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Saiba mais sobre como que a indústria de videogames quase morreu – Parte 1

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Você sabia que a indústria de videogames quase faliu como um todo durante os anos 80? Isso aconteceu na primeira metade da década, quando o setor atingiu um pico de 3.2 bilhões de dólares no ano de 1983. Depois disso, foi completamente ladeira abaixo, caindo para cerca de 100 milhões de dólares (sim, quase 97% de queda, imaginem a quantidade de firmas que foram à falência por conta disso).

Os principais motivos dessa quebra podem ser enumerados da seguinte forma:

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1. Excesso de jogos e consoles no mercado

O mercado de jogos do início dos anos 80 era uma coleção infinita de videogames e de consoles. Só nos Estados Unidos, existiam o Atari 2600, o Atari 5200, o Bally Astrocade, o ColecoVision, o Coleco Gemini, o Emerson Arcadia 2001, o Fairchild Channel F System II, o Magnavox Odyssey, o Mattel Intellivision, o Sears Tele-Games, o Tandyvision e o Vectrex.

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De todos esses nomes, eu aposto os dedos da  minha mão esquerda que você não conhece mais do que uns 5 ou 6. Pensem só um mercado onde há 12 consoles concorrendo simultaneamente. É console demais para consumidor de menos, ainda mais nos anos 80. Cada um desses consoles tinham uma grande biblioteca de títulos, feitos tanto pelas empresas que lançaram os consoles quanto third parties. Infelizmente, quanto há gente demais num mercado, os lucros caem e alguém, algumas vezes todo mundo, vai acabar quebrando.

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2. Competição com computadores caseiros

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O computador, hoje em dia, é praticamente um item essencial dos lares do nosso país, mas isso demorou um tempo até acontecer. Nos Estados Unidos, esse processo se deu na década de 80. Com a chegada dos computadores caseiros, você podia fazer várias tarefas, dentre elas, jogar. Como os computadores ofereciam algumas vantagens em relação aos videogames da época, como a possibilidade de serem usados para ‘trabalho’, produção de textos, além de terem mídias de distribuição mais baratas do que os cartuchos (os disquetes e fitas VHS), eles acabaram ganhando terreno e roubando consumidores que poderiam comprar videogames.

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3. Perda do controle de publicação

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Lembram do excesso de consoles que o mercado de jogos tinha? Bom, junto com ele, também havia um excesso de títulos disponíveis, que foi agravado com um caso na justiça americana quando a Atari processou a Activision por ter fabricado jogos para o Atari 2600. No fim das contas, a Atari perdeu o processo e a Activision (e qualquer outra empresa) poderia publicar jogos no Atari com ou sem o consentimento da empresa.

Isso acabou gerando uma corrida no mercado, onde diversas empresas que nunca sequer haviam lançado um jogo abriram uma divisão de jogos e começaram a fazer espionagem industrial, engenharia reversa e outras técnicas como cooptar trabalhadores das rivais para conseguir fabricar jogos para os consoles delas.

Com essa perda de controle, a quantidade de jogos que chegava às lojas era gigantesca, algo que não ocorre hoje em dia pela porrada de medidas tomadas pela Nintendo, Sony e Microsoft para garantir que só eles e as empresas licenciadas tenham o know how de como fabricar jogos para os consoles. O resultado disso foi uma paralisação nos lançamentos de jogos, já que os antigos ainda estavam à venda.

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4. Altos orçamentos desperdiçados

Você já deve ter ouvido falar de E.T. o Extraterrestre, certo? O jogo que “faliu a Atari”. Bom, não foi bem assim, mas quase. A Atari, assim como outras empresas durante bolhas, perdeu o controle dos orçamentos e das projeções de vendas. É muito fácil ganhar dinheiro durante uma bolha, o problema é saber quando ela vai estourar, nesse momento, todo mundo perde e foi isso que aconteceu.

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A Atari liderava o mercado na época, mas cometeu duas grandes falhas com E.T, o Extraterrestre e a versão caseira de PacMan. A primeira foi um fracasso total de vendas por causa da baixa qualidade do jogo. A Atari previu que cerca de 5 milhões de unidades seriam vendidas, quando, na verdade, 1.5 milhões de unidades realmente saíram das lojas. O resultado disso foi uma receita de 25 milhões de dólares contra um custo de 100 milhões. Traduzindo para números de hoje, a Atari teria perdido 178 milhões em apenas um jogo.

Com a versão de PacMan, aconteceu o mesmo, a Atari previu que muitas unidades mais do que realmente foram comercializadas sairiam das lojas.

Tudo isso acabou colocando uma série de dúvidas no mercado de jogos. Lojas de brinquedos começaram a recusar lançamentos, empresas fabricantes de videogames e de jogos foram à falência, empresas tradicionais na época nunca mais voltaram ao mercado e, obviamente, os lucros foram lá embaixo. A Atari foi dividida em duas companhias em 1984, a Atari Games Inc e a Atari Corporation. Ambas já não existem mais.

Assim concluímos a nossa primeira parte do artigo. Na próxima, contaremos como o mercado reagiu para evitar que isso aconteça novamente e como o NES salvou a indústria. Espero que vocês tenham gostado dessa pequena aula de história dos jogos. Caso seja interesse dos leitores, podemos fazer artigos especiais com a história de alguns videogames obscuros, como os citados aqui.

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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.