Susan Lorincz, uma mulher branca de 61 anos, cumpre atualmente uma pena de 25 anos de prisão pelo homicídio de sua vizinha Ajike “AJ” Owens, uma mãe negra de quatro filhos morta a tiros em 2 de junho de 2023, na cidade de Ocala, Flórida. O caso, que comoveu os Estados Unidos, é o ponto central do documentário A Vizinha Perfeita, lançado em outubro pela Netflix.

A produção apresenta a história de forma inédita, sem entrevistas ou narradores, usando apenas gravações reais, como chamadas ao 911, vídeos de câmeras corporais da polícia e imagens de segurança. O resultado é uma reconstrução direta e perturbadora de um conflito de vizinhança que terminou em tragédia.
Quem é Susan Lorincz

Antes do crime, Lorincz vivia sozinha em uma casa alugada no mesmo quarteirão que a família Owens. Trabalhava de casa e se apresentava aos policiais como uma mulher tranquila, “a vizinha perfeita”, expressão que acabou nomeando o documentário. Entretanto, os registros do Departamento do Xerife do Condado de Marion mostram que ela havia chamado a polícia diversas vezes para reclamar das crianças da vizinhança, alegando barulho e invasão de propriedade.
Durante o julgamento, testemunhas afirmaram que ela insultava as crianças com palavrões e até ofensas raciais. Vizinhos também contaram que ela filmava as brincadeiras e discutia com frequência com as famílias da rua. Apesar disso, amigos próximos descreveram Susan como alguém gentil e religiosa, o que evidencia um contraste entre sua vida privada e o comportamento agressivo que mantinha com os vizinhos.
O dia do crime
Na noite de 2 de junho de 2023, Lorincz ligou para o serviço de emergência dizendo estar com medo de ser atacada por crianças que brincavam perto de sua casa. Pouco tempo depois, Ajike Owens atravessou a rua para confrontá-la, após saber que Lorincz havia jogado um patim em um de seus filhos.
Testemunhas afirmaram que Owens bateu duas vezes na porta da vizinha, chamando por ela. De dentro da casa, Lorincz disparou uma arma de fogo, atingindo Owens no peito. A vítima foi levada a um hospital local, mas não resistiu. Um dos filhos de Owens, de nove anos, presenciou o momento do disparo.
A defesa e a sentença

Após ser presa, Lorincz afirmou que agiu em legítima defesa, alegando ter “temido por sua vida” quando ouviu Owens batendo na porta e gritando. A defesa se baseou na lei da Flórida conhecida como Stand Your Ground, que permite o uso de força letal em situações em que há percepção de ameaça iminente.
No entanto, as investigações mostraram que a porta estava trancada e que não havia sinais de tentativa de invasão. Durante a sentença, o juiz Robert Hodges classificou o disparo como “completamente desnecessário”, destacando que Lorincz “estava em segurança atrás de uma porta fechada”.
Em agosto de 2024, a ré foi condenada por homicídio culposo com arma de fogo e recebeu uma pena de 25 anos de prisão, a ser cumprida na Homestead Correctional Institution, no sul da Flórida. Seu tempo estimado de libertação é abril de 2048.
A vida de Susan Lorincz na prisão
Em uma entrevista concedida à emissora ABC em setembro de 2025, Lorincz afirmou que ainda se considera inocente, sustentando que o disparo foi um ato de pânico. “Eu estava apavorada, chorando, tremendo. Nunca quis matar ninguém”, disse, visivelmente emocionada. “Isso me destrói por dentro todos os dias. Eu gostaria de poder mudar o que aconteceu.”
A ex-amiga Crystal Maksou contou ao tribunal que a transformação de Lorincz foi difícil de compreender: “Ela era alguém que cozinhava para os outros, cantava na igreja e falava sobre fé. Ver esse desfecho é algo inimaginável”.
A dor e a força da família Owens

Desde a morte da filha, Pamela Dias, mãe de Ajike, assumiu a criação dos quatro netos: Isaac, Israel, Afrika e Titus, que tinham entre três e doze anos quando perderam a mãe. Em depoimentos à imprensa, ela descreveu o impacto permanente da tragédia na família.
“Nosso sofrimento não acabou com a condenação”, afirmou Dias durante a audiência de sentença. “A dor vai durar por toda a vida.” Em 2025, ela contou à CNN que as crianças “demonstram uma força e resiliência incríveis”, mantendo vivas as lições e o amor que herdaram da mãe.
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