The Sandman é uma das maiores estreias da plataforma vermelhinha do ano, muito esperada pelos fãs dos quadrinhos ou até mesmo quem nunca leu mas é fã de Neil Gaiman. Mas você sabe quais as diferenças entre as HQs de Sandman e a série da Netflix?
No post de hoje, vamos te contar as principais. Mas cuidado com possíveis spoilers!
As diferenças entre as HQs de Sandman e a série da Netflix
O Tempo de Sandman aprisionado
A premissa básica de Sandman parte do período em que Morpheus é aprisionado por um século pela Ordem dos Antigos Mistérios. Ele é capturado por Roderick Burgess em 1916 e liberado 100 anos depois. Não é especificado em que ano se passa o período moderno, mas o próprio Neil Gaiman já tinha dito que a ideia era ambientar a série em meados de 2020.
Nos quadrinhos, o período que o Rei dos Sonhos permanece enclausurado é um pouco menor — exatamente 72 anos. No caso, ele se liberta em 1988, ano de publicação da HQ. E há um caráter bastante simbólico nesse cálculo: o Sonho some do mundo ao longo de todo o século 20, indicando que o período marcado por guerras mundiais e frias foi quando fomos incapazes de sonhar.
Essa é uma das diferenças entre as HQs de Sandman e a série da Netflix traz algumas mudanças para a história.
Gregory e seu destino
Logo no segundo episódio, há uma cena muito bonita de Sandman buscando maneiras de recuperar parte de sua energia depois de ter se enfraquecido no século de cárcere. Sem suas ferramentas, a solução é absorver alguns de seus sonhos e pesadelos para restaurar uma fração de sua força. No caso, isso resulta na morte do gárgula Gregory, o animal de estimação dos irmãos Caim e Abel.
Só que nada disso está no gibi. No quadrinho, o gárgula realmente age como um cão de guarda e é ele quem encontra o morimbundo Morpheus quando ele retorna ao Sonhar. Contudo, para restaurar sua força, o protagonista absorve algumas cartas que havia deixado com os irmãos e não precisa sacrificar nenhum pet no processo.
Isso faz com que o surgimento de Goldie, o gárgula dourado, também seja diferente. O seriado fez com que ele fosse uma espécie de pedido de desculpas de Sandman. No quadrinho, porém, ele é um presente de Caim para Abel.
Essa é outra das diferenças entre as HQs de Sandman e a série da Netflix deixa o Sandman mais humanizado
A batalha entre Lúcifer e Sonho no Inferno
Um dos melhores episódios da temporada e um dos grandes momentos da HQ, o desafio de Sandman no Inferno para recuperar seu elmo, é fielmente reproduzido na série. A ideia de criarem uma narrativa em que um competidor tenta subjugar o outro funciona muito bem na tela, mas com uma única diferença: os participantes.
O seriado traz o embate entre Morpheus e Lúcifer, enquanto o Senhor dos Infernos fica de fora da disputa nas HQs. No caso, o protagonista precisa vencer o próprio Choronzon, o demônio que trocou o artefato por um amuleto de proteção. Essa é uma diferença entre as HQs e a série.
A mudança parece sutil, mas tem reflexos maiores. A derrota pública de Lúcifer torna-se um elemento a mais para justificar o ódio do Anjo Caído pelo Rei dos Sonhos — o que deve ser aproveitado na próxima temporada.
Outro detalhe é que, ao contrário do que é retratado no seriado, os quadrinhos trazem um Lúcifer que não reina absoluto no Inferno. Ao chegar ao palácio, Sandman descobre que o local agora é um triunvirato e que Lúcifer divide o comando dos exércitos infernais com Belzebu e Azazel. Essa é outra alteração que pode ter implicações futuras.
Outra das diferenças entre as HQs de Sandman e a série da Netflix.
