contextos espirituais é evidente.
A falsa esposa e o primeiro indício
Logo no início, Reed afirma que sua esposa está ocupada fazendo uma torta de mirtilo, o que serviria como justificativa para as jovens permanecerem em sua casa. No entanto, a fragrância vem de uma vela perfumada, e não de uma cozinha ativa. A revelação indica que ele nunca teve uma esposa, mas que suas prisioneiras funcionam como substitutas, obedecendo como se fossem parte de uma relação polígama forçada. Essa mentira inicial já antecipa a verdadeira natureza do personagem.
Confira também:
- Os melhores filmes da Marvel e da DC
- Séries que você precisa assistir se gostou de Virgin River
- Séries que você precisa assistir se gostou de 1992
- K-Dramas que você precisa assistir se gostou de Meninos Antes de Flores
- Séries que você precisa assistir se gostou de Irracional