O criador de Round 6, Hwang Dong-hyuk, voltou a enfatizar o papel da série como ferramenta de crítica social e inclusão de grupos historicamente marginalizados. Em entrevista recente ao The Playlist, o diretor falou sobre a importância da representatividade na série, especialmente com a introdução de Cho Hyun-ju, a primeira personagem trans da trama, que estreia na segunda temporada.
Segundo Hwang, desde o início o objetivo era mostrar personagens que refletissem a realidade de minorias oprimidas na sociedade contemporânea. Ele relembra que a primeira temporada já havia apresentado figuras como imigrantes em situação precária, uma desertora da Coreia do Norte e participantes idosos, todos escolhidos por enfrentarem grandes dificuldades dentro de um sistema capitalista excludente. A inclusão de uma personagem trans no segundo ano da série surgiu como uma extensão natural desse compromisso.
Escolha da personagem trans e crítica à sociedade sul-coreana
Ao comentar a criação de Cho Hyun-ju, interpretada por Park Sung-hoon, Hwang revelou que a inspiração partiu de um caso real ocorrido na Coreia do Sul. Um soldado trans foi dispensado após realizar sua cirurgia de afirmação de gênero durante o serviço militar e, pouco tempo depois, tirou a própria vida. A tragédia, segundo o diretor, refletiu o grau de opressão e invisibilidade que a comunidade LGBTQ+ ainda enfrenta no país.
Hwang afirmou que desejava usar a personagem para contribuir na quebra de preconceitos ainda profundamente enraizados. “Queria ter uma personagem que ajudasse a reduzir e, de fato, romper com os vieses presentes na sociedade coreana”, explicou. Ele reforçou que Hyun-ju foi construída como a figura mais ética e positiva da temporada, em um esforço consciente para atribuir à personagem trans um papel de destaque moral dentro da narrativa.
Reação do público e a polêmica da escalação
Apesar da recepção majoritariamente positiva à personagem, a escolha do ator Park Sung-hoon, um homem cisgênero, para interpretar Cho Hyun-ju gerou controvérsia. Parte do público e da crítica questionou a decisão, argumentando que seria mais adequado escalar uma atriz trans, garantindo maior autenticidade e visibilidade à comunidade representada.
Hwang respondeu às críticas com sensibilidade, explicando que, durante a fase de pesquisa, chegou a considerar a escalação de uma atriz trans. No entanto, constatou que há pouquíssimos atores trans assumidos na Coreia do Sul, devido ao ambiente hostil que ainda cerca a comunidade LGBTQ+ no país. “É algo muito triste, mas a realidade é que essas pessoas ainda são invisibilizadas em grande parte dos setores da sociedade coreana”, lamentou o criador (via TV Guide).
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