O novo filme estrelado por Channing Tatum, O Bom Bandido (Roofman no título original), parece uma daquelas tramas improváveis que só o cinema seria capaz de criar. No entanto, a história por trás do longa é surpreendentemente verdadeira. Dirigido por Derek Cianfrance, indicado ao Oscar por Blue Valentine e O Lugar Onde Tudo Termina, o filme resgata a trajetória de Jeffrey Manchester, um homem que escapou da prisão e viveu escondido durante meses dentro de uma loja de brinquedos da rede Toys “R” Us.

O homem por trás do apelido “O Bom Bandido”
Jeffrey Allen Manchester nasceu em 1971, em Sacramento, na Califórnia. Ex-integrante da 82ª Divisão Aerotransportada do Exército dos Estados Unidos, ele usou as habilidades aprendidas como paraquedista e soldado — como técnicas de infiltração e camuflagem — para se tornar um ladrão tão engenhoso quanto inusitado.
Sua fama surgiu no fim dos anos 1990, quando começou a assaltar filiais do McDonald’s de maneira peculiar: ele entrava pelos dutos de ventilação ou pelo telhado, esperava escondido até o amanhecer e rendia os funcionários logo ao início do expediente. Antes de trancá-los no freezer, ele pedia que colocassem seus casacos para não sentirem frio. Essa atitude inusitadamente cortês rendeu-lhe o apelido de “Roofman” — ou, como ficou conhecido na tradução brasileira do filme, O Bom Bandido.
De acordo com o Los Angeles Times, um porta-voz do Departamento de Justiça da Califórnia afirmou na época que “muitos dos que ele roubou ficaram impressionados com o quanto ele parecia um homem educado e gentil, um verdadeiro cavalheiro”.
Entre 1998 e 2000, Manchester conseguiu roubar cerca de 40 estabelecimentos em diferentes estados. No entanto, sua sorte terminou em maio de 2000, quando um funcionário de uma unidade da Carolina do Norte acionou um alarme silencioso. Capturado pouco depois, ele foi condenado a 45 anos de prisão.
A fuga cinematográfica e o esconderijo improvável
Em 2004, após apenas quatro anos preso, Manchester protagonizou uma fuga que parece saída de um roteiro de Hollywood. Segundo o SFGate, ele se escondeu sob um caminhão de entregas, utilizando uma tábua pintada de preto para disfarçar sua presença, e conseguiu escapar da penitenciária de Brown Creek, na Carolina do Norte.
Livre novamente, ele percorreu cerca de 80 quilômetros até Charlotte, onde decidiu se esconder dentro de uma loja Toys “R” Us. Durante seis meses, viveu ali praticamente invisível, alimentando-se de doces e papinhas de bebê, e dormindo em um pequeno espaço improvisado atrás da seção de bicicletas.
Manchester instalou câmeras e monitores de bebê para acompanhar os movimentos dos funcionários, além de adaptar o local com móveis infláveis e utensílios furtados. Quando o movimento aumentou durante o Natal, ele expandiu seu refúgio para o prédio vizinho, uma loja abandonada da Circuit City, que chegou a decorar com pôsteres e pintura nas paredes.
Uma vida dupla: o falso nome e o romance
Enquanto vivia escondido, Manchester criou uma nova identidade. Apresentando-se como John Zorn, um suposto funcionário do governo, passou a frequentar uma igreja local e acabou se envolvendo romanticamente com uma mulher chamada Leigh Wainscott.
O relacionamento seguiu durante meses, e Manchester chegou a conquistar a confiança das filhas de Leigh, presenteando-as com brinquedos e doces. No entanto, essa relação seria crucial para sua captura. Em dezembro de 2004, ele tentou novamente roubar a mesma loja em que estava escondido, mas foi denunciado após dois funcionários conseguirem escapar e chamar a polícia.
Com o cerco se fechando, a polícia contou com a ajuda de Leigh. A pedido dos investigadores, ela marcou um jantar com Manchester em janeiro de 2005, no dia de seu aniversário. Assim que ele apareceu, foi preso novamente (via Charlotte Observer).
As liberdades criativas do filme
Apesar de O Bom Bandido se basear em fatos reais, o diretor Derek Cianfrance e o roteirista Kirt Gunn optaram por algumas mudanças para reforçar o drama humano da história. No longa, Leigh (interpretada por Kirsten Dunst) é apresentada como funcionária da própria loja onde Manchester se esconde, algo que não aconteceu na vida real.
Outro personagem criado especialmente para o filme é Steve, vivido por Lakeith Stanfield, um ex-colega de exército que o ajuda a falsificar documentos. De acordo com uma entrevista de Cianfrance à TIME, Steve é inspirado em uma pessoa real que Manchester conheceu, mas cuja identidade nunca foi revelada.
Mesmo com essas alterações, Cianfrance procurou manter o espírito da história intacto, mostrando um criminoso engenhoso, mas também carismático e humano. Como o diretor contou à TIME, Manchester chegou a dizer em uma das conversas que teve com Tatum: “Channing e eu temos muito em comum. Ambos temos muita energia, jogamos na defesa e somos extremamente bonitos.”
O destino de Jeffrey Manchester e o impacto do filme
Após sua recaptura, Manchester foi condenado a 40 anos de prisão e ainda tentou escapar mais duas vezes, em 2009 e 2017, sem sucesso. Atualmente, cumpre pena em um presídio de segurança máxima na Carolina do Norte.
Durante a produção do filme, ele colaborou com a equipe por meio de entrevistas e conversas telefônicas. Leigh Wainscott também participou, inclusive com uma breve aparição no longa como uma guarda de trânsito.
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