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Critical Hit: Nintendo fora do Brasil: de quem é a culpa?

Fala, galera, tudo bom com vocês? Como vocês viram na semana passada, a Nintendo disse sayonara para o Brasil e nós ficamos sem a distribuição de jogos e consoles oficial da companhia no nosso país. De quem é a culpa? É o que nós vamos analisar na minha coluna de hoje.

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Bom, deixa eu começar respondendo a pergunta rapidamente: é de todo mundo. E isso é um problema, porque quando a culpa é de todo mundo, na verdade ela é de ninguém, já que todo mundo vai apontar pro outro e dizer “mas ele também fez” e a vida vai seguir como se nada tivesse acontecido.

A culpa é da Nintendo por ter feito um péssimo serviço de marketing do Wii U e do 3DS aqui no Brasil. Faltavam unidades na maioria dos varejistas e as que tinham eram caras pra cacete, afastando assim os poucos interessados em ter um console de nova geração da Nintendo. No caso do 3DS, a oferta até era maior, mas simplesmente não valia a pena comprar no Ponto Frio ou no Submarino porque no Mercado Livre o mesmo portátil saía por um valor às vezes 300 reais mais em conta. Pior ainda no caso do 3DS XL, onde só alguém muito rico pra pagar 1200 reais nele. Simplesmente não valia a pena.

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Apesar do preço salgado no hardware, os jogos de 3DS ainda tinham um preço razoável no Brasil. 150 reais é bastante por um jogo, mas é menos do que os 200 reais costumeiros em jogos de console. Com essa saída, infelizmente não vamos mais pagar esse valor. Provavelmente iremos pagar mais pelos jogos, já que eles vão vir de importadoras, e isso é uma droga. Aqui é onde realmente vai doer pra quem tem um portátil da Nintendo. No caso do Wii U, continuava valendo a pena usar o truque de criar uma conta do eShop no Canadá e comprar tudo digital.

Um dos melhores lançamentos do ano passado
Um dos melhores lançamentos do ano passado

A culpa também é do Brasil por causa de dois motivos: dólar e impostos. Os impostos no Brasil são altos pra esse tipo de importação por um simples motivo: eles não são uma prioridade para o país. O Brasil é um país que necessita da entrada de dólares para se manter em pé e na pauta de importações do Brasil uma máquina de uma fábrica (algo que vai gerar empregos no país) é algo muito mais importante do que uma cacetada de cartuchos de um joguinho eletrônico. É por isso que não desoneram o setor. Seria só mais um dreno de dólares na nossa balança comercial (que fechou o ano de 2014 devendo uns 2 bilhões de dólares, ou seja, se do jeito que tá, já tá ruim, imagina dando mais um motivo pra piorar).

Além dos impostos, nós temos o dólar. Como vocês sabem, ele tem subido constantemente desde as eleições de 2014. Como o dólar sobe e o preço do jogo não sobe, a margem de lucro da companhia sofre. Chega um ponto em que simplesmente vale mais a pena investir esse dinheiro em outra coisa. A Apple, por exemplo, reajustou os preços de vários produtos deles recentemente exatamente por isso, pra se proteger do aumento do dólar.

Mas por que a Nintendo não começou a fabricar os jogos e os consoles dela por aqui como a Sony e a Microsoft fazem? Por causa da escala. Você precisa vender uma cacetada de unidades por mês pra justificar o investimento pelo mesmo motivo que eu acabei de dar ali em cima no dólar. Não é o caso do Wii U e talvez nem seja o caso do 3DS por aqui, logo, não vale a pena fazer esse tipo de investimento.

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Fechando a lista de culpados, também somos nós, que não demonstramos tanto interesse assim na Nintendo. A empresa teve um ano muito bom do ponto de vista criativo em 2014. Diversos excelentes jogos foram lançados para o Wii U. Ok, mais uma vez culpa dela em não nos convencer a compra-los, mas também culpa nossa por simplesmente não dar uma chance pro console. O Wii U é um baita console e quem o acompanhou em 2014 certamente foi beneficiado com uma boa gama de lançamentos que, e vejam que revolucionário, não precisavam ser remendados por semanas a fio após o seu lançamento. Surpreendente, né?

Enfim, a Nintendo disse que em breve voltará ao Brasil. Sabe-se lá quando. Essa não é a primeira vez que a companhia deu adeus ao país, e talvez não seja a última.

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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.