Ser gamer no Brasil na década de 80 e primeira metade dos anos 90 não era nada fácil, amigos. O país tinha uma série de restrições comerciais devido principalmente à promoção da indústria interna e à dívida externa do país, que fazia que a maioria dos dólares ganhos com o comércio fossem usados para isso e não para consumo, como hoje em dia, que podemos importar 35 porquinhos lanterna da Deal Extreme sem a mínima dificuldade.
Para resolver esse problema, diversos produtos de fora foram pirateados na cara de pau por empresas daqui, e, como isso é um site de games e não de economia, vamos nos focar nele, no Nintendinho, console mais clonado da história. Vamos a eles?
1. Top Game
O Top Game, como pode ser visto na foto acima, foi um console fabricado pela CCE, mundialmente famosa pela sigla que significa Conserta, Conserta, Estraga. O teve três versões durante o seu ciclo de vida, sendo essa acima com um design inspirado no Atari, o modelo VG 9000.
Uma vantagem do Top Game em relação ao Nintendinho original era que ele possuía entrada tanto para cartuchos de 60 quanto de 72 pinos, rodando assim jogos japoneses e americanos.
Aliás, uma curiosidade sobre o Top Game, o primeiro modelo dele, o SG-1000, era tão ruim que não tinha conexão de controles. Caso algum botão de um dos joystick estragasse, você tinha que levar o videogame inteiro para o conserto. Considerando a fabricante do produto, isso não era nada animador, né?
2. Dynavision II
O Dynavision II, da Dynacon (você certamente já ouviu falar dessa empresa), foi mais um clone do NES. Esse, na verdade, é somente uma remodelação do Dynavision I, que era um clone de Atari, mas com CPU e afins do NES, além da entrada para cartuchos remodelada. O console vinha com aqueles cartuchos de “todos os jogos imagináveis da terra” contendo variações e mais variações de Tetris, Contra e afins. Um diferencial dele em relação aos outros “Famiclones” é o joystick usado, que é o manche do Atari.
3. BitSystem
Dando continuidade à nossa lista, temos o BitSystem, console acima que eu até achei à venda no Mercado Livre. O Design dele é inspirado no NES, apesar de ter um visual mais grandalhão e parecido com um computador (ou uma caixa de correio). Ele tinha entrada apenas para cartuchos americanos e era fabricado pela empresa Dismac.
Eu nunca tinha ouvido falar sobre essa empresa, mas fazendo uma pesquisa rápida, ela era líder no mercado brasileiro de calculadoras na década de 70, tendo se aventurado no mercado de computadores e de videogames durante a década de 80 e chegou a representar 20% desse mercado brasileiro nesse período.
4. Phantom System
O Phantom System foi de longe o clone mais famoso da época. Ele foi fabricado pela Gradiente (que viria a representar a Nintendo aqui no Brasil no futuro, vejam que ironia) e tinha controles claramente copiados do SEGA Mega Drive, com um botão turbo no lugar do botão “C” dos joysticks do console da SEGA. Ele vinha com entrada de 72 pinos para cartuchos americanos e possuía um adaptador de 60 pinos para cartuchos japoneses.
É interessante notar que a Gradiente não pretendia lançar um clone de NES no país e sim um de Atari 7800, mas a queda no interesse do consumidor pela linha Atari acabou fazendo-os mudar de ideia. O console a ser lançado tinha o mesmo design do atual, tendo apenas o seu interior sido modificado.
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