Sandman, adaptação da icônica obra de Neil Gaiman, encerrou sua segunda temporada de maneira poética, sombria e transformadora. A trajetória de Morpheus, o Senhor dos Sonhos, chega ao fim, e com ela se inicia uma nova era com a ascensão de um novo Lorde do Sonhar: Daniel Hall. Entre traições, sacrifícios e renascimentos, a história apresenta um desfecho que reafirma os temas centrais da obra: mudança, perda e esperança.
A queda de Morpheus
O final da segunda temporada marca o fim da jornada de Morpheus (Tom Sturridge), que após milênios de domínio sobre o Sonhar, enfrenta seu destino inevitável. A morte de seu filho Orfeu, um ato de misericórdia após séculos de súplicas, é o catalisador de sua ruína. Mesmo sendo um pedido constante de Orfeu, o assassinato de um membro da própria família é uma violação irreparável no universo dos Perpétuos, punível apenas com a morte.
Ao contrário da resignação fria vista nos quadrinhos, a série apresenta um Morpheus mais emocional, que luta até o último instante para proteger o Sonhar. Ele recria aliados, como o Coríntio, e envia Johanna Constantine para resgatar Daniel, filho de Lyta Hall. No entanto, quando Lyta, manipulada pelas Benevolentes (as Fúrias), se torna o avatar da destruição dentro do Sonhar, Morpheus percebe que não há mais escapatória.
Durante um momento de paz na borda do seu reino, Morpheus chama sua irmã Morte (Kirby Howell-Baptiste) e aceita seu fim. A despedida acontece de forma serena e simbólica, com o mundo mergulhando em uma luz intensa, sinalizando que o Sonhar não termina, apenas se transforma.
Daniel Hall: o nascimento de um novo Sonho
Com a morte de Morpheus, Daniel, filho de Lyta e o único humano concebido dentro do Sonhar, é transformado em uma nova versão do Senhor dos Sonhos. Interpretado por Jacob Anderson, Daniel assume o papel de Perpétuo com hesitação, mas também com um olhar mais compassivo e humano do que seu antecessor.
Daniel não participa do funeral de Morpheus, como manda o protocolo dos Perpétuos. No entanto, observa e reflete sobre seu papel e o legado que herdou. Durante o episódio final, ele é orientado por Destruição, que o encoraja a ser um tipo diferente de Sonho — aquele que pode se conectar verdadeiramente com os outros, inclusive com seus irmãos.
Ele revive Merv com uma nova cabeça de abóbora e traz Abel de volta a pedido de Caim. Ao tentar restaurar Gilbert, ou Verde do Violinista, escuta que a morte precisa manter seu valor, uma lição importante para um ser agora responsável por moldar a realidade dos sonhos.
Lyta Hall, as Fúrias e a destruição do Sonhar
O desequilíbrio final da temporada ocorre com a queda de Lyta Hall em luto, convencida de que Morpheus é o responsável pela suposta morte de seu filho. A verdade é que Daniel foi raptado por Loki e Puck como parte de uma conspiração para desestabilizar o reino onírico. No entanto, em seu desespero, Lyta torna-se a ferramenta das Benevolentes e inicia uma destruição devastadora dentro do Sonhar.
Vidas queridas são perdidas, como Gilbert, Merv e Abel, e a paisagem onírica é dilacerada por sua fúria. Mesmo após saber que Daniel está vivo, Lyta permanece presa à culpa. É Daniel, agora como novo Sonho, que demonstra empatia ao perdoá-la. Ao invés de puni-la, ele a liberta da dor com compaixão, reconhecendo que o sofrimento humano nem sempre se origina de nossas escolhas conscientes.
O legado de Morpheus e o futuro do Sonhar
A transição de poder afeta profundamente os habitantes do Sonhar. Lucienne, fiel bibliotecária e conselheira, considera deixar seu cargo após a morte de Morpheus, mas decide acompanhar Daniel em seus primeiros passos como novo Senhor. Nuala, por sua vez, recusa o convite para retornar ao reino das Fadas, considerando o Sonhar sua verdadeira casa.
A série encerra com Daniel sendo acolhido por seus irmãos Perpétuos, entre eles Destino, Desejo, Desespero, Delírio e Morte. Diferente de Morpheus, que sempre manteve certa distância emocional dos demais, Daniel demonstra abertura, deixando no ar a promessa de um novo tipo de reinado, baseado na empatia e na união.
Lucienne observa essa aproximação com esperança e deixa claro: por ser o primeiro Sonho com traços humanos, Daniel talvez consiga transformar o Sonhar de maneiras que Morpheus jamais conseguiria.
A cena pós-créditos e a reflexão final
A sequência pós-créditos da segunda temporada traz as Benevolentes reunidas em sua morada, discutindo o desenrolar dos eventos. Elas não buscam um veredito definitivo, mas provocam reflexões sobre recomeços, fins e as lições que cada história carrega. Como figuras simbólicas do destino e da vingança, seu julgamento permanece em aberto, assim como os significados que o público pode tirar dessa conclusão.
Confira também:
- Os melhores filmes da Marvel e da DC
- Séries que você precisa assistir se gostou de Virgin River
- Séries que você precisa assistir se gostou de 1992
- K-Dramas que você precisa assistir se gostou de Meninos Antes de Flores
- Séries que você precisa assistir se gostou de Irracional