A Longa Marcha, mais recente adaptação de uma obra de Stephen King, chegou aos cinemas sob direção de Francis Lawrence, conhecido por Jogos Vorazes. O longa foi escrito por J.T. Mollner e traz no elenco Cooper Hoffman, David Jonsson, Charlie Plummer, Judy Greer e Mark Hamill.
A trama apresenta um futuro distópico em que cinquenta jovens são selecionados para participar de uma competição brutal: caminhar sem parar, mantendo o ritmo mínimo de 4,8 km por hora, até que reste apenas um vencedor. Quem desacelera demais recebe a morte como punição.
Apesar de seguir o espírito do livro de 1979, publicado por King sob o pseudônimo Richard Bachman, o filme faz mudanças significativas tanto na construção dos personagens quanto no desfecho da história.
Alterações na motivação de Ray Garraty
No romance original, Ray Garraty é movido principalmente pelo desejo de reencontrar sua namorada, que estaria o esperando no ponto final da marcha. Já na versão de Lawrence, esse vínculo foi retirado, e a narrativa coloca o foco na relação de Ray com sua mãe.
Outro ponto central é o passado trágico da família Garraty. O longa revela que o Major, interpretado por Mark Hamill, executou o pai do protagonista por ter ideias consideradas ilegais pelo regime. Essa mudança dá ao personagem um novo impulso: Ray entra na marcha em busca de vingança contra o ditador.
Segundo Lawrence, a escolha foi estratégica (via EW). Para o diretor, um protagonista guiado apenas pelo ódio não poderia ser o herói vitorioso da trama, o que influenciou diretamente no desfecho da adaptação.
O papel de Peter McVries
Uma das maiores alterações está no destino de Peter McVries, interpretado por David Jonsson. No livro, McVries desiste na reta final, deixando Ray como último sobrevivente. No filme, porém, a relação entre os dois ganha maior peso dramático.
Ray, percebendo que McVries representa um espírito mais íntegro e otimista, decide sacrificar-se. Ele interrompe sua caminhada e aceita a execução, permitindo que o amigo seja o vencedor. O gesto transforma o final em um ato de amizade e de autossacrifício.
Com a vitória, McVries decide honrar a memória de Ray. Ele pede uma arma como prêmio e atira contra o Major, cumprindo o plano de vingança que o protagonista havia alimentado desde o início.
Diferenças entre o final do livro e o do filme
No romance de King, os três últimos competidores são Ray, McVries e Stebbins. Após a desistência de McVries, Garraty segue até que Stebbins morre repentinamente, vítima do desgaste físico. Garraty vence, mas seu triunfo é amargo, já que termina correndo em direção a uma figura misteriosa, em um final sombrio e ambíguo.
Na versão cinematográfica, Stebbins também morre, mas antes da disputa final. A grande virada está no sacrifício de Garraty e na vitória de McVries, que se transforma no agente da vingança contra o regime. Essa mudança inverte as expectativas do público, tanto dos leitores quanto de quem acompanha a jornada pelo ponto de vista de Ray.
A reação de Stephen King
As alterações levantaram questionamentos entre fãs, mas tiveram o aval do próprio King. De acordo com Mark Hamill, o autor aprovou a escolha de mudar o sobrevivente e elogiou o resultado final.
Lawrence afirmou que a intenção não era trair a essência do livro, mas sim explorar o vínculo entre Ray e McVries como centro da narrativa. Para o diretor, a marcha não é apenas sobre quem sobrevive, mas sobre os sacrifícios feitos ao longo do caminho.
Em entrevista, ele contou que gravar o filme em ordem cronológica permitiu que os atores expressassem o desgaste físico e emocional de forma autêntica, reforçando a força da relação entre os dois personagens.
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