Entre os heróis mais complexos e humanos da Marvel, o Demolidor ocupa um lugar de destaque. Criado por Stan Lee e Bill Everett em 1964, o personagem sempre foi mais do que um simples vigilante mascarado. Sob o traje vermelho do Homem Sem Medo está Matt Murdock, um advogado cego que equilibra a fé, a justiça e o desejo de vingança em uma das narrativas mais intensas dos quadrinhos.
Ao longo das décadas, roteiristas e artistas renomados transformaram as páginas do Demolidor em um verdadeiro campo de exploração psicológica e moral. As histórias do herói raramente são sobre grandes batalhas cósmicas; em vez disso, abordam dilemas éticos, espiritualidade e as sombras da alma humana. Cada saga citada a seguir ajudou a moldar esse personagem multifacetado, que continua a inspirar leitores com sua coragem e vulnerabilidade.
A seguir, revisitamos as melhores sagas do Demolidor, obras que definiram sua essência e o consolidaram como um dos personagens mais profundos e influentes da Marvel.
O Diabo da Guarda

A saga O Diabo da Guarda, escrita por Kevin Smith e ilustrada por Joe Quesada, marcou uma virada decisiva na trajetória do Demolidor e na linha editorial Marvel Knights. A história de oito edições mergulha profundamente na fé e nas dúvidas de Matt Murdock, enquanto o herói enfrenta uma série de tragédias pessoais e dilemas morais.
Karen Page, seu grande amor, descobre ser portadora do HIV e acaba tirando a própria vida, o que deixa Murdock devastado. Em meio ao luto, ele precisa cuidar de um bebê misterioso que pode ser o próprio anticristo e ainda enfrentar o Mistério, um vilão terminal que busca um último ato grandioso antes da morte.
Smith faz um retrato sensível do conflito espiritual do herói, explorando como sua fé católica influencia suas decisões. Com ação intensa, reviravoltas marcantes e uma das mortes mais tristes dos quadrinhos da Marvel, O Diabo da Guarda se consolidou como uma das narrativas mais emocionais do Homem Sem Medo, coroada por um comovente diálogo entre o Demolidor e o Homem-Aranha.
As Crianças Púrpuras

Em As Crianças Púrpuras, a equipe formada por Mark Waid, Chris Samnee e Matt Wilson revisita o legado sombrio do vilão Homem Púrpura (Zebediah Killgrave). Após anos de abusos cometidos contra mulheres, o resultado de seus crimes vem à tona: seus filhos, frutos dessas relações, precisam lidar com a herança genética e psicológica de um pai monstruoso.
Além de abordar temas pesados com maturidade, a saga tem um papel importante dentro da mitologia do Demolidor, pois redefine a forma como o mundo enxerga sua identidade secreta. Waid e Samnee entregam um enredo que combina drama humano, redenção e suspense, destacando o lado mais humano de Murdock diante do trauma e da culpa coletiva.
O Segundo Homem

Com Brian Michael Bendis, Alex Maleev e Matt Hollingsworth, a saga O Segundo Homem redefiniu o crime em Hell’s Kitchen. O arco acompanha Silke, um criminoso ambicioso que tenta tomar o controle do submundo nova-iorquino ao assassinar o Rei do Crime (Wilson Fisk).
A partir desse golpe, segredos são revelados e a identidade de Matt Murdock como o Demolidor se torna alvo de especulações e ameaças. Com o Rei do Crime enfraquecido, seus inimigos se multiplicam, transformando Hell’s Kitchen em um campo de guerra.
Inspirando-se em uma espécie de tragédia shakespeariana moderna, Bendis transforma o arco em um divisor de águas. A violência e a conspiração política redefinem o tom da série, marcando o início da fase mais sombria e realista do personagem.
Roleta-Russa

Roleta-Russa, escrita por Frank Miller com arte de Terry Austin e Lynn Varley, é um dos capítulos mais introspectivos da carreira do Demolidor. O herói visita o Mercenário (Bullseye), seu maior inimigo, hospitalizado após uma luta brutal, e o confronta num jogo psicológico que envolve uma arma e uma bala, uma metáfora poderosa para o peso da culpa e da vingança.
Ainda abalado pela morte de Elektra, o Demolidor questiona sua própria moralidade e o limite entre justiça e punição. O momento em que ele gira o tambor do revólver diante do assassino é um dos mais intensos já escritos por Miller, que desafia o leitor a refletir se o herói está realmente curando suas feridas ou apenas se afundando nelas.
O Homem Sem Medo

Considerada a versão definitiva da origem do personagem, O Homem Sem Medo, escrita por Frank Miller e ilustrada por John Romita Jr., reconta os primeiros passos de Matt Murdock rumo à máscara do Demolidor.
A narrativa acompanha o jovem Matt desde o acidente que o deixou cego, passando pelo treinamento com Stick, até o surgimento do herói que lutaria para proteger Hell’s Kitchen. Usando um traje improvisado preto, o Demolidor começa sua jornada entre o medo e a coragem, aprendendo que ser herói vai muito além da força física.
Com arte robusta e narrativa precisa, a obra mistura realismo urbano e poesia trágica. Essa minissérie redefiniu o tom do personagem para uma geração, influenciando adaptações posteriores tanto na TV quanto no cinema.
A Última Cartada

Em A Última Cartada, de Frank Miller e Klaus Janson, o público presencia uma das histórias mais emblemáticas da Marvel. Aqui, Elektra, ex-namorada de Matt Murdock, retorna como assassina do Tentáculo e acaba sendo morta pelo Mercenário (Bullseye), o arquirrival do Demolidor.
A perda de Elektra não é apenas uma tragédia pessoal, mas um marco na trajetória do herói, que pela primeira vez confronta a própria incapacidade de salvar quem ama. Em uma das cenas mais icônicas, Matt enfrenta o Mercenário em um combate visceral que definiu de vez a rivalidade entre os dois.
Essa saga não só elevou o Demolidor ao patamar de ícone trágico da Marvel, como também consolidou Miller como um dos maiores roteiristas da história dos quadrinhos.
A Queda de Murdock

Nenhuma lista sobre o Demolidor estaria completa sem A Queda de Murdock, escrita por Frank Miller e ilustrada por David Mazzucchelli. Considerada a obra-prima do personagem, a história mostra Matt Murdock sendo destruído física, emocional e espiritualmente após Karen Page, viciada em drogas, vender sua identidade secreta ao Rei do Crime em troca de uma dose de heroína.
Com posse dessa informação, Wilson Fisk orquestra uma série de ataques que destroem a vida de Matt: ele perde o emprego, a casa e a sanidade. Reduzido a ruínas, o herói precisa encontrar forças em sua fé e em sua própria humanidade para renascer das cinzas.
Mais do que uma simples história de super-herói, A Queda de Murdock é uma jornada sobre perda, redenção e resistência. É o ponto mais baixo e, ao mesmo tempo, o mais grandioso da carreira do Demolidor, reafirmando por que ele é, de fato, o verdadeiro Homem Sem Medo.
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