A existência e citação dos super-heróis da DC
Uma das diferenças grandes entre as HQs de Sandman e a série da Netflix. Uma característica muito divertida de Sandman nas HQs é como Neil Gaiman costura essa história cheia de demônios e entidades mitológicas com o mundo de super-heróis. Por ser uma história da Vertigo, o selo adulto da DC, há várias menções à Liga da Justiça e até o Caçador de Marte aparece em determinado momento. Só que nada disso está na série.
A razão é óbvia: por questões de licenciamento, os grandes medalhões da DC nem sequer são citados por aqui. No máximo, vemos bonecos do Batman, Mulher-Maravilha e Flash em determinado momento e, em outro, uma imagem do vilão Capitão-Frio.
Outros dois grandes momentos relacionados aos heróis e vilões da editora também foram alterados, mas merecem tópicos próprios, como veremos à frente.
A participação do vilão Coríntio
O vilão de Boyd Holbrook, o pesadelo Coríntio, já tem a sua aparição no primeiro capítulo da trama como sendo essa figura medonha com dentes no lugar dos olhos e um instinto assassino descontrolado. No entanto, nas histórias em quadrinhos, ele é um personagem que aparece somente em Casa de Bonecas, o segundo arco que corresponde à segunda metade da temporada.
Para justificar essa aura de grande ameaça, os roteiristas prolongaram a sua participação e o colocam como a mente por trás dos planos para destruir Sandman. Assim, ele tenta manipular Ethel Cripps (Joely Richardson) e John Dee (David Thewlis) antes de passar a perseguir Rose Walker.
Foi uma ação sem sucesso, já que ele se torna um vilão um tanto quanto isolado e que em seu final deicou apenas algumas dicas, e ganha relevância mesmo quando passa a desempenhar o papel que os quadrinhos já tinham dado a ele
Uma das grandes diferenças entre as HQs de Sandman e a série da Netflix
A história de John Dee
Essa é outra das diferenças entre as HQs de Sandman e a série da Netflix. E é uma alteração forçada pela ausência de super-heróis. Na série, John Dee é um criminoso considerado como louco que está com a Pedra dos Sonhos, uma das ferramentas de Sandman, e que usou isso para cometer uma chacina no passado. Ao fugir da cadeia, ele usa o artefato para acabar com toda a mentira do mundo — o que inclui também os sonhos.
Tudo isso é feito com um desenvolvimento muito legal do personagem e com uma ótima atuação de David Thewlis, que te faz comprar a lógica do criminoso. Só que, no gibi, a coisa é bem mais simples.
Isso porque John Dee é, na verdade, o Doutor Destino, um vilão da Liga da Justiça que está preso no Asilo Arkham. E, ao fugir da prisão psiquiátrica, ele passa a usar a joia para moldar a realidade ao seu bel prazer pelo simples fato de ele ser mau e ter poder.
Essa é uma das diferenças significativas entre as HQs de Sandman e a série da Netflix.
Os Arcanos
Outra das diferenças entre as HQs de Sandman e a série da Netflix: Após recuperar seu poder com a destruição da Pedra dos Sonhos, Sandman começa a organizar os sonhos e pesadelos que desapareceram de seu reino durante a sua ausência, porém, alguns deles não voltam, ficando conhecidos como Arcanos – Coríntio, Gault e o Verde do Violinista — um a menos do que nas HQs.
Nas HQs, diferentemente da série, traz quatro Arcanos e com algumas mudanças mais significativas e que mudam bastante na dinâmica das coisas. Como o caso dos dois pesadelos, Brute e Glob, que fogem para habitar a mente de Jed Walker, fazendo com que Gault não exista. E eles não fazem isso para proteger o garoto das violências que sofre no mundo desperto, e sim para criar um Sonhar alternativo na cabeça do menino em que pudessem governar fora do alcance de Morpheus.
Com uma ação mais altruísta de Gault, a série faz com que a reação do Sandman seja menos explosiva do que na história original. Ao invés de matar os pesadelos e explodir tudo — o que permite que Jed escape de seu cativeiro —, o protagonista ajuda Rose a encontrar seu irmão perdido.
