Caso você acompanhe o Critical Hits há algum tempo, você pode ter lembrado de já ter visto um artigo com esse nome, “Tirando o Mofo”, antes. Pois então, Tirando o Mofo foi uma série criada pelo lindo do João Victor Sartor – JV para os íntimos – e nela ele falava sobre os jogos de uma forma mais descontraída do que num review, por exemplo. Mas, por conta de coisas da vida, o JV não conseguiu dar continuidade à série e ela acabou caindo no esquecimento. Caso você se interesse na série original, e você deveria, dá para conferir os artigos aqui.
Pois então, eu já estava há um tempo procurando contribuir mais e melhor para o CH e, num momento iluminado, lembrei do artigo do JV falando sobre o Streets of Rage – um verdadeiro clássico do CH – e resolvi dar continuidade ao trabalho do amor da minha vida meu colega de trabalho.
Enfim, comecemos os trabalhos. Eu me considero um aficionado por games e filmes/séries, tanto que me esforço bastante para ter acesso a produtos dessas áreas que fogem um pouco do hype, não que o algo seja ruim por ser mainstream, mas muita coisa boa costuma se perder por falta de divulgação e/ou o do devido reconhecimento pela mídia. Assim, posso dizer que Siren definitivamente faz parte da categoria de jogos “o mundo precisa saber que isso existe”.
O primeiro Siren (ou Forbidden Siren) é um jogo de survival horror (de verdade!) lançado para o inesquecível PlayStation 2 em 2003. Caso você tenha ouvido falar sobre esse jogo, considere-se privilegiado. Já se você teve estômago para zerá-lo (por completo ou não), meu amigo, você está de parabéns.
É importante frisar que Siren é um jogo de terror de origem nipônica, caso você tenha visto O Grito, ou melhor ainda, sua versão original, Ju-On, já dá para ter uma ideia do que esperar de um jogo de terror japonês. Assim, o jogo se passa em uma vila isolada no Japão, Hanuda, a qual possui um aspecto bastante tradicional e sombrio. Logo no início do jogo podemos ver um ritual muito estranho sendo realizado. Mas, como imagens valem mais que palavras, abaixo você pode conferir a intro do jogo.
Vocês perceberam que no começo do vídeo aparece o nome do personagem, a localização, o dia e o horário do acontecimento? Isso se dá pelo fato de você jogar com diversos personagens e o jogo ser dividido em fases (de forma não cronológica) que se dão durante os três dias em que ele se passa. Vocês também viram o policial nada atraente no final do vídeo? Não, ele não é um zumbi, e sim um shibito. Explicar a origem deles seria dar spoilers, mas posso dizer que eles ainda possuem boa parte de suas faculdades mentais ao ponto de ainda possuírem rotinas de “trabalho” e, além disso, eles não morrem, nunca, sério.
A história desse jogo é tão complexa que nem sei direito o que contar, mas, para tentar resumir, a vila de Hanuda pode ser comparada a cidade de Silent Hill (aliás, ambos os jogos foram dirigidos por Keiichirō Toyama), que possui uma espécie de realidade paralela onde o bagulho fica doido jogo se desenvolve. Siren também não mastiga a história para você, é preciso prestar muita atenção, ler os documentos e também procurar na internet por explicações de tanta coisa que envolve essa – em minha humilde opinião – obra prima dos jogos terror.
Você está acostumado a sair tocando o terror nos inimigos no melhor estilo Leon Kennedy? Pode esquecer disso em Siren, visto que o jogo obriga você a quase sempre jogar de uma maneira mais stealth, considerando que na maior parte do jogo você não tem uma arma para se proteger e/ou é fraco demais para enfrentar os inimigos. Quanto à jogabilidade, eu acredito que ela seja um pouco ruim de propósito, dando assim uma maior sensação de vulnerabilidade, fazendo com que você realmente sinta medo dos inimigos, e não os veja apenas como mais um para a contagem de corpos. O jogador também possui a habilidade ver através dos olhos dos shibitos, o que, além de te auxiliar no stealth, dá um ar bem mais sombrio ao jogo, acredite. E eu já falei que os malditos shibitos não morrem? Na melhor das hipóteses você faz com que eles fiquem desmaiados por algum tempo.
Para finalizar, Siren possui dois finais, visto que há fases que possuem duas missões e para liberar essas missões você precisa completar ações que vão além dos objetivos principais em outras fases. Não entendeu? Assim, para você liberar a segunda missão em uma fase que se passa no dia 3, você provavelmente vai precisar ter pego um item ou algo parecido em uma missão que se passa nos dias anteriores. Aí, depois que você completar todas as fases do jogo, você vai ter acesso ao segundo final do jogo e, caso você obtenha todos os 99 arquivos do jogo, o centésimo é liberado e mostra a origem do mal que rodeia o jogo.
Vou parar por aqui porque ainda tenho que falar sobre o “remake” de Siren lançado para o PlayStation 3. Mas, se você tem acesso a um PlayStation 2 e ainda não jogou Siren, eu não sei mais o que fazer para te convencer a fazer isso o mais breve possível. E, caso você conheça o jogo e queira discutir sobre ele, será um prazer responder aos comentários.
Mas enfim, em 2008 Siren: Blood Curse (ou New Translation) é lançado para o PlayStation 3. Blood Curse não é bem um remake do Siren original, mas também não é um jogo completamente novo. Eu já tinha ouvido falar de Siren anteriormente, mas foi só com Blood Curse, em meados de 2009, que realmente o joguei pela primeira vez. Depois zerei Siren e, por fim, zerei Blood Curse novamente.
Dando continuidade, pode-se dizer que Blood Curse é uma versão otimizada de Siren, o jogo possui gráficos impressionantes para um jogo daquela época, assim como Siren também possuía quando foi lançado. Dessa vez a história começa com uma equipe de TV vindo investigar rumores de atividades sobrenaturais na vila de Hanuda. Novamente, aqui você pode conferir a intro do jogo:
Infelizmente, só o áudio do vídeo está em inglês e o resto está em japonês, mas já deu para sentir o tranco. Caso você esteja interessado, tem uma série de vídeos no YouTube com o PewDiePie enchendo o saco jogando Siren.
A jogabilidade foi melhorada, mas ainda está longe de ser uma maravilha. Personagens e partes da história original foram adaptadas ou completamente mudadas. Por exemplo, o personagem que você viu correndo no vídeo acima, Howard Wright, seria o equivalente ao Kyoya Suda, do vídeo anterior. O jogo possui apenas um final e é dividido em capítulos, funcionando de forma bastante similar a uma série de TV.
Os responsáveis por Siren: Blood Curse cometeram o erro de só lançar versões físicas para o jogo no Japão, Austrália e Europa, sendo que para o resto do mundo ele só está disponível através da PSN. Isso definitivamente contribuiu para o fato de o jogo não ter recebido seu devido valor.
O jogo completo está saindo por R$ 40.00, o que parece ser um pouco demais para um jogo lançado há tanto tempo. Mas, cara, se você curte esse tipo de jogo, o investimento vale muito a pena. Espero que eu tenha, pelo menos, feito alguém se interessar por Siren e prometo que se você for atrás de jogá-lo, não vai se arrepender. Ah! Eu sei que Siren 2 e um filme baseado no jogo foram lançados em 2006, porém, infelizmente, ainda não tive acesso a eles.
Tem alguma opinião a dar sobre o retorno do Tirando o Mofo? Comenta aí!
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