J. Robert Oppenheimer, figura central do filme Oppenheimer de Christopher Nolan, é associado de forma indelével à frase “Agora, eu me tornei a morte, o destruidor de mundos”. A citação, presente em dois momentos impactantes do longa que estreia na Netflix em 7 de julho, não surgiu da mente do cientista, mas sim das escrituras sagradas hindus. Oppenheimer a relembrou no instante em que presenciou os efeitos devastadores de sua criação: a primeira explosão atômica da história.
A frase foi extraída do Bhagavad Gita, parte do épico indiano Mahabharata. No texto, o deus Vishnu assume uma forma imponente para convencer o príncipe Arjuna a cumprir seu dever, pronunciando as palavras que Oppenheimer eternizaria na ciência e na cultura popular. Ao recitá-las após o teste da bomba em 1945, o físico revelava o peso moral que carregava por ter sido o arquiteto de uma arma capaz de aniquilar cidades inteiras.
O impacto da frase no filme de Christopher Nolan
Em Oppenheimer, a citação aparece em dois momentos distintos. O primeiro ocorre em uma cena íntima entre Oppenheimer (Cillian Murphy) e Jean Tatlock (Florence Pugh), sua amante e figura importante em sua trajetória. Durante uma conversa marcada por literatura e paixão, Jean encontra o Bhagavad Gita na estante e pede que ele leia o trecho em voz alta. O segundo momento acontece após o bem-sucedido teste da bomba atômica, em meio ao silêncio estupefato do protagonista diante do que havia criado.
Essas duas cenas refletem camadas diferentes do personagem. A primeira mostra um homem ainda guiado pela curiosidade intelectual, pelo desejo e pelo romantismo de suas ideias. A segunda apresenta um Oppenheimer devastado pela culpa, em confronto direto com a realidade que sua ciência desencadeou. Ao repetir a frase naquele instante, ele não está apenas citando um texto sagrado, mas reconhecendo-se como o agente de uma transformação irreversível da humanidade.
A relação entre Oppenheimer e Jean Tatlock
Jean Tatlock, personagem que surge nos flashbacks do filme, tem uma conexão direta com a famosa citação. Na vida real, ela e Oppenheimer compartilhavam uma paixão profunda por literatura e filosofia, o que justifica sua introdução do Bhagavad Gita ao físico no longa. O vínculo entre os dois transcende o relacionamento amoroso, tornando-se também uma ponte intelectual e simbólica.
É significativo que o nome dado por Oppenheimer ao local do primeiro teste nuclear, o “Trinity Site”, tenha sido inspirado por um poema de John Donne, poeta favorito de ambos. Essa ligação entre poesia, ciência e tragédia permeia todo o arco narrativo do filme, costurando a trajetória emocional do cientista com as palavras que mais tarde sintetizariam seu remorso.
O peso moral da criação da bomba atômica
A frase “Agora, eu me tornei a morte, o destruidor de mundos” não é apenas um comentário sobre o poder destrutivo da bomba. Ela também revela o conflito ético interno que consumiu Oppenheimer após a Segunda Guerra Mundial. Apesar de ter contribuído decisivamente para a vitória dos Aliados, o uso das bombas em Hiroshima e Nagasaki manchou sua consciência.
O filme retrata esse dilema de forma intensa, destacando a dor e a angústia que o físico carregou ao longo da vida. Após o sucesso da explosão no deserto de Los Alamos, Oppenheimer não se mostra eufórico. Pelo contrário, sua expressão é de medo. Ele acredita que, ao abrir as portas da tecnologia nuclear, deu início a uma cadeia de eventos que poderia culminar na destruição total da civilização humana.
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