O outro Sandman
Essa é uma das grandes diferenças entre as HQs de Sandman e a série da Netflix, principalmente para se adequar à ausência de super-heróis e que forçou a Netflix a remodelar todo um núcleo de personagens.
Nos quadrinhos, Neil Gaiman usou essa história dos pesadelos criarem um Sonhar alternativo na cabeça de Jed para explorar uma parte esquecida da história da DC. O que os Arcanos fujões fazem é capturar a alma de Hector Hall e levá-la para essa realidade onírica que eles criaram. Lá, o espírito passa a viver como um herói na fantasia do menino violentado.
Esse super-herói que Hall se transforma também usa o nome de Sandman, em referência a uma das encarnações heróicas do personagem da DC criado por Jack Kirby na década de 1970. Só que ele não sabe que está morto e forçado a viver ali, tanto que leva sua esposa grávida, Lyta, para viver com ele no inconsciente do menino.
É por isso que, quando Morpheus chega ao local, fica irritado e mata praticamente todo mundo. No caso, ele se irrita por ser copiado por um impostor e por tudo ter sido feito por dois lacaios rebeldes.
Na série, porém, tudo isso foi simplificado. É Jed (Eddie Karanja) quem assume o papel do falso Sandman e Lyta (Razane Jammal) se torna uma amiga de Rose que passa a se encontrar com o marido morto no mundo dos sonhos graças ao poder do vórtice.
Sandman e Rose
Tanto nos quadrinhos quanto na série, a grande tensão da trama está no fato de Rose Walker ser o vórtice dos sonhos, uma entidade que causa instabilidade no Sonhar e pode fazer romper as barreiras entre as fantasias das pessoas e causar a destruição do mundo desperto e do próprio reino de Sandman. Por isso, a única solução encontrada para resolver isso é eliminar o problema — ou seja, matando a menina.
Só que o modo com que as duas histórias levam a essa mesma conclusão é bem diferente. No gibi, Morpheus só vai interagir com Rose quando os poderes da garota saem de controle e ela começa a afetar o Sonhar. É quando ele a confronta e revela que precisa matá-la. Antes disso, ele apenas a salva da convenção de serial killers, mas não chega a interagir com ela.
Na série, por outro lado, os dois têm uma relação bem mais próxima. Quando dorme, Rose consegue acessar o Sonhar e discute tanto com Sandman quanto com Lucienne. Além disso, é o Rei dos Sonhos quem ajuda a menina a encontrar seu irmão desaparecido, fazendo com que Jed diga onde está sendo mantido refém.
Assim, os dois cultivam uma espécie de parceria antes do confronto final para resolver o problema do vórtice.
Confira também:
- 5 filmes coreanos para assistir na Netflix
- Netflix está planejando desenvolver novos filmes de Rua do Medo
Em Sandman, um mago tenta capturar a Morte (Kirby Howell-Baptiste) para barganhar pela vida eterna, no entanto, acaba prendendo seu irmão mais novo Morpheus (Tom Sturridge), o Rei dos Sonhos. Temendo por sua segurança, o mago o mantém preso em uma garrafa de vidro por décadas. Após sua fuga, Morpheus, também conhecido apenas como Sonho ou Sandman, parte em busca de seus poderosos objetos perdidos.
Ele está determinado a trazer de volta a ordem para seu Reino e fará o que for preciso para restaurar seu mundo, agora deteriodado depois de sua ausência. Morpheus faz parte de uma família conhecida como Os Perpétuos, um grupo de criaturas imortais que controlam vários aspectos do universo. Além de Morpheus, estão entre os membros A Morte, O Destino, A Destruição, O Desejo, O Desespero e O Delírio.
Mesmo rivalizando com alguns de seus irmãos, Sonho precisará da ajuda deles para recuperar seu Reino e reconquistuir totalmente seus poderes.
No post de hoje, trouxemos as principais diferenças entre as HQs de Sandman e a série da Netflix.
A série está disponível na Netflix.