Entre todos os personagens da Marvel, poucos representam a brutalidade e o desespero humano como o Justiceiro. Criado em 1974 por Gerry Conway, com arte de John Romita Sr. e Ross Andru, o personagem surgiu como um antagonista do Homem-Aranha, mas rapidamente se destacou por sua abordagem sombria e implacável contra o crime. Diferente dos super-heróis tradicionais, Frank Castle não busca redenção nem perdão: ele é um homem em guerra constante, movido pela perda da família e pela certeza de que o sistema falhou.
Ao longo das décadas, roteiristas e artistas exploraram esse trauma sob diferentes perspectivas, transformando o Justiceiro em um símbolo controverso da justiça pelas próprias mãos. Suas melhores sagas revelam não apenas a violência que ele carrega, mas também as cicatrizes de um homem quebrado, cuja guerra nunca termina. A seguir, revisamos as histórias mais marcantes do Justiceiro, que definiram sua essência e o consolidaram como uma das figuras mais intensas e realistas da Marvel.
Círculo de Sangue

A saga Círculo de Sangue, lançada em 1986 por Steven Grant e Mike Zeck, foi o primeiro grande passo do Justiceiro em sua jornada solo. Após anos atuando como coadjuvante em revistas do Homem-Aranha, Frank Castle finalmente ganhou sua própria minissérie em cinco edições.
Na história, ele se infiltra na prisão de Ryker’s Island, onde enfrenta tanto criminosos quanto policiais corruptos. Em meio a uma guerra entre facções, o Justiceiro percebe que o sistema penitenciário é apenas mais uma engrenagem na espiral de violência que ele jurou combater.
A trama marcou o início de uma nova fase para o personagem, mostrando que a Marvel estava disposta a explorar temas mais sombrios e realistas. “Círculo de Sangue” apresentou o Justiceiro em sua forma mais crua: um homem consciente de que sua guerra contra o crime nunca terá fim.
Bem-Vindo de Volta, Frank

Com Garth Ennis nos roteiros e Steve Dillon na arte, Bem-Vindo de Volta, Frank revitalizou completamente o Justiceiro após uma fase desastrosa em que o personagem havia sido transformado em um “anjo da vingança”. Ennis devolveu Frank Castle às ruas de Nova York, em uma guerra particular contra a máfia dos Gnucci, liderada pela impiedosa Ma Gnucci.
A série trouxe um tom de humor negro e personagens excêntricos, incluindo os vizinhos do Justiceiro e uma força-tarefa policial encarregada de caçá-lo. Mesmo com momentos de leveza, a história é marcada por cenas brutais e uma narrativa que equilibra violência e ironia.
Esse arco não apenas recuperou a reputação do personagem, como também deu início a uma das fases mais aclamadas da carreira de Ennis, que mais tarde o levaria à linha MAX, voltada para o público adulto.
No Princípio

A saga No Princípio, publicada nas edições iniciais da série Justiceiro MAX, deu o tom definitivo da abordagem realista e sem filtros que marcaria a nova fase de Frank Castle. Escrita por Garth Ennis e ilustrada por Lewis Larosa, a história se passa trinta anos após o assassinato de sua família, mostrando um Justiceiro mais velho, experiente e implacável.
Nessa trama, ele se torna alvo da CIA, que tenta recrutá-lo para uma operação secreta. Quando recusa, é caçado por seus próprios antigos aliados, incluindo Micro, seu ex-parceiro de tecnologia. O arco combina ação intensa, drama psicológico e uma reflexão sobre até onde vai a convicção de um homem que perdeu tudo.
No Princípio marcou o início da fase mais madura e violenta do personagem, distanciando-o de vez do universo colorido dos super-heróis e o inserindo em um mundo de corrupção, espionagem e guerra urbana.
A Volta dos Que Não Foram

