A Disney foi acusada de censura por cortar cenas de demonstração de afeto entre personagens LGBTQIA+ nos filmes da Pixar. A denúncia foi feita de forma anônima por funcionários da Pixar que fazem parte da comunidade LGBTQIA+, por meio de uma carta enviada à Variety.
A decisão de expor a censura veio de uma reação dos funcionários a um memorando enviado por Bob Chapek, atual CEO da Disney. O comunicado foi escrito depois que o estúdio fez doações favoráveis a um projeto de lei LGBTQIAfóbico.
No documento, Chapek cita o projeto “Don’t Say Gay” (“Não Diga Gay”, em português), que tem como objetivo proibir o reconhecimento da existência de pessoas LGBTQIA+ nas escolas, e afirma que a Disney sempre foi contra a proposta. Segundo ele, o “maior impacto” que a empresa pode causar “na criação de um mundo mais inclusivo é através do conteúdo inspirador” que ela produz.
No entanto, essa afirmação não é realista com o que acontece na prática, segundo a carta enviada pelos funcionários da Pixar. De acordo com eles, não é fácil que os executivos da Disney aprovem conteúdos que mostrem relações de afetos entre personagens de diversidade.
Um trecho da carta diz o seguinte:
“Nós da Pixar testemunhamos pessoalmente belas histórias, cheias de personagens diversos, voltando após a revisão de críticos corporativos da Disney, e sendo reduzidas a migalhas. Mesmo que a criação de conteúdo LGBTQIA+ fosse a resposta para corrigir a legislação discriminatória no mundo, estamos sendo impedidos de criá-la.”
Até o momento, os filmes da Pixar contaram com poucos personagens de grupos de diversidade. O mais famoso deles é uma policial ciclope chamada Spectre, dublada por Lena Waithe, que aparece no filme “Dois Irmãos”, de 2020.
A sexualidade da personagem, no entanto, só é brevemente citada em uma cena em que Spectre diz: “Não é fácil ser uma mãe de primeira viagem – a filha da minha namorada me fez arrancar os cabelos, ok?”
Mesmo assim, o filme ainda foi proibido em países como Kuwait, Omã, Catar e Arábia Saudita, e na versão lançada na Rússia, a palavra “namorada” foi alterada para “parceira”.
No mesmo ano, a Pixar lançou um curta-metragem chamado “Segredos Mágicos” no Disney+, sobre um homem gay que luta para se assumir para seus pais.
Outro trecho da carta diz:
“Estamos escrevendo porque estamos desapontados, magoados, com medo e com raiva. No que diz respeito ao envolvimento financeiro da Disney com os legisladores por trás do projeto de lei “Don’t Say Gay”, esperávamos que nossa empresa se manifestasse a nosso favor. Mas isso não aconteceu. […] A Disney afirma cuidar do bem-estar das crianças, mas apoiar políticas como essa prejudica diretamente um de seus públicos mais vulneráveis. Há vidas em jogo e o apoio da Disney pode salvar essas vidas.”
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