Descubra a história real por trás de A Vizinha Perfeita

O documentário A Vizinha Perfeita, lançado pela Netflix em 17 de outubro, reconta um dos casos mais chocantes dos últimos anos nos Estados Unidos. A produção revive a história de Susan Lorincz, uma mulher branca de 60 anos que, em 2023, atirou e matou sua vizinha, a norte-americana Ajike “AJ” Owens, uma mulher negra, mãe de quatro filhos, em Ocala, na Flórida.

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A narrativa é construída exclusivamente a partir de imagens reais de câmeras corporais da polícia e gravações de segurança, sem entrevistas diretas ou depoimentos em estúdio. O resultado é um retrato cru e perturbador de um conflito de vizinhança que evoluiu para uma tragédia, e que levanta debates urgentes sobre violência racial, porte de armas e falhas do sistema judicial.

A “vizinha perfeita” que vivia em conflito

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Susan Lorincz se descrevia como “a vizinha perfeita”, expressão que acabou dando nome ao documentário. No entanto, moradores da região afirmam que ela era uma presença constante nas chamadas à polícia, reclamando de crianças que brincavam em um terreno vazio ao lado de sua casa.

Segundo registros oficiais, desde 2021 ela havia acionado as autoridades diversas vezes, alegando que os pequenos a “ameaçavam” e “invadiam” sua propriedade. Vizinhos e crianças, por outro lado, relatam que Lorincz frequentemente gritava com eles, usava ofensas raciais e até mesmo arremessava objetos, como patins, contra o grupo.

O desentendimento alcançou seu ponto máximo em 2 de junho de 2023. Naquela tarde, um dos filhos de AJ Owens contou à mãe que Lorincz havia jogado um patim nele. Owens, indignada, foi até a casa da vizinha para pedir explicações. Lorincz chamou a polícia e, sem abrir a porta, disparou um tiro através dela, atingindo mortalmente Owens.

O julgamento e a controvérsia das leis “Stand Your Ground”

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Durante o julgamento, a defesa de Lorincz tentou justificar o disparo com base nas leis de autodefesa da Flórida, conhecidas como Stand Your Ground. Essa legislação permite o uso de força letal se houver “fundado temor de morte ou grande dano corporal”. Casos semelhantes, como o de Trayvon Martin em 2013, já haviam reacendido debates sobre disparidades raciais na aplicação da lei.

Entretanto, as investigações mostraram inconsistências no relato de Lorincz. Detetives questionaram por que ela pegou uma arma apenas dois minutos depois de ligar para o serviço de emergência, enquanto sabia que a polícia estava a caminho. Para o juiz responsável pela sentença, a ação da acusada foi motivada mais por raiva do que por medo. Em 2024, Lorincz foi condenada a 25 anos de prisão por homicídio culposo com arma de fogo e cumpre pena atualmente na Homestead Correctional Institution, na Flórida.

A força do documentário

Dirigido por Geeta Gandbhir, amiga próxima da família Owens, o documentário propõe uma reflexão profunda sobre a atuação das forças policiais e a ausência de medidas preventivas que poderiam ter evitado a tragédia. Gandbhir argumenta que, em situações de conflito de vizinhança, mediadores sociais ou profissionais especializados poderiam ter sido acionados antes que o medo se transformasse em violência letal.

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João Victor Albuquerque
João Victor Albuquerque
Apaixonado por joguinhos, filmes, animes e séries, mas sempre atrasado com todos eles. Escrevo principalmente sobre animes e tenho a tendência de tentar encaixar Hunter x Hunter ou One Piece em qualquer conversa.