O Brasil finalmente conquistou seu primeiro Oscar de Melhor Filme Internacional. Na cerimônia realizada no último domingo (2) em Los Angeles, “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, superou o francês Emilia Pérez, o iraniano A Semente do Fruto Sagrado, a animação letã Flow e o dinamarquês A Garota da Agulha. O prêmio foi entregue pela atriz espanhola Penélope Cruz, marcando um momento histórico para o cinema nacional.
Ao subir ao palco, Walter Salles dedicou o prêmio a Eunice Paiva, protagonista da história real retratada no filme. “Uma honra tão grande. Isso vai para uma mulher que, após uma perda imensurável durante um regime autoritário, decidiu não se dobrar. Esse prêmio é dela. E também das extraordinárias mulheres que deram vida a essa história, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, declarou o diretor.
Inspirado no livro autobiográfico homônimo de Marcelo Rubens Paiva, o filme narra a trajetória de Eunice Paiva, advogada e ativista, que passou décadas buscando respostas sobre o desaparecimento de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, vítima da repressão durante a ditadura militar no Brasil. No papel de Eunice, Fernanda Torres entregou uma atuação elogiada internacionalmente, contando também com a participação de sua mãe, Fernanda Montenegro, que interpreta a personagem com uma idade mais avançada.
Além da estatueta de Melhor Filme Internacional, Ainda Estou Aqui também foi indicado a Melhor Filme, tornando-se o primeiro filme brasileiro a competir na categoria principal do Oscar. Contudo, acabou derrotado por “Anora”, do diretor Sean S. Baker. O longa brasileiro também disputava o prêmio de Melhor Atriz, mas Fernanda Torres foi superada por Mikey Madison, protagonista de Anora.
A vitória de Ainda Estou Aqui na categoria internacional representa um feito inédito para o Brasil, que já havia sido indicado outras quatro vezes ao prêmio, mas nunca havia vencido. As indicações anteriores foram com “O Pagador de Promessas” (1963), “O Quatrilho” (1996), “O Que É Isso, Companheiro?” (1998) e “Central do Brasil” (1999) – este último, também dirigido por Walter Salles.
