A série Boots, nova produção da Netflix, nasceu de uma história real marcada por superação e autodescoberta. A trama é inspirada nas experiências de Greg Cope White, autor do livro de memórias The Pink Marine, que relata sua juventude como um jovem gay servindo nos Fuzileiros Navais dos Estados Unidos durante uma época em que a homossexualidade era considerada crime dentro das Forças Armadas.
Na adaptação televisiva, o ator Miles Heizer interpreta Cam Cope, uma versão ficcional de White. A série equilibra momentos de humor e drama para retratar um ambiente militar rígido, onde disciplina e preconceito coexistem. Apesar das licenças criativas, o enredo mantém a essência da jornada pessoal e emocional de White, mostrando como o desejo de pertencimento e a necessidade de esconder quem se é podem colidir de maneira devastadora.
Greg Cope White e sua experiência real nos Marines
Em 1979, Greg Cope White, então com 18 anos, decidiu se alistar nos Fuzileiros Navais junto de seu melhor amigo, Dale, através do Buddy Program, que permitia que amigos servissem juntos. Para alcançar o peso mínimo exigido pelo exército, ele teve de improvisar: seu recrutador amarrou um pedaço de chumbo em seu corpo para aumentar a balança. Poucas horas depois, White já estava em Parris Island, na Carolina do Sul, iniciando o rigoroso treinamento militar.
Durante as treze semanas de campo, ele enfrentou exaustão física, medo constante e a pressão de esconder sua sexualidade. Mesmo assim, White encontrou no treinamento algo inesperado: um sentimento de força e disciplina que o acompanharia por toda a vida. Ao final do curso, recebeu uma promoção por mérito, tornando-se um dos poucos de seu pelotão a alcançar o posto de Private First Class.
White permaneceu seis anos nos Marines, servindo em silêncio. Ele aprendeu a adaptar cada frase, a trocar pronomes e a inventar histórias para não levantar suspeitas. O segredo pesava, mas também o fortaleceu. “O mais irônico é que o exército, que me forçou a esconder quem eu era, foi o mesmo que me deu coragem para me assumir depois”, afirmou (via Time).
O contexto histórico e a repressão aos militares LGBTQIA+
A história real de White ocorreu em um período anterior à política “Don’t Ask, Don’t Tell”, que só entrou em vigor em 1994. Antes disso, a homossexualidade era oficialmente considerada “incompatível com o serviço militar”, e milhares de pessoas foram expulsas das forças armadas por sua orientação sexual.
Entre 1980 e 1990, estima-se que cerca de 1.500 militares por ano foram desligados por esse motivo, segundo relatórios do Departamento de Defesa dos EUA. Aqueles que eram descobertos perdiam todos os benefícios e enfrentavam estigma e isolamento. Boots transpõe a história de White para 1990, um período de transição em que as discussões sobre inclusão começavam a emergir, mas o medo da exposição ainda dominava o ambiente militar.
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