A nova série documental da Netflix, Aqui Quem Fala é o Zodíaco, revive a figura enigmática do Assassino do Zodíaco, um dos serial killers mais notórios e nunca identificados da história americana. Passadas mais de seis décadas desde sua primeira aparição, as razões pelas quais o Zodíaco escapou das autoridades incluem uma combinação de sorte, falhas institucionais e descrições conflitantes. Além disso, a habilidade do assassino de manipular a mídia e a polícia com cartas e cifras complexas contribuiu para solidificar o caso como um dos maiores mistérios não resolvidos.
Descrições conflitantes dificultaram a identificação
As descrições fornecidas pelas testemunhas nunca foram consistentes, e isso atrapalhou as investigações. Dois sobreviventes, que escaparam dos ataques, relataram características divergentes, enquanto o último assassinato conhecido, o do taxista Paul Stine, ocorreu em uma área movimentada, com três adolescentes testemunhando o crime e alertando a polícia. No entanto, a confusão se instaurou: os despachantes policiais inicialmente assumiram que o assassino era negro, levando a uma identificação incorreta.
Após o incidente, as autoridades pararam um homem branco com uma jaqueta escura próximo ao local, mas o liberaram por conta da descrição equivocada. Isso gerou inconsistências na representação do suspeito, com uma descrição emitida pela polícia que não condizia com a de Michael Magou, sobrevivente de um ataque em julho de 1969. Magou descreveu o assassino como um homem branco, de baixa estatura e com um porte robusto, o que contradiz a descrição do suspeito testemunhado pelos adolescentes.
As cartas e cifras do Zodíaco complicaram a investigação
O Zodíaco usava cartas e cifras enigmáticas para confundir e zombar das autoridades, e isso acabou interferindo nas investigações. Enviada em 1969, a primeira carta revelava um desejo de controle e incluía frases enigmáticas sobre seu próprio renascimento e domínio sobre suas vítimas. A segunda cifra, Z340, enviada posteriormente, levou 51 anos para ser decifrada, contendo a afirmação: “Não tenho medo da câmara de gás, pois ela me enviará para o paraíso ainda mais rápido.”
Essas mensagens eram vistas como um jogo de poder e, em muitos casos, confundiam os investigadores, que ainda não estavam equipados para lidar com esse tipo de comunicação. Amadores resolveram as primeiras cifras, mas as autoridades, com técnicas ainda rudimentares, enfrentaram dificuldades significativas em decifrar e rastrear o assassino, permitindo que ele continuasse a enganar a polícia e a imprensa.
Falhas nas técnicas policiais da época
O Zodíaco foi beneficiado por falhas nas técnicas de investigação dos anos 1960. Como seus crimes ocorreram em várias jurisdições, de San Francisco a Vallejo e Napa, cada força policial lidava com o caso à sua própria maneira, sem coordenação adequada. Isso resultou em uma abordagem fragmentada, com evidências sendo negligenciadas ou mal interpretadas. O erro na descrição do assassino após o homicídio de Stine exemplifica a falta de capacidade das autoridades para lidar com o caso.
Além disso, a atenção midiática sobre o assassino dificultou ainda mais a investigação. Com a pressão para resolver o caso e a complexidade dos enigmas do Zodíaco, os policiais acabavam desviando o foco das investigações tradicionais, que poderiam ter levado à sua captura.
O principal suspeito e a falta de provas conclusivas
Arthur Leigh Allen foi o principal suspeito nas investigações. Conectado a uma das vítimas por provas circunstanciais, Allen foi reconhecido em uma linha de fotos por Michael Magou, mas contradito por outro oficial que alegou que ele não correspondia ao perfil do assassino. Ainda que Allen possuísse ligações com os elementos do caso, como uma máquina de escrever do mesmo modelo e um relógio Zodiac, o desenvolvimento de tecnologias de DNA em 2002 exonerou Allen, pois seu DNA não correspondia ao das cartas enviadas pelo assassino.
A busca por outros suspeitos e a incerteza atual
Diversos outros suspeitos surgiram ao longo das décadas, mas nenhum deles pôde ser comprovado. Mesmo com o avanço nas técnicas de análise de DNA, ainda não se chegou a uma conclusão definitiva, apesar do otimismo inicial das autoridades em usar perfis genéticos mais avançados. Em 2007, o caso foi reaberto no Condado de Napa, e investigações recentes, como as feitas em 2018, trouxeram esperanças de que novas tecnologias, como as que prenderam Joseph James DeAngelo, o “Golden State Killer”, poderiam identificar o Zodíaco.
Contudo, os esforços da Netflix em Aqui Quem Fala é o Zodíaco mostram que, embora haja novas descobertas, o enigma do Zodíaco permanece sem solução, e o autor dos crimes mais desafiadores da história dos EUA ainda não foi identificado.
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