A abertura de Lobisomem, longa dirigido por Leigh Whannell, foge do convencional ao optar por um plano simbólico e provocativo. Antes mesmo da primeira fala ou do aparecimento do protagonista, o público é confrontado com uma cena intrigante: um zangão sendo subjugado por uma multidão de formigas. Em um filme de terror sobre licantropia, essa imagem pode parecer deslocada, mas carrega significados profundos que se entrelaçam com toda a narrativa.
Mais do que um retrato da brutalidade da natureza, a sequência serve como metáfora para o destino inevitável do protagonista, Blake. Tal como o zangão — que por maior e mais agressivo que seja não escapa do ataque coordenado das formigas — Blake, apesar de seus esforços, será vencido por forças que estão além do seu controle. Esse detalhe inicial não apenas antecipa o tom trágico do filme, como também funciona como chave interpretativa para o restante da história.
O passado traumático de Blake
Logo após a cena das formigas, o filme retorna ao passado de Blake em um flashback que remete à sua infância. Em uma viagem de caça ao lado do pai, ambos são surpreendidos por uma criatura misteriosa. A sequência no alto de uma torre de caça é o ponto de virada onde o terror pessoal e familiar começa a se instalar. Embora ainda seja um menino, Blake é confrontado pela ameaça dos lobisomens — monstros que, mais tarde, marcarão sua vida para sempre.
Esse episódio é o prenúncio de um ciclo de destruição familiar que será retomado no presente da narrativa. Não à toa, o local isolado onde Blake retorna ao longo do filme é o mesmo onde se deu esse primeiro encontro com o horror, enfatizando a ideia de um destino que não pode ser evitado.
A conexão entre Blake e seu pai
A grande revelação do filme acontece em seu clímax, quando descobrimos que o lobisomem responsável por morder Blake é, na verdade, seu pai. A revelação ressignifica toda a trajetória dos dois personagens, colocando-os como vítimas de um mesmo ciclo de violência e maldição. Ambos, como o zangão da cena inicial, tentam resistir. O pai através da caça ativa aos monstros, e Blake fugindo para a cidade e tentando construir uma nova vida. Ainda assim, nenhum dos dois consegue escapar da natureza impiedosa que os cerca.
Essa herança trágica também se conecta com uma leitura mais ampla do filme, que trata não apenas de monstros físicos, mas das marcas emocionais herdadas entre pais e filhos. O horror, aqui, tem raízes profundas e simbólicas.
O destino inevitável e a metáfora final
Na cena final, já transformado em lobisomem e completamente alheio à sua humanidade, Blake é morto por Charlotte e Ginger, sua esposa e filha. A dinâmica inverte o papel dos personagens. Agora, Blake é o predador — como o zangão — que ameaça sua própria família. Mas são elas, mais fracas fisicamente porém conscientes da ameaça, que agem para neutralizá-lo, em um ato de proteção e sobrevivência.
Nesse contexto, o primeiro plano do filme ganha novo sentido. Blake, como o zangão, é derrotado por agentes aparentemente frágeis, mas organizados e determinados. A cena inicial deixa de ser apenas uma metáfora do horror da natureza e passa a simbolizar também o fim de um ciclo — o encerramento de uma maldição familiar.
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