Uma das partes que eu mais gosto nos videogames é que eles fazem milhares (ou milhões) de pessoas passarem por exatamente a mesma experiência e a maioria delas tira conclusões diferentes sobre o que jogaram. Quantas vezes você e seus amigos não terminaram um jogo e quando foram conversar, as conclusões eram diferentes?
Lembro que depois de ter fechado o Spec Ops: The Line (review meu aqui), eu e o nosso queridão Rodrigo (o cara que faz os Sexta-Free e os Sound Test) ficamos um bom tempo discutindo os finais e o enredo do jogo. Apesar de ter algumas escolhas no caminho, Spec Ops é um jogo bem linear. Como poderíamos ter encontrado tantas diferenças no mesmo jogo?
Isso só pode ser coisa do demônio a habilidade natural dos jogos de nos fazer chegar a nossas próprias conclusões. Cada experiência é única, mesmo que ela seja a mesma para todo mundo. Cada um consegue extrair aprendizados e lições diferentes dos jogos e, indo para a parte que interessa, aqui está o que eu aprendi com os videogames.
1. Tente outra vez
Raul Seixas talvez não jogasse videogames, mas ele com certeza sabia o que a gente ia enfrentar quando jogasse. Poucos são os jogos que não exigem repetição de alguma ação para serem jogados. Em maior ou menor escala, você vai repetir comandos, combos, atividades e estratégias para vencer um jogo.
Jogadores da serie Souls sabem bem o que é isso, sendo obrigados a entender essa lição ou nunca completar o jogo. Aquele chefão difícil, aquela fase impossível, aquele cara que sempre te vence no Fifa. Você só ganha deles se tentar de novo. E de novo. E de novo. E de novo…
E assim é na vida real. O fracasso é o primeiro passo para o sucesso e, embora tenhamos situações na vida que não vão permitir uma segunda chance, sempre temos que seguir tentando e nos achando. No trabalho ou na escola, a melhor solução para uma coisa que deu errado é tentar novamente. (Tipo aquele exame ferrado de cálculo três. Estude novamente e vá melhor preparado!)
2. Preste atenção
Essa é fácil. Você tem que prestar atenção em tudo que faz nos jogos. Seja na hora de buscar um item especial, ou de esperar a hora certar de atacar um inimigo, se manter alerta é pré-requisito mínimo para que você seja um (feliz) jogador de videogame.
Em jogos de terror então, qualquer deslize e seu personagem será morto das maneiras mais tristes possíveis. Dar mole nos jogos não é uma opção.
Assim como aquele e-mail do seu chefe que caiu no spam e você não checou, ou a parte de trás da prova que você não viu. Ou o corte de cabelo novo de sua namorada…
Ou aquele carro que está vindo na contramão. Prestar atenção é vital. Quanto mais, mais longe você vai. Na vida e naquele puzzle desgraçado que você não consegue passar em Portal 2.
3. A vida não está dividida em pessoas boas e ruins
Eu sei. A maioria dos jogos te coloca no lado do mocinho da história, principalmente os mais antigos. Mas se você parar para pensar, vai ver que mesmo esses bastiões da bondade tinham que quebrar algumas regras para assegurar o bem maior. Não temos na vida real pessoas que são 100% do bem e pessoas que são 100% do mal. Aliás, podemos ter, mas são poucas.
A maioria das pessoas são tão boas quanto podem ser. E jogos como The Last of Us mostram isso muito bem. Na situação extrema em que o mundo se passa na história do jogo, matar um outro ser humano é plausível para garantir a sua segurança e seus familiares, assim como invadir casas alheias para roubar ferramentas e comida. Muitas vezes o bem estar de outras pessoas não pode estar na frente do seu bem estar e decisões complicadas tem de ser tomadas.
E essas decisões muitas vezes vão prejudicar o lado de alguém. Mas a vida é assim.
4. Veja o lado positivo
Muitas vezes os jogos não são aquela brastemp todas que esperávamos. Somos constantemente desapontados por hypes ou mesmo pegando jogos ruins e/ou que não são exatamente o que a gente pensava.
Tome Watch Dogs como exemplo. A maior crítica do jogo é que ele não é tão legal quanto aparentava ser pelos trailers. Não é nenhum caso de processo, como rolou no Alien: Colonial Marines, mas apenas uma decepção por não ter encontrado algo tão grandioso quanto se imaginava.
E mesmo assim, Watch Dogs é um bom jogo. Ele tem seus problemas, mas trás coisas novas e aproveita bem algumas coisas que já cansamos de ver. E é bem bacana ficar hackeando por aí e utilizando as câmeras para invadir um local sem ter que invadir de fato.
Assim como Takedown: Red Sabre que.. bom… er… Vamos para o próximo.
5. Faça exercícios
Sério. E não, Eric, eu não estou falando com você. Ou estou.
Mas sem brincadeiras, fazer exercícios é muito importante. E quem me ensinou isso foi GTA: San Andreas. Sim, existem outros jogos onde ficar bombado é uma opção, mas a parte legal do San Andreas é que a balança – literalmente – ia para os dois lados.
Você começava como o magriça e desnutrido CJ. Muitas passadas em fasts foods associadas com pouco exercício físico (nadar, correr, andar de bicicleta) e o CJ ficava completamente obeso. E não era só aparência, nosso CJ cheinho corria menos e por menos tempo, assim como tinha menos fôlego e andava de bicicleta como uma orca.
Mas se você praticasse exercícios regularmente, assim como ir um pouquinho na academia, seu personagem virava um Terry Crews pixelado, que era mais forte, mais ágil, mais resistente e mais badass que qualquer outro personagem da franquia.
Além de saúde, fazer exercícios físicos pode te deixar com mais autoestima e melhorar alguns aspectos da sua vida.
Só não vai sair injetando hormônio de cavalo que isso é cheat.
6. Força não é tudo
Pergunte a um jogador de Dark Souls o que ele ganha se pegar a arma mais foda do jogo e sair batendo por aí, sem se preocupar com estratégia ou o melhor tempo para atacar: uma morte dolorosamente merecida.
As vezes a gente tá tão encanado com uma coisa que quer que ela aconteça de qualquer jeito. E acaba usando a força para isso. Quem nunca isolou aquele pênalti porque achou que chutar com tudo era a melhor opção? Quem pratica artes marciais também sabe disso. Quase sempre, aliás, força bruta não resolve muita coisa.
Assim como em Dark Souls, nós temos que circular o problema e atacar no seu ponto mais vulnerável. Mais seguro, eficaz e as vezes até poupa seu tempo, já que você não vai ter que se recuperar de uma decisão errada.
7. O poder da amizade
Sim, ficou pouco hétero esse título, mas é bem por aí. Acho que a maior lição que eu aprendi com os jogos é que não importa o tamanho do problema, as coisas sempre melhoram quando se está acompanhado de bons amigos.
Pode até não dar certo e o problema não ser resolvido, mas pelo menos algumas risadas e alguns ombros amigos estarão lá para o caso do pior acontecer.
Você pode até conhecer aquele carinha hacker que te faz ganhar mais pontos, ou aquele cara bonzão que te leva nas costas durante as partidas – ou no trabalho da escola. Mas nenhum deles vai te proporcionar melhores momentos do que morrer infinitas vezes jogando Broforce com um amigo.
—
E é isso, jovens. O que vocês aprenderam com os videogames?
Comments are closed.