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Do Secos & Molhados ao Amor com Cazuza – Tudo sobre a Homem com H, a cinebiografia de Ney Matogrosso

Aos 83 anos e ainda desafiando o tempo, Ney Matogrosso, um dos maiores intérpretes da música brasileira, é o protagonista de Homem com H, filme que acaba de chegar aos cinemas. Conhecido por suas performances intensas e por ter sido símbolo de resistência durante a ditadura militar, Ney agora tem sua vida contada com delicadeza e profundidade nas telonas. A produção, dirigida por Esmir Filho e estrelada por Jesuíta Barbosa, lança luz sobre um lado pouco conhecido do artista: seus afetos, relações amorosas e a construção de sua identidade fora dos palcos.

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Entre pai austero e amores libertários

Do Secos & Molhados ao Amor com Cazuza - Tudo sobre a Homem com H, a cinebiografia de Ney Matogrosso

A história começa na infância de Ney, marcada por uma relação fria com o pai, um sargento da aeronáutica. O distanciamento afetivo vivido na juventude serve de ponto de partida para o filme explorar como o artista lidou com o amor ao longo da vida. A cinebiografia percorre momentos íntimos e intensos, mostrando que por trás do personagem explosivo no palco, existia um homem sensível, capaz de grandes afetos.

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Dentre os relacionamentos retratados, dois se destacam: o romance com o médico Marco de Maria, seu companheiro por 13 anos, e a breve, mas marcante, relação com Cazuza. Em uma cena de forte carga emocional, Ney presencia a gravação do momento em que declara apoio a Marco após o diagnóstico de HIV. O artista, que acompanhava as filmagens, não conteve as lágrimas. A emoção se estendeu ao set, revelando o quanto aquelas memórias permanecem vivas.

Cazuza: paixão intensa e despedida afetuosa

O encontro com Cazuza é retratado com o lirismo que envolveu o início da relação. O cenário escolhido para reencenar o primeiro contato entre os dois, no Arpoador em 1979, remete à liberdade e efervescência cultural da época. Para compor esse retrato, o filme investiu em uma ambientação fiel ao período, inclusive resgatando a estética dos registros fotográficos homoeróticos de Alair Gomes.

O romance durou apenas três meses, mas deixou uma marca profunda. Ney chegou a dirigir a última turnê de Cazuza, mostrando que, mesmo após o fim do relacionamento, a amizade e o afeto entre os dois resistiram ao tempo. A produção também acerta ao incluir esse capítulo importante da vida de ambos, algo que foi omitido na cinebiografia Cazuza – O Tempo Não Para, de 2004.

Rio de Janeiro como cenário de liberdade e descobertas

Do Secos & Molhados ao Amor com Cazuza - Tudo sobre a Homem com H, a cinebiografia de Ney Matogrosso

Grande parte da vida de Ney se desenrolou no Rio de Janeiro, cidade que também serve como pano de fundo para boa parte da narrativa. A trama passeia por diferentes épocas e bairros, como o Leblon e Copacabana, onde Ney viveu momentos de descoberta e intensidade. Em uma sequência marcante, o filme explora o lado mais sexual e livre do artista, representando suas noites efervescentes de prazer nos anos 1970, com planos fluidos e transições entre diferentes encontros.

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Outro destaque é o reencontro com o primeiro amor, vivido aos 17 anos durante o serviço militar obrigatório. Mesmo em um ambiente rígido e conservador, Ney encontrou espaço para uma conexão afetiva, mesmo que breve. Esses fragmentos, longe de reforçar estereótipos, evidenciam a coragem de um jovem em se afirmar em contextos inóspitos.

Vitalidade e reinvenção aos 83

Apesar do tempo, Ney Matogrosso continua surpreendendo. Vídeos recentes mostram o artista saltando no palco com energia impressionante, virando meme com a legenda: “Como está seu joelho aos 23? O dele está assim, aos 83”. Segundo seu biógrafo Julio Maria, parte dessa vitalidade vem da genética — sua mãe, por exemplo, tem 102 anos — mas também de uma disciplina admirável: alimentação equilibrada, exercícios regulares, noites bem dormidas e o acompanhamento constante de uma fonoaudióloga fazem parte da rotina do cantor.

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Mais que um ícone musical, Ney é um símbolo de liberdade. Para o ator Bruno Montaleone, que interpreta Marco de Maria, o artista representa mais do que uma trajetória de sucesso: ele é alguém que sempre soube o que é resistir e nunca precisou se encaixar em rótulos. O diretor Esmir Filho reforça esse ponto ao dizer que Ney é um homem que viveu a descoberta da própria sexualidade atravessando décadas de opressão com autenticidade.

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João Victor Albuquerque
João Victor Albuquerque
Apaixonado por joguinhos, filmes, animes e séries, mas sempre atrasado com todos eles. Escrevo principalmente sobre animes e tenho a tendência de tentar encaixar Hunter x Hunter ou One Piece em qualquer conversa.