O K-drama Gatilho, disponível na Netflix, encerrou sua primeira temporada com uma conclusão intensa, reflexiva e marcada por tragédias e escolhas morais difíceis. Criado por Kwon Oh-seung, o suspense policial imagina uma Coreia do Sul dominada pelo caos após a entrada desenfreada de armas ilegais no país — algo que, na realidade, é praticamente impensável devido às rígidas leis de controle de armamentos.
A seguir, explicamos os principais acontecimentos do desfecho da série e o que eles significam dentro de sua crítica social mais ampla.
Moon Baek, o vilão moldado pela dor
Moon Baek (Kim Young-kwang) é o antagonista central da trama. Traumatizado desde a infância após ser traficado para os Estados Unidos com fins de tráfico de órgãos, Baek foi acolhido pela poderosa organização criminosa International Rifle Union (IRU), um mercado negro global de armas. Ele cresceu sob a tutela da IRU, transformando-se em uma figura estrategista, fria e disposta a causar colapso social em seu país natal, que, segundo ele, o abandonou.
Doente e com apenas seis meses de vida, Baek retorna à Coreia com um plano claro: introduzir milhares de armas de fogo no país e testar até onde a sociedade pode ruir diante do medo, da raiva e da fragilidade emocional dos cidadãos. Em sua visão distorcida, cada pessoa carrega um “gatilho” dentro de si — basta um empurrão para que ele seja puxado.
Lee Do, o policial que resiste à violência
Do outro lado da narrativa está Lee Do (Kim Nam-gil), um policial marcado pela dor de ter perdido seus pais e irmão durante um assalto quando ainda era criança. Prestes a cometer um assassinato movido pela vingança, ele foi impedido por seu superior, o Capitão Jo, que posteriormente o criou como filho.
Lee Do representa o ideal de servidor público comprometido com a proteção da sociedade. Mesmo com experiência militar, ele escolhe evitar o uso de armas. Contudo, à medida que a violência armada explode nas ruas, ele é forçado a reconsiderar seus princípios — sem jamais abandoná-los por completo.
A morte de uma figura paterna
Em um dos momentos mais dolorosos da série, o Capitão Jo é assassinado por Moon Baek. Após a filha de Jo tirar a própria vida em decorrência de uma fraude imobiliária, ele decide buscar vingança com as próprias mãos. Porém, Lee Do o impede, apelando para o mesmo raciocínio que um dia o salvou: a vingança não apaga a dor.
Baek, por sua vez, assiste a cena com frustração. Seu objetivo era justamente quebrar o espírito de Lee Do. Ao ver que a compaixão prevalece, ele atira nos dois. Jo morre e Do entra em coma, marcando o início de uma espiral de desespero generalizado na população.
A explosão do caos e o símbolo de resistência
Após o atentado, Moon Baek lança seu ataque final: organiza um comício intitulado “Armas Livres”, onde distribui milhares de pistolas para civis em plena praça pública. O objetivo é simples e perverso — provocar um massacre.
Baek acredita que, diante do pânico e do medo de morrer, as pessoas atirarão umas nas outras. Seu plano, no entanto, falha parcialmente. Lee Do reaparece, determinado a impedir mais mortes. Quando encontra um menino perdido e armado no meio da multidão, ele toma uma decisão simbólica: larga sua própria arma e o abraça.
O gesto é transmitido ao vivo e provoca uma mudança no comportamento do público. A imagem de um policial desarmado confortando uma criança com uma arma nas mãos se torna símbolo da esperança. Esse momento impede que uma enfermeira, por exemplo, mate seus colegas que a humilhavam. A violência começa a cessar.
O destino de Moon Baek e o legado de Lee Do
Moon Baek é encontrado ferido e em coma, possivelmente por um disparo autoinfligido. O diagnóstico é terminal. Paralelamente, membros estrangeiros da IRU começam a preparar novos planos, e uma mulher misteriosa entra no quarto de hospital onde Baek está — tudo indica que seu fim se aproxima.
Enquanto isso, a polícia organiza operações de coleta de armas ilegais. Uma por uma, as pessoas começam a entregá-las, em um gesto de retomada do controle social. Lee Do continua atuando como defensor da paz. Ele adota o menino que salvou, replicando o gesto que um dia recebeu do Capitão Jo.
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