Hoje para o Tirando o Mofo eu estou mais underground que o Diabo, mais loxo que o JV depois de tomar Ritalina mais chato que o Tico, mais desprezado que o Rique e mais sedutor que o Bolívar.
A vítima da vez é Deadly Premonition. Eu sei, você provavelmente nunca ouviu falar desse jogo, mas, meu amigo, para o bem ou para o mal, você deveria ter. Mas antes, vou dar uma facilitada, você já ouviu falar de Twin Peaks? Para quem, infelizmente, não conhece, Twin Peaks se trata de uma série investigativa no melhor estilo David Lynch (The Elephant Man, Dune), repleta de surrealismo, além de ser considerada uma das séries mais icônicas já feitas. Você não tem ideia da quantidade de referências a Twin Peaks que existem na cultura Pop como um todo, a série, inclusive, está programada para retornar em 2016, 25 anos depois de seu último episódio.
Mas o que Twin Peaks tem a ver com Deadly Premonition? Tudo, mesmo. Hidetaka Suehiro (D4, Lords of Arcana), também conhecido como Swery65, é o diretor de Deadly Premonition e ele conseguiu encher o jogo com referências a obra de Lynch e, ao mesmo tempo, ser original e criar um verdadeiro clássico cult dos games.
Acredito que cheguei a conhecer Deadly Premonition enquanto pesquisava sobre jogos alguns anos atrás, daí fui procurar pela versão de PS3 na Internet, a qual havia sido lançada recentemente, e acabei achando ela por um valor muito baixo para um lançamento, fiquei apreensivo por um momento, mas acabei criando coragem e comprei o jogo. Fico contente por ter feito isso, porque acabei me apaixonando por ele.
Sendo direto, Deadly Premonition, como um todo, é muito mal feito, ele tem a aparência de um jogo de PS2, os controles respondem muito mal e a trilha sonora é, no mínimo, bizarra, incluindo uma versão de uma música do Mario, a qual você pode conferir abaixo.
Mas o enredo, meu amigo, o enredo é incrível. Novamente, se você tiver visto Twin Peaks, as semelhanças são claras, o assassinato de uma menina popular em uma cidade pequena, os monólogos do personagem principal, a serraria, etc. Mas enfim, a história do jogo acompanha o agente do FBI Francis York Morgan enquanto ele investiga o assassinato de uma garota de 18 anos, Anna Graham (que é dublada pela mesma atriz responsável pela Clementine de TWD), o qual é similar a outros cometidos em outras locações dos EUA, nos quais as vítimas são encontradas rodeadas por sementes vermelhas em um cena de crime que remete a um ritual.
Greenvale, onde o jogo se passa, é uma cidade fictícia no interior do estado de Washington. Ao chegar na cidade, York é recebido pelo delegado, George Woodman, e a agente Emily Wyatt. O relacionamento de York com George é conturbado desde o princípio, já com Emily um clima romântico paira no ar. Com o passar do tempo, mais mulheres vão sendo assassinadas pelo que parece ser o mesmo assassino. York também passa a encontrar com o Raincoat Killer, uma lenda local de um assassino que surge em dias chuvosos, durante suas investigações e, aparentemente, tem relação direta às mortes das vítimas. Umas das coisas mais divertidas do jogo é fugir do Raincoat Killer, onde a tela se divide entre a sua visão e a do assassino. Eventualmente, você joga com o Raincoat Killer e a Emily.
Falando assim, o jogo soa muito sério, mas a verdade é bem diferente, o jogo é repleto de comédia, o que, contra todas as expectativas, casa perfeitamente com seu clima de terror psicológico. Não consegue entender como isso é possível? Confere essa cena que se passa em no restaurante local:
Como deu para ter uma ideia pelo vídeo, Deadly Premonition é repleto de personagens excêntricos. Os personagens também são muito bem construídos. O jogo, diferente do esperado, é de mundo aberto e o possui passagem de tempo e mudanças climáticas, por exemplo, certos eventos só ocorrem durantes certos climas e/ou intervalos de tempo. Sem contar que os NPCs possuem rotinas próprias. York também precisa tirar sua barba, lavar suas roupas, abastecer seus veículos, se alimentar, dormir, etc.
O jogo está cheio de easter eggs, referências e segredos. Uns dos meus momentos preferidos no jogo são os monólogos de York no carro falando sobre obras cinematográficas, como A Clockwork Orange, The Goonies, Ferris Bueller’s Day Off, Back To The Future e muito mais. Eventos assim dão personalidade para o jogo.
Se você ainda duvida da experiência única que é jogar Deadly Premonition, o jogo possui o recorde mundial de jogo de survival horror com críticas mais divergentes registrado no Guinness.
Claramente, eu me enquadro no grupo que ficou fascinado pelo jogo. E, caso você tenha o interesse por jogos que eu espero de um leitor do CH, ainda mais se você tiver lido esse artigo at[e aqui, não sei o que você está esperando para jogar Deadly Premonition.
É bom lembrar que a versão Director’s Cut do jogo que foi lançada para PS3 e PC, já ficou de graça no mês de dezembro do ano passado para os assinantes da PlayStation Plus, e se você perdeu essa oportunidade de pegar o jogo na faixa, só posso lamentar.
Não esqueçam que o feedback de vocês é muito importante para a continuidade da série de artigos, então não deixem de comentar! Boa jogatina a todos e até a próxima!
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