Whitney Wolfe Herd é a figura central de Deu Match: A Rainha de Apps de Namoro, filme estrelado por Lily James e dirigido por Rachel Lee Goldenberg. A trama acompanha a trajetória da executiva, que começou como cofundadora do Tinder e, após enfrentar episódios de assédio e misoginia, criou o Bumble, aplicativo de relacionamentos que dá às mulheres o poder de enviar a primeira mensagem. Embora inspirado em fatos reais, o longa mistura momentos verídicos com ficções dramáticas, tornando essencial separar realidade de licença artística.
Dos bastidores do Tinder ao nascimento do Bumble
Antes de lançar o Bumble, Wolfe Herd foi contratada por Sean Rad para atuar no marketing do Tinder, chegando a ser reconhecida como cofundadora. Durante esse período, enfrentou um ambiente hostil, dominado por uma cultura machista que a levou a processar a empresa por assédio sexual em 2014. O processo resultou em um acordo milionário e em uma cláusula de confidencialidade, que até hoje impede a executiva de falar livremente sobre os fatos.
No filme, esse contexto é dramatizado para ressaltar os conflitos de poder e gênero dentro do Vale do Silício. Episódios como os ataques verbais de Justin Mateen, também cofundador do Tinder e ex-namorado de Wolfe, aparecem retratados com base em mensagens reais incluídas no processo judicial.
Licenças criativas e mudanças na vida pessoal
Como ocorre em muitas cinebiografias, Deu Match altera detalhes para tornar a história mais envolvente. O romance entre Whitney e Michael Herd, por exemplo, é retratado como um encontro casual em um bar, enquanto, na vida real, os dois foram apresentados durante uma viagem de esqui. Da mesma forma, personagens fictícios, como Tisha (interpretada por Myha’la), foram inseridos para representar debates contemporâneos sobre diversidade e inclusão.
A polêmica com Andrey Andreev
O longa também inclui o empresário russo Andrey Andreev, fundador do Badoo e investidor inicial do Bumble, vivido por Dan Stevens. Na realidade, a relação entre Wolfe Herd e Andreev foi complexa. Em 2019, uma investigação da revista Forbes revelou denúncias de assédio, abuso e irregularidades financeiras envolvendo a empresa de Andreev. O filme, porém, transforma esse episódio em um momento heroico, com um discurso fictício de Whitney denunciando os abusos publicamente.
Na vida real, a resposta de Wolfe foi muito mais contida. Em comunicado enviado ao TechCrunch, ela afirmou estar chocada com as acusações, mas declarou nunca ter presenciado comportamentos abusivos. O tom ambíguo gerou críticas, e a própria Forbes reforçou a veracidade de sua apuração. Poucos meses depois, Andreev vendeu sua participação no Bumble para o grupo Blackstone.
Fato ou ficção: o que realmente aconteceu
Apesar das dramatizações, muitos elementos de Deu Match são baseados em informações públicas. Entre eles, as estratégias de marketing usadas por Wolfe para popularizar o Tinder entre universitários, o desconforto inicial com o nome “Bumble” e o incentivo de Andreev para que ela criasse o aplicativo após descartar outro projeto voltado a adolescentes.
No entanto, por conta do acordo de confidencialidade, boa parte da vida pessoal e dos bastidores jurídicos de Wolfe Herd permanece fora do alcance da produção. O próprio filme reconhece isso em seus créditos finais, informando que alguns personagens e situações foram modificados ou inventados com fins de dramatização.
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