Em A Volta dos Que Não Foram, arco publicado entre as edições 19 e 24 da série Justiceiro MAX, Garth Ennis mergulha ainda mais fundo na mente perturbada de Frank Castle. O vilão Nicky Cavella, um dos mafiosos mais cruéis da Marvel, comete o ato imperdoável de profanar os túmulos da família de Frank, provocando uma fúria incontrolável no anti-herói.
O Justiceiro é emboscado e ferido, mas sobrevive, alimentado apenas pelo ódio. Essa história é uma das mais violentas e psicológicas da fase MAX, mostrando o quanto o trauma do passado ainda guia cada passo de Castle.
Além da brutalidade gráfica, o arco é lembrado pela forma como humaniza o Justiceiro, deixando claro que, por trás da frieza, há um homem em colapso emocional permanente.
Os Escravistas

Logo após os eventos de A Volta dos Que Não Foram, veio Os Escravistas, uma das histórias mais impactantes da carreira do Justiceiro. Também escrita por Garth Ennis, a trama mostra Frank Castle enfrentando uma quadrilha de tráfico humano no Leste Europeu.
Ao descobrir mulheres sendo mantidas em cativeiro e exploradas, ele une forças com uma assistente social para desmantelar a rede de escravistas. Essa é uma das raras ocasiões em que o Justiceiro luta por algo além da vingança pessoal, aqui, ele se torna o instrumento de libertação de vítimas indefesas.
Com uma carga emocional intensa e cenas de violência perturbadora, Os Escravistas é amplamente considerada uma das melhores histórias do personagem, não apenas pela brutalidade, mas pela humanidade que revela sob a armadura do Justiceiro.
Barracuda

A saga Barracuda, publicada entre as edições 30 e 36 da linha Justiceiro MAX, apresenta um dos inimigos mais carismáticos e perigosos de Frank Castle. Criado por Garth Ennis e Goran Parlov, o personagem é um mercenário sádico, inteligente e tão letal quanto o próprio Justiceiro.
Diferente dos mafiosos comuns que Castle costuma enfrentar, Barracuda é um ex-soldado que combina força física, humor debochado e uma completa ausência de moral. O embate entre os dois se torna uma guerra entre predadores, onde apenas o mais brutal sobrevive.
A história também marca uma mudança de foco, colocando o Justiceiro contra criminosos corporativos e esquemas financeiros, um inimigo que não pode ser abatido apenas com balas. É um arco tão sangrento quanto sarcástico, um retrato fiel da insanidade que permeia o universo do Justiceiro.
A Cela

Em A Cela, um especial em formato one-shot da fase MAX, o Justiceiro se deixa capturar de propósito para cumprir uma missão mortal dentro da prisão. Escrita por Garth Ennis e ilustrada por Lewis Larosa, a história mostra Frank manipulando prisioneiros e guardas para provocar uma rebelião em larga escala.
Seu objetivo real é se aproximar de um poderoso chefe do crime encarcerado e executar sua sentença pessoal de morte. O ritmo é claustrofóbico, tenso e implacável, oferecendo uma das histórias mais concentradas e brutais do personagem.
A Cela é um retrato puro da mente tática e fria de Frank Castle, um homem que transforma o caos em estratégia e a prisão em campo de batalha.
Nascido Para Matar

Encerrando esta lista, Nascido Para Matar mergulha nas origens de Frank Castle durante a Guerra do Vietnã. Escrita por Garth Ennis e ilustrada por Darick Robertson, a minissérie acompanha o capitão Castle em sua última missão em Valley Forge, um posto militar cercado pelo inimigo.
A narrativa mostra um Frank já habituado à morte e à violência, revelando que o Justiceiro nasceu muito antes da tragédia que vitimou sua família. A guerra apenas expôs o homem que ele sempre foi.
Nascido Para Matar é uma das histórias mais sombrias e psicológicas do personagem, explorando o ponto de ruptura entre o soldado e o assassino, e como a guerra moldou um dos anti-heróis mais temidos da Marvel.
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