Atenção: spoilers sobre Gone Home, The Last of Us (incluindo o DLC) e The Walking Dead no texto.
Fala, galera, tudo bom com vocês? Quem aí está por dentro dos últimos acontecimentos do Gamer Gate e sobre como um movimento que havia sido iniciado com o objetivo de “qualificar o jornalismo de jogos” acabou virando uma tempestade de merda pra cima de mulheres, gays e basicamente tudo que não seja um cara de trinta e poucos anos, caucasiano e endurecido pelo combate através dos anos? Bom, o meu texto de hoje não é sobre isso, ou melhor, é e não é.
Mais cedo hoje, o Tico mandou um texto do site Overloadr sobre como o discurso da Emma Watson nos ajuda a entender o Gamer Gate (muito bom por sinal, vá lá ler) e eu comentei que tenho preguiça desse assunto porque, pra mim, é algo tão elementar que não precisaria ser discutido. O problema é que nem todo mundo pensa da mesma forma que eu e a ignorância muitas vezes acaba sendo materializada, como ontem, quando o Levy Fidelix abriu o bigode para despejar um monte de esgoto no debate (e não, aquilo não é uso da liberdade de expressão, liberdade de expressão é eu dizer que não gosto de batata, outra coisa é eu dizer que todas as batatas deveriam ser exterminadas da face da terra, isso é apologia ao batatacídio).
O que acontece afinal? Tem gente que acha que “o movimento gay/feminista/etc” vai tomar conta de tudo e esfregar revistas G Magazine na cara das crianças, para que elas, uns anos depois, comecem a sentir vontade de dar o cu, entrar na sala de casa e gritar pra mãe “AMIIIGA, TU NÃO VAI ACREDITAR NO QUE O BELTRONCIO ME DISSE HOJE” e afins. Não, gente, calma, não é assim que o mundo vai funcionar, bem longe disso, aliás. O que todos esses grupos lutam, basicamente, é para poder simplesmente viver suas vidas sem que ninguém encha o saco dessas pessoas dizendo que elas não podem (dentro do que é permitido pela lei, é claro) fazer isso ou aquilo, ou que essas pessoas se sintam constrangidas por causa de suas escolhas pessoais”. Ou seja, o casamento gay afeta você de alguma forma? Não, então que se casem, oras, é tão simples assim, não precisa ficar redigindo tratados e mais tratados a respeito.
O mesmo vale para jogos. Eu, particularmente, não gosto nem um pouco de Gone Home. Eu acho a história do jogo extremamente fraca e não é porque SPOILERS SPOILERS SPOILERS a garota é gay, é porque é uma história clichê, com um final com uma escolha idiota por parte da protagonista e, basicamente, porque acontece menos coisas no jogo do que na edição 31 do Critical Cast. E eu não sou homofóbico por criticar o jogo por causa disso. Se eu dissesse que era ridículo por ter gays, aí sim, mas não é o caso, é um jogo sobre uma garota gay que fugiu com a namorada porque ela achou que essa era a solução. Ok, pra mim ela é burra por ter escolhido essa solução e o jogo em si me deu sono. Ponto.
Por outro lado, há outras caracterizações de personagens gays que eu acho excelentes em jogos, como o Bill no The Last of Us. Ele não parece forçado na história “só porque tem que preencher a cota gay” no game. Não, ele é um personagem como qualquer outro, com suas idiossincrasias, seus problemas, etc e tal. E aí está mais uma das belezas do jogo, nada parece forçado aqui, os produtores aproveitaram-se de tudo o que a nossa sociedade tem a oferecer. Jogos não são mais do que uma pessoa usando a própria liberdade criativa para contar uma história de maneria interativa, por que não usar a riqueza de todos os grupos sociais possíveis num jogo? Você não precisa odiar o jogo por ele ter gays, lésbicas, negros e outros, isso não vai afetar a sua vida em nada. Assim como não é preciso pagar pau pro jogo só por ter isso e faltar o resto todo nele (olá, Gone Home).
E agora, depois de cinco parágrafos, chegamos ao que eu queria falar sobre Final Fantasy XV. Recentemente, Hajime Tabata (diretor do jogo após a saída de Tetsuya Nomura) disse que todos os personagens controláveis do jogo são homens. Ou seja, nada de pepecas no jogo, certo? Não necessariamente, só não serão parte do elenco principal do game. Por que isso? “Por que a Square Enix é machista, é claro!” Claro que não, seu idiota, a Square Enix lançou Final Fantasy XIII, XIII-2 e Lightning Returns com a Lightning de personagem principal. Ela não é obrigada a enfiar personagens mulheres nos seus jogos só pra preencher a cota. O diretor achou melhor não incluir mulheres, e eu não tenho nenhum problema com isso se for para que a história seja o melhor possível. Pior seria colocar uma mulher forçada no jogo e fazer um serviço meia boca ali só pra dizer “ok, não me encham o saco”.
E é exatamente assim que eu gostaria muito que a sociedade agisse. Feministas e afins não deveriam ficar incomodados com isso, há tantos outros jogos com mulheres com papel de destaque (tanto dessa companhia quanto de outras), assim como há jogos com gays surgindo por aí. E você não deveria ficar ofendido por causa disso. No que isso influencia a sua vida? Em nada. Obviamente, todos os jogos serão analisados de forma imparcial, sem preconceitos e receberão uma nota de acordo. Há tantas outras coisas para você esquentar a cabeça do que com a felicidade alheia, como por exemplo como passar do Ornstein e do Smough no Dark Souls sem a ajuda do Solaire, não é verdade?
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