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O mercado de jogos deveria ser (mais) regulamentado?

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Antes de mais anda, deixa eu dizer uma coisa: regulamentação não é um palavrão. Regulamentação não é nada mais nada menos do que um conjunto de medidas aos quais um assunto ou grupo de entidades que faça parte de algo deva se submeter. Ou seja,, no mundo dos negócios, ela pode ser tanto benéfica para produtores (quando o governo aumenta as barreiras necessárias aos produtos entrarem no país, por exemplo, ele está beneficiando as indústrias locais) quanto os consumidores (quando exige-se que não se coloque formol no leite, só pra citar um caso recente).

Dito isso, vocês devem estar se perguntando “regulamentar para que?”, bom, essa é a pergunta a qual eu quero responder hoje, o mercado está livre demais? Será que não precisamos de alguma regulamentação mínima a mais? Eu acredito que sim e vou dar três exemplos para vocês:

1. Candy Crush

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Quem aí joga Candy Crush? É, eu imagino que 95% dos leitores dessa postagem. Pois então, Candy Crush é um jogo de azar e eu digo isso com todas as palavras. O jogo não é tipo Poker, onde você confia na habilidade para passar das fases. Ok, é necessário habilidade, mas muitas vezes o jogo te coloca num beco sem saída, onde não é possível passar de uma fase ou outra e fica te trancando ali até você dar sorte de sair com as peças certas na hora certa ou mandar o jogo pro inferno e sair por aí comprando boosters.

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Por que vocês acham que tem algumas fases onde todo mundo tranca? Para eles arrecadarem, óbvio. Tem muita gente por aí que não tem paciência para esperar os amigos mandarem vidas, ou para que as peças saiam na hora certa, e que acabam gastando verdadeiras fortunas comprando boosters e vidas. Tudo para evitar exatamente o que o free to play força os jogadores a não fazerem: jogar.

O modelo free to play é uma sacanagem sem tamanho com os jogadores. Nele, você é impedido de jogar pela máquina por “falta de energia”, ou de vidas, ou de outras maneiras criativas, como armas muito poderosas para quem gasta a “moeda especial do jogo e acaba com o equilíbrio dele’. Entenderam onde eu quero chegar? São maneiras do jogo te sacanear e testar o quanto tu aguenta até abrir o bolso e isso incrivelmente dá certo, afinal de contas, tempo é dinheiro, mas perder tempo às vezes custa mais do que aqueles 99 centavos de dólar que o jogo tá te cobrando pela próxima vida (afinal, são 30 minutos para recarregar uma vida).

Enfim, nesse caso eu acho que o jogo merecia sim ser “investigado” e forçado a pelo menos oferecer uma solução por fase jogada. Que ela seja aleatória, grande coisa, mas que o jogo seja baseado mais em habilidade do que naquela uma vez em que as peças saem direitinho e você não fica querendo atirar o celular na parede.

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2. Jogos infantis

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Vocês conhecem o jogo dos Smurfs para o iOS? Bom, ele ficou famoso por conter compras dentro do aplicativo. Como vocês sabem, crianças não têm a mínima noção de quanto o dinheiro vale e isso acabou gerando dores de cabeças gigantescas para alguns pais, como é relatado nesse post da PC Mag (em inglês) onde o aplicativo tem a cara de pau de cobrar SESSENTA dólares por um item no jogo.

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Eu não sei se eles chegaram a receber o dinheiro de volta, mas duvido muito disso, afinal de contas, os termos das lojas virtuais costumam proteger o desenvolvedor do jogo e não o consumidor. Em alguns casos isso evita a má fé, mas, repito, estamos falando de jogos infantis. Sejam honestos e cobrem pelo jogo de cara então ao invés de surpreender algumas pessoas com contas astronômicas.

3. Propaganda enganosa

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Conhece o jogo acima? Ele é só um exemplo de como a propaganda pode sacanear os jogadores. Aliens: Colonial Marines prometeu jogabilidade imersiva, suspense e uma série de coisas que não cumpriu, chegando a usar imagens no trailer que não correspondiam a absolutamente nada do que foi entregue. O resultado disso? Reviews ruins e só. Ah, e dois processos, um com uma multa bem ridícula e outro que ainda está rolando, mas fora isso e a choradeira nos fóruns, absolutamente nada.

O que acontece com um produto “da vida real” quando ele promete algo que não cumpre? Ele é tirado de circulação, ou a fabricante é multada e obrigada a se retratar, corrigir o problema etc. No mínimo isso era o que devia ter sido feito com a SEGA e a Gearbox.

4. Steam

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A Steam, menina dos olhos da maioria dos jogadores, tem uma puta sacanagem: é impossível arrepender-se da compra, indo de encontro ao código do consumidor sobre compras na internet, onde você tem até sete dias para desistir de uma compra. Preciso dizer mais? Antes de pagar, há uma aviso bem grande escrito que não tem choro, você tem que chegar 25 vezes a sua compra antes de fazer o pagamento, se errar, azar o seu.

Bom, amigos, esses são apenas alguns dos casos que eu acho que deveria haver algum tipo de intervenção. Antes de concluir, gostaria de dizer só mais uma coisa: a indústria de videogames é uma indústria com todos os sentidos da palavras, pessoas, trabalhos, cadeiras de distribuição E consumidores, mas infelizmente ela ainda sofre aquele preconceito de ser “coisa de criança” e muitas empresas abusam disso para sacanear os consumidores dela e é exatamente por isso que eu resolvi tocar nesse assunto hoje. Não acredito que vá haver consenso de opinião comigo em todos os casos, mas enfim, os comentários estão aí pra isso. Que comece o debate.

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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.