Tyler Perry entrega em Até a Última Gota um drama intenso e surpreendente sobre o colapso emocional de uma mãe solo diante da injustiça social e da dor pessoal. Estrelado por Taraji P. Henson no papel de Janiyah Wiltkinson, o longa-metragem retrata um único dia em que tudo desmorona para a protagonista — desde dificuldades financeiras até a perda irreparável de sua filha. O desfecho do filme, porém, reserva uma reviravolta que redefine toda a narrativa.
Janiyah: a mulher no limite
Janiyah é uma mulher que vive à beira do colapso. Mãe solteira, trabalha em dois empregos para sustentar sua filha, Aria, que sofre de problemas de saúde. Sua jornada começa como qualquer outra, marcada por pequenas humilhações cotidianas: a cobrança do aluguel atrasado, a ausência de dinheiro para pagar o almoço da filha na escola, e o desprezo no ambiente de trabalho.
No entanto, tudo se intensifica rapidamente. Janiyah recebe a notícia de que sua filha foi retirada de sua guarda por suspeita de maus-tratos, quando na verdade os hematomas foram causados por uma queda acidental na banheira. A perda de Aria, mesmo que temporária, é devastadora. Segundo Henson, a atriz que dá vida à personagem, “sua filha é a única razão para ela continuar vivendo”.
A sucessão de tragédias
O dia que parecia já ser o pior de sua vida consegue piorar ainda mais. Após perder a filha, Janiyah é quase atropelada por um policial racista, tem seu carro apreendido e, em seguida, é demitida por ter se ausentado do trabalho. Sem teto e sem rumo, ela retorna ao mercado onde trabalhava para exigir seu último pagamento. Lá, no entanto, é surpreendida por um assalto.
Durante o confronto com os assaltantes, Janiyah acaba matando um deles em legítima defesa, mas seu chefe, Richard, interpreta a situação de forma equivocada, acreditando que ela estava envolvida no crime. Tomada pelo desespero e dissociação emocional, Janiyah acaba atirando em Richard e decide tentar sacar seu cheque no banco próximo — o que desencadeia uma nova e perigosa situação.
O impasse no banco
Com o cheque ensanguentado em mãos e sem um documento válido para retirá-lo, Janiyah perde o controle. Ao mostrar a arma no balcão do banco, o ambiente entra em estado de alerta. A gerente Nicole, ao ver o projeto de ciências de Aria piscando na mochila transparente de Janiyah, confunde o dispositivo com uma bomba e aciona a polícia. Assim se inicia o cerco ao banco, com Janiyah aparentemente mantendo reféns, ainda que involuntariamente.
Nicole e a detetive Kay Raymond, interpretada por Teyana Taylor, são figuras essenciais nesse momento. Ambas reconhecem que Janiyah não é uma criminosa, mas sim uma mulher em sofrimento. Raymond, também mãe solo, cria um vínculo empático com Janiyah, compreendendo suas motivações e dores.
A virada emocional e o grande segredo
Durante as negociações, a presença de manifestantes do lado de fora do banco, exigindo justiça para Janiyah, transforma a protagonista em símbolo de uma causa social. Mas nada disso prepara o público para o momento mais impactante do longa: o telefonema da mãe de Janiyah.
É nesse ponto que a verdade vem à tona — Aria, a filha pela qual Janiyah lutou durante todo o dia, morreu na noite anterior após sofrer uma convulsão. A revelação muda radicalmente a perspectiva do espectador. Acompanhamos a personagem por um dia inteiro acreditando que Aria estava viva, mas tudo foi fruto de um estado dissociativo, uma forma do cérebro de Janiyah proteger-se do trauma insuportável.
O falso desfecho e a escolha narrativa
A sequência seguinte mostra Janiyah sendo morta a tiros pela polícia após não reagir rapidamente à ordem de se render. O impacto é imediato, e a cena parece cravar o final trágico do filme. No entanto, tudo não passa de uma projeção. O filme retrocede e nos leva de volta ao momento em que Janiyah descobre a morte da filha.
Desta vez, ela aceita a realidade. Com o apoio de Nicole, que caminha ao seu lado com as mãos erguidas, e com a mediação de Raymond, que assume o controle da situação, Janiyah se entrega. Ela é algemada com dignidade, diante de uma multidão que reconhece sua dor e aplaude sua coragem.
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