Em 15 de outubro de 2009, Falcon Heene, então com apenas 6 anos, tornou-se o centro de uma comoção nacional nos Estados Unidos. Uma gigantesca busca foi iniciada após a notícia de que o garoto estaria preso dentro de um balão voando pelos céus do Colorado. A suposta tragédia mobilizou policiais, a Guarda Nacional e até o Departamento de Segurança Interna. Mas a realidade, como viria à tona pouco depois, era ainda mais inacreditável do que o cenário inicialmente temido.
O incidente que parou os EUA
Naquela tarde, a cena parecia saída de um filme de ficção científica. Um balão prateado, em forma de disco, cortava o céu norte-americano enquanto helicópteros e veículos de emergência o perseguiam com a esperança de salvar a criança. O balão havia escapado do quintal da casa dos Heene em Fort Collins, Colorado. Segundo o filho mais velho do casal Richard e Mayumi Heene, o pequeno Falcon estaria a bordo.
Após cerca de duas horas, o balão caiu em um campo perto de Denver, mas para surpresa de todos, não havia ninguém dentro. Mais tarde, Falcon foi encontrado escondido no sótão da casa da família. O alívio deu lugar à desconfiança. Rapidamente, a imprensa e a opinião pública começaram a questionar se tudo não passava de uma encenação.
A suspeita de farsa e a repercussão na mídia
A principal faísca que inflamou a teoria de que o caso teria sido armado veio de uma entrevista ao vivo concedida à CNN. Quando questionado por que não respondeu aos chamados dos pais enquanto estava escondido, Falcon respondeu de forma inocente: “Vocês disseram que era para o programa”. A frase foi interpretada como uma admissão de que o episódio teria sido encenado para atrair atenção midiática ou até conquistar espaço na televisão.
Somado a isso, o passado da família reforçou as suspeitas. Os Heene já haviam participado do reality show Wife Swap, e Richard era conhecido por tentar divulgar suas invenções incomuns. Pouco tempo depois, as autoridades concluíram que o caso havia sido uma tentativa deliberada de autopromoção.
As consequências legais
As repercussões do caso não se limitaram à opinião pública. Richard Heene foi condenado por tentativa de influenciar um agente público, uma acusação grave nos Estados Unidos. Ele cumpriu 90 dias de prisão. Já Mayumi foi sentenciada a 20 dias. O casal também teve que pagar uma indenização de 36 mil dólares pelo prejuízo causado às operações de resgate.
Richard alegou que aceitou um acordo judicial para evitar que sua esposa fosse deportada ao Japão, embora o Ministério Público do Colorado tenha negado qualquer ameaça de deportação. Anos mais tarde, em 2020, o então governador Jared Polis concedeu o perdão ao casal, argumentando que já haviam cumprido sua pena e que era hora de deixarem o passado para trás.
Vida após o escândalo: a reinvenção dos Heene
Após o escândalo, os Heene se mudaram para Nova York e, mais tarde, estabeleceram residência em Archer, na Flórida. Longe dos holofotes, a família tentou reconstruir sua vida. Os filhos, Falcon, Ryo e Bradford, criaram uma banda de heavy metal chamada Heene Boyz, com músicas que ironizavam o caso, como “Balloon Boy No Hoax”.
Hoje, Falcon Heene tem 21 anos e deixou a música de lado para se dedicar a uma nova carreira. Ele comanda a Craftsman Tiny Homes, uma empresa especializada na construção de casas pequenas. Os imóveis, vendidos por até 80 mil dólares, são promovidos nas redes sociais, onde Falcon compartilha fotos e detalhes dos projetos.
O negócio é tocado em família. Segundo o site oficial da empresa, todos os membros dos Heene estão envolvidos de alguma forma na produção das casas, desde o design até a construção.
As memórias de Falcon
Na série documental Trainwreck: Balloon Boy, da Netflix, Falcon Heene fala pela primeira vez com mais profundidade sobre os efeitos que o episódio teve em sua vida. Ele classifica o assédio da mídia como “insano” e admite ter sentido culpa por muitos anos. Segundo ele, sua fala inocente na entrevista teria sido mal interpretada e contribuído para a prisão de seus pais.
Ele também revela como se sentia pressionado pelas interpretações adultas sobre o que havia dito, afirmando que os adultos “costuraram as palavras” dele para formar uma narrativa que parecia plausível, mas que não condizia com a verdade. Até hoje, tanto Falcon quanto seus pais insistem que o episódio não foi uma farsa.
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