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Sound Test: Papo & Yo

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Saudações! Hoje, seguindo a linha violenta dos dois primeiros Sound Test com Hotline Miami e Payday 2, temos Papo & Yo. Sim! Papo & Yo é um game que aborda a violência, mas diferente dos outros citados acima, nesse game temos o ponto de vista do violentado.

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Papo & Yo foi diferente de tudo que já joguei, tanto na estética como na história e trilha sonora. Dando um tapa na cara do gamer convencional, Papo & Yo te apresenta Quico, o protagonista negro, sul-americano e pobre. Cenário da história? Uma favela. Isso já seria o suficiente – pelo menos – para chamar sua atenção para esse game.

O game foi produzido pela Minority Media e lançado no final de 2012 para Playstation 3 e, mais tarde, lançado para PC (2013). Falando em termos um pouco mais técnicos, Papo & Yo é um Fantasy Puzzle Plataformer 3D. A mecânica do game é bem simples e tem o básico para ser um game do seu estilo, você controla sua personagem que corre pelo cenário, pula e interage com alguns objetos.

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Pra você que ainda não conhece o game, olha ai o trailer oficial:

Quando mergulhamos um pouco mais na história do game podemos perceber que o tema do jogo é bem mais profundo do que parece. Papo & Yo conta a história de um menino que sofre abusos dentro de sua casa e, para suportar essa aflição, Quico foge para um lugar fantástico onde é guiado por uma menina com um giz mágico e se aventura pelas favelas com seu amigo/brinquedo Lula, um robozinho muito simpático que ajuda na resolução dos Puzzles. Sobre esse tópico vou ficar por aqui para não dar spoiler demais!

O que esperar de um game que mistura tudo isso? Localização inconvencional, personagem inconvencional em um mundo fantástico?

Esperamos que esse game seja empurrado por uma trilha sonora igualmente inconvencional e diferente. É exatamente isso que temos. Trabalhando em parceria com a Minority Media, Brian D’Olivera da La Hacienda Creative foi o responsável por todos os sons que você ouve no game, começando com efeitos sonoros em geral, como o barulho feito pelo robozinho Lula até as composições das faixas que tocam durante o game. Um trabalho primoroso e feito da maneira mais analógica possível. Podemos perceber isso quando nos atentamos aos sons e as músicas do game. Tudo tem um som mais visceral um som gordo, pesado e cheio de sentimento.

Olha aqui um vídeo que mostra um pouco como foi feito o trabalho desse grande artista Brian D’Olivera para Papo & Yo em seu estúdio:

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É muito interessante ver objetos da cultura brasileira presentes na produção dessa trilha. As referências ao Brasil começam já na primeira faixa. Strange New World, flerta a todo o momento com samba no seu ritmo e em sua sonoridade usando cuícas, pandeiros e apitos, todos muitos tradicionais na música brasileira.

Os flertes de Brian D’Olivera com a cultura brasileira não param por ai. O compositor usou uma cuíca para as animações do robozinho Lula.

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Escuta ai a Strange New World:

Nessa mesma linha de samba e ritmos latinos alegres temos a The Lost Song com um tempo mais rápido e já mergulhando num clima mais intimista em certos momentos da faixa. Tanto a Strange New World quanto a The Lost Song são introduções da trilha Sonora como um álbum, o que faz muito sentido, por que depois dessas duas musicas a trilha entra numa espiral cada vez mais intimista e ambiental com sons mais carregados de efeitos e tempos mais lentos que dão um tom mais emocional a trilha sonora.

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Afundando em um tom mais mágico e fantástico temos faixas como a Over the Inferno, New Hope, In the Deep e a Relax, Why don’t you. Todas essas abusam dos delays e reverbs para dar aquele climão de sonho e misturam violões dedilhados e flautas numa dança que cria melodias muito agradáveis aos ouvidos. Apesar da pegada mais espacial dessas trilhas elas ainda continuam fortemente alicerçadas em raízes sul-americanas com toques de samba, salsa e música andina.

Uma das minhas preferidas nessa linha é a In the Deep, uma faixa muito curta pro meu gosto, mas que é uma delícia de se ouvir. Escuta só:

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Uma das coisas que me chamou bastante atenção foi como as trilhas são inseridas no game, as músicas avançam conforme o game avança, ou seja, um trecho da música fica tocando em loop até que você realize uma ação no game e ative o gatilho para a musica avançar. Esse foi um trabalho muito bem feito e que dá uma fluidez muito bacana ao game e a relação da ost com o game fica muito mais interessante.

Papo & Yo é daqueles games ame ou odeie. Se analisarmos o jogo de um ponto de vista mais restrito sobre mecânicas de jogo e dinâmicas do gameplay vamos colocá-lo na categoria “Não Jogue”, pois o game é muito simples e chega a ser monótono em seus Puzzles e limitado na jogabilidade, mas se fizermos uma analise mais completa do game como uma obra, vamos perceber uma coisa muito mais profunda. Papo & Yo é uma experiência corajosa que só os indies podem proporcionar ao gamer. Pra mim, Papo & Yo foi responsável por refrescar minha relação com os games, porque usou a plataforma “Jogos Eletrônicos” não para criar um game em si mesmo, mas usou o game como uma tela, como uma folha para contar um história, e isso é que faz a industria de games a se afirmar como mais que simples entretenimento e elevar essa mídia ao patamar de arte.

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Não posso finalizar esse texto sem falar da melhor música da trilha que é a Liberation, musica que toca na cena final e nos créditos. Essa musica nos dá uma sensação quase espiritual quando a história do game é concluída. Liberation é a única faixa que tem linha vocal e foi gravada por um coral de crianças cantando na língua do universo de Papo & Yo. Se toda a trilha do jogo fosse essa musica tocando em loop já seria o suficiente para me convencer que Papo & Yo tem uma das melhores e mais corajosas trilhas sonoras no universo dos games

Escuta ai a Liberation:

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Hoje a trilha sonora está disponível no BandCamp

Se ficou com vontade de jogar é só visitar a loja da Steam e colocar na sua wishlist. Na Steam você também pode comprar a trilha sonora original do game.

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Rodrigo Roman
Rodrigo Romanhttps://bandcamp.com/rodrigoroman
Rodrigo R. Roman é nosso colaborador e escreve principalmente sobre trilhas sonoras e jogos de PC, além de ser nosso Rique favorito. Participante eventual do Critical Cast e dono do canal Siga Bem, Amigo Gamer, Rique ainda trabalha na Chamex e é disparado o melhor passador de guarda do site.