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Entenda o final de A Fera Interior, novo filme de Kit Harington

A Fera Interior é o novo suspense psicológico estrelado por Kit Harington que tem dado o que falar, não tanto pelo terror clássico, mas pela complexidade de seu desfecho. O longa, dirigido por Alexander J. Farrell e inspirado na obra de Edward Levy, começa como um típico filme de lobisomem, mas termina como uma perturbadora metáfora sobre abuso familiar e traumas hereditários. A seguir, destrinchamos os principais elementos que constroem o final enigmático da obra.

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Noah: monstro real ou imaginário?

Entenda o final de A Fera Interior, novo filme de Kit Harington

Noah, interpretado por Harington, é apresentado inicialmente como um pai amoroso, mas também inquieto, que vive isolado com a esposa Imogen e a filha Willow. Ao longo da narrativa, a tensão cresce à medida que Willow, uma menina asmática e de imaginação fértil, começa a desconfiar dos desaparecimentos noturnos do pai em noites de lua cheia. Ao segui-lo pela floresta, ela presencia uma suposta transformação monstruosa que parece confirmar a velha história de maldição familiar: Noah seria um lobisomem.

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No entanto, o clímax do filme vira a história de cabeça para baixo. Após uma sequência tensa, Willow queima o pai vivo para salvar a mãe. Mas é no epílogo que a obra revela sua verdadeira face. Em uma sequência de flashbacks, vemos que Noah nunca se transformou literalmente — o que Willow testemunhou foi uma brutal cena de violência doméstica, reinterpretada por sua mente infantil como uma manifestação sobrenatural. A figura do lobisomem era, na verdade, uma criação psicológica da filha para lidar com a dura realidade.

A infância como filtro narrativo

Entenda o final de A Fera Interior, novo filme de Kit Harington

Boa parte da força dramática de A Fera Interior reside na escolha do ponto de vista: tudo é visto pelos olhos de Willow. Com apenas dez anos, a menina vive cercada de medo, silêncio e tensões não verbalizadas. Sua leitura do mundo é naturalmente distorcida, e isso afeta diretamente o espectador, que embarca em sua perspectiva onírica sem questioná-la — até que a verdade emerge.

Ao representar os abusos do pai como um conto de horror sobrenatural, Willow tenta proteger sua mente do trauma. Livros como Caninos Brancos, que ela lê ao longo do filme, ajudam a compor esse universo paralelo em que o mal precisa de uma forma monstruosa para ser compreendido. Mas nem toda fantasia dura para sempre. Quando o véu da ilusão cai, resta apenas o horror cru da realidade.

O ciclo de violência como “maldição hereditária”

Apesar de dispensar explicações mágicas, A Fera Interior mantém o conceito de uma maldição, mas de ordem simbólica. O que persegue a família Avery não é um lobisomem literal, e sim um ciclo geracional de abuso e omissão. Noah teria sido criado por um pai também violento, e repete os mesmos padrões com sua esposa e filha. Essa “herança” é passada como uma sombra silenciosa, que se aloja em comportamentos, palavras e ausências.

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O momento em que Noah chama Willow de “pequeno monstro” antes de morrer é emblemático. Ele sugere que a menina poderá carregar, no futuro, os mesmos impulsos destrutivos, caso não enfrente essa parte sombria de sua história. A frase final não é apenas sobre ela, é sobre todos que saem marcados por ambientes familiares tóxicos.

Realidade ou metáfora?

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O final ambíguo de A Fera Interior tem dividido opiniões. Para alguns, ele é frustrante por desconstruir a fantasia de maneira abrupta. Para outros, é justamente essa reviravolta que dá profundidade ao longa. Afinal, a grande revelação não está em descobrir se Noah era ou não um monstro, mas em entender que os verdadeiros horrores podem estar nos gestos cotidianos, disfarçados de normalidade.

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A obra também propõe uma reflexão sobre como a imaginação pode se tornar um mecanismo de sobrevivência. Ao transformar o pai em um lobisomem, Willow cria uma narrativa onde ela ainda pode amá-lo, temê-lo e, finalmente, vencê-lo — uma catarse dolorosa, mas necessária.

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João Victor Albuquerque
João Victor Albuquerque
Apaixonado por joguinhos, filmes, animes e séries, mas sempre atrasado com todos eles. Escrevo principalmente sobre animes e tenho a tendência de tentar encaixar Hunter x Hunter ou One Piece em qualquer conversa.