O mundo dos jogos de smartphone e tablet segue em franca expansão, e continua sendo uma das melhores alternativas para quem quer entrar no mundo dos desenvolvimentos de jogos, afinal de contas, o seu jogo pode muito bem virar um hit internacional, como no caso de Flappy Bird, e te deixar rico da noite pro dia.
Ainda assim, o público de jogos mobile não é exatamente homogêneo, e costuma variar bastante de continente para continente. Para trazer um jogo, por exemplo, desenvolvido inicialmente para o mercado asiático para o Brasileiro, há uma série de passos necessários a serem tomados, e hoje comentaremos alguns deles aqui.
Conversando com Felipe Atkocius, da Game Hollywood, descobrimos que há uma grande e principal diferença entre o público de games do mercado asiático, principalmente chinês e arredores, e do mercado brasileiro.
Enquanto o asiático não gosta de pagar por um jogo e prefere gastar constantemente em microtransações, até mesmo por causa da compulsão em apostas que é cultura no país, o brasileiro é um tipo de público um pouco diferente, que não costuma gastar tanto assim em jogos mobile. No caso do mercado brasileiro, é muito melhor uma produtora investir em propagandas e recompensas por assisti-las, por exemplo, ao invés de vender packs de vida e assim por diante.
Um dos motivos para isso é o fato de que o brasileiro está culturalmente acostumado a não gostar de pagar pelos jogos de jeito nenhum, seja o preço dele para venda (por causa do histórico de pirataria das gerações passadas de consoles), seja em microtransações, que até têm sido mais consumidas por aqui, mas num ritmo bem menor do que o do mercado asiático, por exemplo.
Ainda assim, é praticamente impossível um jogo se sustentar apenas de propagandas, o que acaba fazendo que a empresa tenha que desenvolver estratégias para que o jogador comece a gastar dinheiro nele, mas uma vez que isso acontece pela primeira vez, as próximas acabam sendo bem mais prováveis de acontecer.
Outro ponto bastante importante ao se lançar um jogo por aqui é a localização dele, e não apenas traduzir o jogo para o português e lançá-lo assim. Todo mercado tem suas peculiaridades, e para dar um exemplo de como isso tem que ser levado a sério, Atkocius comentou sobre o jogo Devil Age da Game Hollywood.
“A Game Hollywood tem um jogo para PC chamado Devil Age, nele você recruta demônios, deuses e anjos para lutar ao seu lado. Quando os demônios lançavam magias uma estrela de Davi mágica aparecia no chão, o que poderia ser interpretado como “Magias satânicas utilizam simbologia Judia”. Para evitar problemas com a comunidade Judaica, alteramos para um pentagrama na versão ocidental. Localização não é só a linguagem, mas também símbolos e significados visuais.”
Para completar, não basta apenas lançar um jogo que se sai bem num mercado nos outros sem saber se é esse o tipo de jogo que o fã demanda. Aqui no Brasil, por exemplo, Atkocius comenta que o jogador prioriza o gameplay desafiador, exigir habilidade e ser competitivo.
“Enquanto na Ásia muitos RPGs que possuem um modo automático de batalha fazem sucesso, no ocidente ter controle de suas ações é algo básico e necessário. O jogador precisa ser recompensado pelas suas ações e habilidades, é diferente da Á sia onde eles basicamente apenas precisam passar um tempo no jogo para vencer.”